Sexta-feira, 13 de janeiro de 2012 - 12h29
Estamos encerrando o tempo litúrgico do Natal com a festa da Epifania, fazendo memória da adoração de Jesus pelos Reis Magos (Mt 2,1-12). Cristo nasceu para todos e os Magos confirmam essa verdade, pois sua visita representa a manifestação de Jesus a todos sem distinção de pessoas.
“Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para prestar-lhe homenagem”. Assim se expressaram alguns magos do Oriente ao chegarem a Jerusalém.
Esses reis orientais seguiram uma estrela que os levou a Jesus Cristo. Foram fieis ao caminho que sinalizava a estrela e desceram de Jerusalém a Belém. Finalmente a estrela parou e eles foram envolvidos no mistério de Deus que se fez presente numa criança: "viram o menino com Maria, sua mãe". Reconheceram nele o Messias esperado de todos os tempos, o Salvador de toda a humanidade, ao vê-Lo o adoraram. Aqui “o mistério” trata-se do projeto salvador de Deus, definido e elaborado desde sempre, escondido durante séculos, revelado e concretizado plenamente em Jesus, comunicado aos apóstolos e, nos “últimos tempos”, tornado presente no mundo pela Igreja (Ef 1,3-14).
Iniciamos o ano “levantando nossos olhos para Deus” e acolhendo o novo ano como "dom de Deus à humanidade”. Com o profeta Isaías, proclamamos a chegada da luz salvadora de Javé, que irá transfigurar Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo: “Levante-se, Jerusalém! Brilhe, pois chegou a sua luz, a glória do Senhor brilha sobre você” (Is 60,1-6).
Nesse texto de Isaías está a afirmação da eterna preocupação de Deus com a vida e a felicidade dos homens e mulheres criados por Ele. Sejam quais forem as voltas que a história dá, Deus está lá, vivo e presente, acompanhando a caminhada do seu Povo e oferecendo-lhe a vida definitiva. Esta fidelidade de Deus aquece-nos o coração e renova-nos a esperança… Caminhamos pela vida de cabeça levantada, confiando no amor infinito de Deus e na sua vontade de salvar e libertar o homem.
O projeto de libertação que Jesus veio apresentar aos homens é a luz que vence as trevas do pecado e da opressão e que dá ao mundo um rosto mais brilhante de vida e de esperança.
A nova Jerusalém que já “não necessita de sol nem de lua para iluminá-la, porque é iluminada pela glória de Deus” é a Igreja, a comunidade dos que aderiram a Jesus e acolheram a luz salvadora que Ele veio trazer (Ap 21,10-25).
Diante dos graves desafios que hoje enfrentamos quais as motivações que a Bíblia nos oferece para continuarmos a luta pela vida?
A esse questionamento, Carlos Mesters e Francisco Orofino afirmam que a profecia de Isaías (Is 65,17) sobre o “novo Céu e nova Terra”, nasceu na época do cativeiro como fruto de uma nova visão da criação e do universo que encheu o povo de nova esperança e que está ocorrendo hoje uma mudança na maneira de olharmos o universo.
A Bíblia pode ajudar-nos a mudar os olhos com que analisamos os desafios. Ela pode reforçar a esperança que nos anima na luta, dando-lhe um sabor de vitória.
Segundo os biblistas Mesters e Orofino, estamos numa virada da história como nunca tivemos antes. De um lado, a incrível depredação da natureza e, de outro lado, a descoberta progressiva da grandeza da natureza e do universo. Os contatos com as outras culturas e religiões, determinadas teorias, a descoberta dos segredos da natureza estão relativizando todos os nossos conhecimentos. Nossas motivações dogmáticas estão sendo relativizadas, as certezas que nos acompanhavam estão sendo questionadas. Mais do que nunca estamos sendo desafiados para aprofundar as motivações da nossa fé para além da forma tradicional a que fomos habituados.
