Domingo, 19 de junho de 2016 - 08h05
Atenta ao futuro e consciente de que a cidadania deve ser construída e defendida a cada dia, sobretudo em tempos adversos, a Igreja, através da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, faz um apelo aos parlamentares para que não aprovem os projetos em tramitação no Congresso que “ameaçam conquistas e direitos de populações mais vulneráveis no país”, mais especificamente sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 2015/2000, com relação à demarcação de terras indígenas; a PEC 171/1993 que trata da redução da maioridade penal; o Projeto de Lei 3722/2012 sobre o Estatuto do Desarmamento.
A Nota do Conselho Permanente da CNBB, aprovada na 5ª feira, dia 16, é dirigida à população brasileira, em especial, aos atuais responsáveis pelo destino do país, para manifestar, mais uma vez, sua apreensão em relação à grave instabilidade institucional pela qual passa o Brasil.
Esta situação exige dos três poderes da República o cuidado corresponsável para preservar os fundamentos de nossa Democracia e para propor ações que assegurem e ampliem os direitos sociais já conquistados, sob pena de sacrificar ainda mais os pobres e excluídos.
Papa Francisco, em Cuba, afirmou que “a importância de um povo, de uma nação, de uma pessoa sempre se baseia no modo como serve à fragilidade de seus irmãos”. A maioria da população se acostumou a sofrer e a encontrar saídas como pode, mas chega a um ponto em que o sofrimento se torna insuportável, escreve Leonardo Boff.
O clamor dos pobres se faz carne em nós (EG 193), pois é no coração de Deus que eles ocupam lugar preferencial. Todo o caminho da nossa redenção está assinalado pelos pobres (EG 197).
Qual, portanto, o caminho quando a classe dominante tenta perpetuar no país a cultura da corrupção?
Qual o caminho quando famílias do povo Guarani-Kaiowá, do tekohá Tey Jusu, na região de Caarapó, no estado do Mato Grosso do Sul, são massacradas por fazendeiros (14/6), resultando no assassinato do jovem Clodieldo de Souza (Guarani-Kaiowá), em seis feridos à bala, inclusive uma criança de 12 anos baleada perpetuando a cultura da exclusão?
Cristo, no evangelho de hoje, demonstra que é preciso rever a ideia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações (Lc 9,18-24). Por isso, ele vai sofrer, ser rejeitado e morto; sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza (BP).
Cristo veio nos reunir e caminha conosco, no que de pior nos possa acontecer. Ele se inseriu na linhagem humana. Deus e a humanidade se fazem assim apenas um. Fruto da humanidade, homem por excelência, Ele é ao mesmo tempo expressão perfeita de Deus, “a imagem do Deus invisível” (Col 1,15), por Cristo e em Cristo, Deus desposa o destino do homem até o fim.
Odiado sem razão, foi sem razão que o Cristo amou a ponto de dar o que queriam tirar-lhe: a própria vida. Jesus anuncia aos discípulos que irá ao encontro do homem, até mesmo em sua última agonia. Aonde possamos ir, até na pior decadência, Cristo permanece o Emanuel, Deus conosco (M.Domergue).
O amor absoluto nos ultrapassa; Jesus nos convida a nos reunirmos com Ele no dom da vida: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga”.
A leitura do profeta Zacarias apresenta o sofrimento do povo que expressa a purificação do pecado e de encontro com o verdadeiro Deus que ouve a súplica do povo em crise (Zc 12,10-11) e se mostra extremamente solícito com o seu clamor. Deus mesmo vai purificá-lo, enviando-lhe um “espírito de graça e de súplica” para que todos voltem o olhar para ele (VP).
Na leitura da carta aos Gálatas, Paulo, o apóstolo das culturas, convida-nos a uma séria revisão: onde está a motivação fundamental que dirige a nossa vida cristã: numa série de observâncias mecânicas de leis e ritos ou no compromisso com Jesus, que se realiza através de amor responsável e criativo?
