Sábado, 12 de novembro de 2016 - 19h22
Estamos em clima de final de ano. O ano litúrgico se encerra no próximo domingo, confirmando que a Deus o tempo pertence e dele recebemos a esperança para bem viver este momento.
A leitura dos sinais do presente expressam urgência e responsabilidade quanto às mudanças e compromissos futuros. Acompanhando a situação do povo brasileiro, que cada vez mais é excluído de seus direitos: Terra Teto e Trabalho, constatamos a desintegração e a diminuição do Estado brasileiro, constantes rupturas no processo democrático, criminalização dos movimentos sociais.
A Proposta de Emenda à Constituição PEC 241/PEC 55, em tramitação no Senado, é injusta, antidemocrática e inconstitucional; significa a derrota de nossa democracia social; é prejudicial para a saúde pública, a educação, a previdência e os programas sociais; para os direitos trabalhistas e previdenciários; tira os pobres do orçamento.
A PEC 215 inviabiliza as demarcações de territórios indígenas e quilombolas e no Congresso Nacional, onde esta sendo submetida à aprovação, os inimigos destes povos são maioria.
Matopiba, programa de expansão da fronteira agrícola sobre o Cerrado, abrange áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O acordo celebrado por empresários japoneses com o governo brasileiro para investimentos e exploração agropecuária na região viola diretamente territórios dos povos indígenas, quilombolas e camponeses do Cerrado.
Matopiba abrange 73 milhões de hectares que incidem sobre 28 Terras Indígenas, 42 unidades de conservação ambiental, 865 assentamentos rurais e 34 territórios quilombolas, sem contabilizar os territórios que estão em processo de reconhecimento, delimitação, demarcação ou titulação, e que seriam ainda mais gravemente afetados pela pressão do agronegócio.
Para Dom Roque Paloschi (foto), arcebispo de Porto Velho e Presidente do Conselho Indigenista Missionário, em entrevista a Radio Vaticano, “Matopiba nos condena à destruição”. O Projeto vai atingir três biomas: a Amazônia, a Caatinga, e principalmente, o Cerrado. Vai causar o agravamento da pobreza e o abandono forçado dos territórios. Para os representantes do agronegócio, no entanto, os povos tradicionais, indígenas ou quilombolas, significam apenas um obstáculo ao desenvolvimento. Para eles, estas populações precisam ser expulsas e eliminadas, conclui dom Roque.
Representantes da Arquidiocese de Porto Velho, reunidos na 22ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral (Ariquemes, 5-6/11), analisaram a realidade e os desafios apresentados pela estrutura sócio-política, econômica e ambiental, sobretudo da Amazônia, destacando os pontos críticos que fragilizam a vida humana e o cuidado com nossa casa comum:
A agressão à criação por um modelo econômico predatório, o desmatamento e a mercantilização da vida e dos recursos naturais, o enriquecimento dos grandes mercados das armas, das drogas lícitas e ilícitas e do tráfico humano, que possuem grandes portas de entrada em nossa região, a má distribuição de renda, tão visível em nosso país;
O aumento do desemprego, do trabalho escravo e exploração do trabalho infantil e a violência generalizada, com os inúmeros conflitos na disputa pela terra, os altos índices de homicídio e, em especial, contra mulheres e a juventude; a mobilidade humana, do campo à cidade, e também ultrapassando as fronteiras nacionais, com destaque aos refugiados e imigrantes.
O aumento dos conflitos agrários, a exemplo do que ocorre no Vale do Jamari, onde os assassinatos são decorrentes da disputa pela terra; invasão das terras indígenas, por madeireiros, garimpeiros e loteamentos promovidos por agentes públicos, que se beneficiam de tais conflitos, a criminalização das lideranças e de movimentos sociais e o descaso com as populações urbanas, rurais, ribeirinhas e indígenas, com falta de políticas públicas no campo da educação, saúde, moradia e sustentabilidade.
Denunciando os projetos de morte, a exemplo da PEC 241 (tramitando no Senado como PEC 55), os grandes empreendimentos projetados para a região amazônica e a concentração de terra nas mãos de poucos, os delegados, na Carta Final da Assembleia, motivados pela palavra “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-o segundo a vontade de Deus” (Rm 12,1-2), assumiram o compromisso de ser Igreja solidária na defesa da vida junto às comunidades urbanas, rurais, tradicionais e povos indígenas (Plano Pastoral 2017-2020).
Neste penúltimo domingo do ano litúrgico, as leituras bíblicas alargam o horizonte e falam do “caminho rumo ao fim que todos nós temos que percorrer” (papa Francisco).
Celebramos com perspectivas da consumação do fim. O anúncio da vitória da vida está presente no último discurso de Jesus (Lc 21, 5-19). Sabemos ler os sinais dos tempos? Estamos preparados para um novo começo?
Enquanto caminhamos o Senhor nos aconselha duas coisas, que são diferentes segundo o modo como vivemos. Porque é diferente viver no momento e viver no tempo. O cristão é aquele que sabe viver o momento e o tempo. Podemos tornar-nos soberanos do momento, mas do tempo, há um só soberano: Jesus Cristo.
A realidade do fim deve nos despertar e nos levar a refletir sobre o que importa verdadeiramente, sobre o que fica e o que passa.
O profeta Malaquias nos ajuda a responder: a esperança ainda faz sentido? Ele, um “mensageiro de Deus” anuncia a uma comunidade desanimada que Deus não abandona seu Povo. O Deus libertador vai intervir no mundo, vai derrotar o que oprime e rouba a vida e vai fazer com que nasça o sol da justiça que traz a salvação (Ml 3,19-20a).
E, para os acomodados, Paulo Apóstolo dá o exemplo do trabalho para o próprio sustento, ensina-nos que devemos trabalhar com firmeza permanente (2Ts 3,7-12).
No próximo domingo, Festa de Cristo Rei, daremos inicio à Campanha da Evangelização com o tema: “Ele está no meio de nós”. Ao contemplar o Deus conosco, somos convidados a enxergar além do que vemos, percebendo as necessidades materiais e espirituais de nossas Comunidades Eclesiais e partilhando nossa solidariedade com as ações evangelizadoras da Igreja. O dia da Coleta para a evangelização será 11 de Dezembro.
No dia 20 vamos celebrar o Dia Nacional dos Cristãos Leigos, homens e mulheres de fé, chamados a assumir o compromisso de levar a palavra de Deus ao mundo.
Celebraremos com os leigos que atuam nas nossas comunidades com os casais cristãos que crescem na santidade familiar. Com as crianças que participam da catequese, que atuam na Infância Missionária, no serviço dos Coroinhas. Com os homens e mulheres que contribuem de forma indispensável na sociedade e nas responsabilidades pastorais. Com os jovens reafirmando a opção preferencial da Igreja pela juventude. Com os idosos que têm merecido atenção do Papa Francisco e dos recentes Sínodos da Família.
Queremos homenagear os cristãos leigos que fazem parte da coordenação das comunidades, que são agentes da pastoral, que participam ativamente dos serviços e ministérios. Que são líderes nas dioceses e movimentos. Que são articuladores nos movimentos, nas paroquias e nas pastorais.
Liderar é um ato de amor à Igreja. Entre tantos, há os que atuam nas pastorais e movimentos sociais, ONGs, partidos políticos, sindicatos, Conselhos de Políticas Públicas, como homens e mulheres da Igreja no coração do mundo (CNBB, doc 105).
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