Diz a Bíblia: No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas. Deus disse: "Que exista a luz!" E a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa. E Deus separou a luz das trevas: à luz Deus chamou "dia", e às trevas chamou "noite". Houve uma tarde e uma manhã: foi o primeiro dia. (Gn 1,1-4)
Assim começa na Bíblia a narrativa da criação. O povo pergunta: "Quanto tempo faz que houve esse princípio?" Pelas informações da própria Bíblia, tomadas ao pé da letra, seria em torno de seis mil anos. A ciência informa que o universo tem em torno de quatorze bilhões de anos.
A Bíblia diz que Deus colocou as estrelas no céu para servirem de lâmpadas durante a noite. “A grande lâmpada”, o sol, para iluminar o dia, e a “pequena lâmpada”, a lua, para iluminar a noite (Gn 1,16-18). A ciência informa que só dentro da nossa galáxia, chamada Via Láctea, existem mais de 100 bilhões de estrelas. O sol é apenas uma destas 100 bilhões de estrelas. É uma estrela relativamente pequena, situada na periferia da Via Láctea. Além da Via Láctea existem em torno de 100 bilhões de galáxias. Faça o cálculo! Há muito mais estrelas do que seres humanos em toda a história da humanidade! A ciência informa que o sol é um milhão de vezes maior que Terra. A cada segundo o sol gasta, gratuitamente, quatro milhões de toneladas de si mesmo para transformá-las em luz. É graças a esta luz, enviada para Terra, que nós existimos. Sem a luz do sol, a vida não teria sido possível. Ela jamais teria surgido na face da terra. O sol já presta este serviço há vários bilhões de anos e o combustível disponível no sol a ser transformado em luz ainda vai dar para mais uns quatro a cinco bilhões de anos.
Ao redor do nosso sol gira um determinado número de planetas como Marte, Vênus, Saturno, Júpiter e outros. Um deles é Terra, nossa terra. Solta no espaço, a Terra gira em torno do sol e é mantida no seu lugar pela invisível força da gravidade. Até hoje ninguém sabe explicar bem como esta força consegue manter tudo no seu lugar. Vênus fica mais perto do sol e, por isso, o calor demasiado faz com que nele a vida seja praticamente impossível. Não há água, só vapor. Marte fica mais longe do sol e por isso é frio e a vida não é possível. Um gelo só!
Uma evolução de bilhões de anos fez com que Terra, iluminada pela luz do sol, criasse condições para que a água pudesse aparecer e a vida pudesse nascer e desenvolver-se nas milhares de formas, desde as algas marinhas até à mente humana. Cada ser humano, nos nove meses que passa no seio de sua mãe, refaz esse longo processo da evolução de bilhões de anos.
Com esta breve reflexão, os biblistas respondem que tudo isto nos obriga a mudar o olhar, a mudar as atitudes, a ser menos pretensiosos, menos dogmáticos, menos antropocêntricos, mais humildes. Ao mesmo tempo, tudo isto nos ajuda a redescobrir a imensa grandeza da fé no Deus Criador que nos acolhe e aceita. Ajuda a reler a Bíblia e a Tradição e descobrir nelas outros aspectos de grande beleza e profundidade, jamais percebidas anteriormente.
Diante dos grandes desafios que hoje enfrentamos, percebemos que a Palavra de Deus nos ajuda a aprofundar nossas motivações, a lutar com mais garra pela vida e pela integridade da criação. No passado, nos momentos de maior desespero, sobretudo em época de perseguição por parte do império, quando o horizonte se apagava e a esperança corria perigo de esmorecer, a profecia assumia a forma de apocalipse e o povo começava a esperar e a lutar pelo fim do mundo, não do mundo em geral, mas sim pelo fim deste mundo de injustiça que persegue e mata a vida.
Hoje, os “magos” são apresentados como os “homens dos sinais”, que sabem ver na “estrela” o sinal da chegada da libertação. Viram a “estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
Os “magos” representam aqueles que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se prostram diante d’Ele (PPSCJ).
É a imagem da Igreja, essa nossa família de irmãos e irmãs, constituída por gente de muitas cores, raças e culturas, que aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.
Fonte: http://www.arquidiocese.com.br
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