Neste domingo, a consciência do povo brasileiro deve despertar mobilizada para defender a legalidade democrática e a manutenção das conquistas sociais.
Dia 17 de abril marca a votação do Impeachment e os 20 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Celebramos a memoria dos trabalhadores sem-terra de Carajás e tantos outros que foram assassinados na região amazônica na luta pela posse da terra.
Denunciamos, com a Comissão Pastoral da Terra, a nova onda de violência no município de Cujubim. Após a morte de nossos jovens Ruan e Alysson, agora, pistoleiros perseguem as testemunhas, camponeses, jornalistas, familiares.
A Semana dos Povos Indígenas, que estamos iniciando, tem por tema “Vida para todos e para sempre: a Mãe Terra clama pelo Bem Viver”. A mobilização das diversas etnias está acontecendo em todas as regiões do Brasil, a fim de evitar retrocessos e perda de direitos constitucionais.
Neste início de 2016, as comunidades indígenas têm sido vítimas de contínuas violências ligadas particularmente às suas lutas pela terra, retorno a territórios tradicionais (retomadas) e questões de terras que vão se arrastando por anos e décadas. “É um longo e secular calvário” (E.Heck).
No Ato Público que acontece hoje, a partir das 9h, na Pça das Três Caixas d’Água, estaremos presente para falar em defesa da Democracia, pois “o silêncio e a omissão também são responsáveis pela deterioração da democracia” enquanto “manifestações populares pacíficas contribuem para seu fortalecimento”.
A Declaração da CNBB sobre o momento nacional, de 13/04/2016, define a posição da Igreja e sua opção pelos “pobres e aqueles que sofrem (GS 1), frente à profunda crise ética, política, econômica e institucional pela qual passa o país e o povo brasileiro”. Quem paga pela corrupção? Certamente são os pobres, “os mártires da corrupção” (Papa Francisco).
A crise atual evidencia a necessidade de uma autêntica e profunda reforma política, que assegure efetiva participação popular, favoreça a autonomia dos Poderes da República, restaure a credibilidade das instituições, assegure a governabilidade e garanta os direitos sociais.
O bem da nação requer de todos a superação de interesses pessoais, partidários e corporativistas. A polarização de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera a perda de objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social.
Nosso povo está sendo conclamado a preservar os valores da convivência democrática, do respeito ao próximo, da tolerância e do sadio pluralismo, promovendo mobilizações e debate político com serenidade. “Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a se preocupar com a construção de um mundo melhor” (Papa Francisco).
Contemplamos hoje no rosto de nossa gente a caminhada de Cristo Pastor e a lição do seguimento e do verdadeiro sentido da autoridade. Devemos deixar-nos guiar por um Pastor que dá sua vida por nós, pois esta vida não é sua, mas a de Deus:
Minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem. Eu dou a elas vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém vai arrancá-las da minha mão. O Pai, que tudo entregou a mim, é maior do que todos. Ninguém pode arrancar coisa alguma da mão do Pai. O Pai e eu somos um (Jo 10,27-30).
A mão do Cristo é também a mão do Pai, pois eles são apenas um. Isto significa que nada no mundo pode nos impedir de seguir o Cristo. Diante do sofrimento, vamos encontrar sempre aí o Cristo crucificado. Cada uma das nossas mortes torna-se a sua, tendo como termo a vida eterna e a glória. A cruz do Cristo é a culminância da perversidade humana, é a superabundância do pecado. E é disto que o Cristo se utiliza para nos fazer entrar na vida. Aí o nosso mal perde o seu aguilhão mortal. A morte perece em sua própria vitória. Morte sim, mas autodestruição do mal. Não tenhamos, portanto, medo de mais nada. Eis-nos aqui diante da vida, diante de Deus, com as mãos vazias, sem títulos que fazer valer, sem méritos, sem justiça, mas se aceitamos esperar na paz, Ele é que encherá as nossas mãos (M.Domergue).
Na liturgia hoje oramos: “Que o rebanho na sua fragilidade alcance a fonte donde provém a força de seu Pastor”. Em Santo Domingo, também oramos: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, Bom Pastor e irmão nosso, nossa única opção é por Ti”. Anima-nos a nos comprometer numa promoção integral do povo latino-americano, a partir de uma evangélica e renovada opção preferencial pelos pobres e a serviço da vida e da família.
A leitura dos Atos dos Apóstolos fala do dinamismo da Igreja que vai ao encontro de todos indistintamente. Para os apóstolos, a decisão de proclamar o evangelho entre os gentios fundamenta-se numa ordem do Senhor (At 13,14.43-52). Uma Igreja em saída, conforme recomendação do papa Francisco na Exortação Evangelii Gaudium:
Somos todos chamados a esta nova “saída” missionária. Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas somos todos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.
Fiel ao modelo do Mestre é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo. O discípulo sabe oferecer a vida inteira e jogá-la até ao martírio como testemunho de Jesus Cristo e a comunidade evangelizadora celebra e festeja cada pequena vitória, fazendo avançar o bem (EG 20-24).
O Livro do Apocalipse traz imagens que, em seu conjunto, significam que a perseguição e os sofrimentos não têm a última palavra, não são a realidade última do ser humano (Ap 7,9.14b-17). Os mártires, por causa de sua fidelidade, agora estão diante do trono do Cordeiro vitorioso, realizando uma liturgia celeste. Nunca mais terão fome, porque lhes foi dado o fruto da árvore da vida. Não sentirão mais sede, pois o Cordeiro-pastor os conduz às fontes de água viva. E Deus enxugará todas as suas lágrimas.
Para este domingo do Bom pastor, no qual celebramos o 53º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, papa Francisco em sua Mensagem destaca a importância de experimentarmos a alegria de pertencer à Igreja, principalmente por ocasião do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
A conversão e a vocação são como que duas faces da mesma medalha, interdependentes continuamente em toda a vida do discípulo missionário. O chamado de Deus acontece através da mediação comunitária. Deus chama-nos a fazer parte da Igreja e, depois de certo amadurecimento nela, dá-nos uma vocação específica. O dinamismo eclesial da vocação é um antídoto contra a indiferença e o individualismo. Estabelece aquela comunhão onde a indiferença foi vencida pelo amor, porque exige que saiamos de nós mesmos, colocando a nossa existência ao serviço do desígnio de Deus e assumindo a situação histórica do seu povo santo.
Para o papa, a vocação nasce, cresce e é sustentada na Igreja. Quem consagrou a própria vida ao Senhor, está pronto a servir a Igreja onde esta tiver necessidade.
Que o Senhor conceda a todas as pessoas que estão realizando um caminho vocacional, uma profunda adesão à Igreja; e que o Espírito Santo reforce, nos Pastores e em todos os fiéis, a comunhão e o discernimento.
Que o Espírito Santo nos conceda comunidades cristãs vivas, fervorosas e felizes, que sejam fontes de vida fraterna e suscitem nos jovens o desejo de se consagrarem ao Senhor e à evangelização.
Que Maria, Mãe e educadora de Jesus, interceda por cada comunidade cristã, para que, tornada fecunda pelo Espírito Santo, seja fonte de vocações autênticas para o serviço do povo santo de Deus.
Ó Mãe Aparecida, vos pedimos: permanecei aqui, sempre acolhendo vossos filhos e filhas peregrinos, mas também ide conosco, estai sempre ao nosso lado
e acompanhai nossa missão, principalmente quando a cruz mais nos pesar, sustentai nossa esperança e nossa fé (papa Francisco).