À população da região da Galácia, Paulo escreve que se tornou livre para assumir uma missão incondicional ao serviço das comunidades e das pessoas. Para o Professor em Ciências bíblicas, Isidoro Mazzarolo, OFMCap, esse é um imperativo assumido do qual o apóstolo já não pode abrir mão, visto que ele está ciente da grandeza da missão, da necessidade e da relação entre o anúncio do Reino e as condições de homens e mulheres esperando por ele. Dentro deste projeto, ele não pode vangloriar-se de sua missão e nem pretender recompensa.
A carta aos Gálatas foi definida como o manifesto da liberdade cristã e universalidade da Igreja. Daí a sua importância. Contudo, libertação de quê e para quê? Libertação de uma vida programada externamente por um minucioso código de regras e leis, que conservam o homem numa atitude infantil diante da vida. Libertação para uma vida adulta e consciente, graças ao uso responsável da liberdade. A vida do homem não deve ser determinada por um código de leis, mas por compromisso pessoal e íntimo com Cristo, que está presente no profundo do ser humano. A liberdade é conduzida pelo amor a si mesmo e aos outros, amor que é compromisso ativo com o crescimento do outro (BP).
No texto deste domingo (Gl 3,26-29), somos chamados a restabelecer a dignidade e a igualdade entre todos, superando as barreiras de raça, gênero e classe social. Paulo, ao anunciar a igualdade de todos no sistema do “Senhor Jesus”, afirma que o regime da lei judaica, que considerava o ser judeu um privilégio por causa da antiga Aliança com Abraão e Moisés, acabou e que a crucificação de Jesus, em nome desse regime antigo marcou a chegada de um regime novo.
Paulo nos ajuda a compreender o verdadeiro sentido do seguimento. O Filho de Deus se fez um de nós. Revelou o rosto misericordioso do Pai. Formou uma comunidade de discípulos. Ensinou-lhes o caminho do reino de Deus. Junto às pessoas excluídas, manifestou-lhes o poder de Deus que liberta, cura, perdoa, sacia… Jesus conta com os seus seguidores. Envia-os em missão para continuarem a sua obra. Não basta crer que ele é o Messias. Jesus assume o caminho da cruz, e não a postura triunfalista; solidariza-se com a dor da humanidade que anseia por libertação (VP).
Entre cristãos, é impossível perpetuar e aprofundar sempre mais o abismo que divide as pessoas social e culturalmente. Pelo batismo, mudamos de personalidade: somos todos iguais aos olhos de Deus, todos “seu filho querido”: não há mais homem e mulher, judeu e grego, senhor e escravo. Não deverá esta igualdade manifestar-se também numa sociedade que se chama cristã?
Todo mundo sabe que existem distinções e, muitas vezes, discriminações no tratamento social. O que fazemos com isso na Igreja, na comunidade de Cristo? Paulo anuncia a igualdade de todos no sistema do “Senhor Jesus”. Acabou o regime da lei judaica, que considerava o ser judeu um privilégio, por causa da antiga Aliança com Abraão e Moisés. A crucificação de Jesus, em nome desse regime antigo, marcou a chegada de um regime novo.
Neste novo sistema não importa ser judeu ou não judeu, escravo ou livre, homem ou mulher (branco ou negro, patrão ou operário, rico ou pobre). Mesmo não tendo chances iguais em termos de competição econômica e ascensão social, todos têm chances iguais no amor de Deus.
Este amor deve encarnar-se na comunidade inspirada pelo evangelho de Jesus, eliminando desigualdade e discriminação. Provocada pelas diferenças econômicas, sociais, culturais etc., a comunidade que está “em Cristo” testemunhará igual e indiscriminado carinho e fraternidade a todos, antecipando a plenitude da “paz” celeste para todos os destinatários do amor do Pai.
Na “caridade em Cristo”, o capital já não servirá para uma classe dominar a outra, mas para estar à disposição de todos que trabalham e produzem. A influência e o saber estarão a serviço do povo (J.Konings, SJ).
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