Domingo, 3 de julho de 2016 - 00h04
Dentre os 25 arcebispos contemplados para receber o pálio durante a missa presidida pelo papa Francisco, na Basílica Vaticana, no dia 29 de junho estava nosso Arcebispo, Dom Roque Paloschi, que também é Presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e membro da Rede Eclesial Pan-Amazônica.
O pálio é símbolo do serviço, unidade e comunhão na própria Província Eclesiástica e com a Sé Apostólica. Em 2015, papa Francisco modificou a modalidade de entrega do pálio aos novos arcebispos para que a cerimonia fosse realizada nas respectivas arquidioceses pelo Núncio Apostólico do país, dando maior evidência a relação do novo arcebispo com a Igreja local e possibilidade dos fiéis, clero, bispos estarem presentes.
Durante a audiência com o papa, dom Roque entregou ao papa o Relatório de Violência contra os Povos Indígenas e uma carta, na qual agradeceu ao pontífice sua atenção à questão indígena, destacando os principais desafios enfrentados pelos povos indígenas no Brasil.
Vivemos no Brasil uma situação desesperadora diante do sofrimento dos nossos primeiros habitantes; a indiferença, o avanço dos grandes projetos do agronegócio, a construção das grandes hidrelétricas, a mineração, e a devastação do meio ambiente em geral. Isso tudo traz consequências desastrosas aos povos indígenas.
A ONU tem denunciado em particular a violência contra os Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul, que tem visto o direito às suas terras ser negado, além de sofrerem repetidas violências de grupos paramilitares e o continuado descaso do próprio Estado. Estudiosos chegam a afirmar haver um genocídio do povo Guarani Kaiowá.
Trago aqui o relatório de violência contra os povos indígenas, produzido pelo CIMI. Santo Padre, isso só nos entristece e nos envergonha como brasileiros e cristãos. Mas posso lhe assegurar que há um grande número de missionários que vivem martirialmente junto aos povos indígenas, na defesa da vida e da criação.
A Liturgia convida-nos a celebrar hoje a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, embora o dia 29 de junho continue sendo o dia tradicionalmente comemorado em todos os lugares. Transferida para o domingo, a celebração de São Pedro e São Paulo, patronos da Igreja, fortalece a nossa fé e nos une numa só família.
A Igreja, fundada sobre o martírio destes dois Apóstolos, louva o Senhor por estas duas testemunhas gloriosas e pelo dom da fé. Pedro foi o primeiro que confessou que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Paulo difundiu este anúncio no mundo greco-romano. E a Providência quis que os dois viessem a Roma e aqui derramassem o sangue pela fé. Por isso a Igreja de Roma tornou-se, imediata e espontaneamente, o ponto de referência para todas as Igrejas espalhadas no mundo. Não pelo poder do Império, mas pela força do martírio, pelo testemunho dado a Cristo! No fundo, é sempre e só o amor de Cristo que gera a fé e faz com que a Igreja vá em frente (papa Francisco).
O evangelho deste domingo apresenta Pedro como a pedra da Igreja. Jesus dá a Simão o nome de Pedro (Pedra), que sugere solidez: Simão deve ser a “pedra” (rocha) que dará solidez à comunidade de Jesus (Mt 16, 13-19).
Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo (BP).
A festa de hoje é popularmente reconhecida como o dia do papa, sucessor de Pedro. Mas não podemos esquecer que, ao lado de Pedro, é celebrado também Paulo, o apóstolo e missionário por excelência.
O livro dos Atos dos Apóstolos destaca Pedro, fundamento institucional da Igreja, que é libertado da prisão pelo anjo do Senhor (At 12,1-11).
Se Pedro aparece como fundamento institucional da Igreja, Paulo aparece mais na qualidade de fundador carismático (Konings). Sua vocação se dá na visão do Cristo no caminho de Damasco: de perseguidor, transforma-se em mensageiro de Cristo; “apóstolo”. É ele que realiza, por excelência, a missão dos apóstolos, de serem testemunhas de Cristo “até aos extremos da terra”.
As cartas a Tímóteo, escritas da prisão em Roma, são a prova disto (de Roma o Evangelho vai se difundir por todo o mundo). Paulo é o “apóstolo das nações”. No fim da sua vida, oferece sua vida como “oferenda adequada” a Deus, assim como ele ensinou. Como Pedro, ele experimenta Deus que o liberta da tribulação (2Tm 4,6-8.17-18).
Para papa Francisco o ministério petrino é guiado pelo verbo “confirmar”:
Confirmar na fé: A fé em Cristo é a luz da nossa vida de cristãos e de ministros na Igreja!
Confirmar no amor: Deixar-nos consumar pelo Evangelho, fazendo-nos tudo para todos.
Confirmar na unidade: Na Igreja, a variedade, que é uma grande riqueza, sempre se funde na harmonia da unidade, como um grande mosaico onde todos os ladrilhos concorrem para formar o único grande desígnio de Deus. E isto deve impelir a superar sempre todo o conflito que possa ferir o corpo da Igreja. Unidos nas diferenças: não há outra estrada para nos unirmos. Este é o espírito cristão: unir-se nas diferenças. Este é o caminho de Jesus!
Na solene celebração dos santos Pedro e Paulo (dia 29), papa Francisco em sua homilia destaca “a oração, como humilde entrega a Deus e à sua santa vontade” e como uma “via de saída dos nossos fechamentos pessoais e comunitários”. A oração permite que a graça abra uma via de saída: do fechamento à abertura, do medo à coragem, da tristeza à alegria. E podemos acrescentar: da divisão à unidade.
Neste dia do Papa, percebemos que a Igreja, com o papa Francisco, vai assumindo um novo rosto: mais democrático e descentralizado. Segundo o teólogo Antonio Moser, que faleceu recentemente, “somente por meio da descentralização se faz possível a transparência, verdadeiro escudo contra a corrupção”.
Para Moser, “uma das raízes históricas mais profundas da corrupção encontra-se na concentração do poder” e a descentralização “parece ser um dos grandes segredos dos bons governos”.
Nesse tempo de desconstrução do Estado democrático e de dificuldade em combater a corrupção, contatamos descaso frente aos avanços sociais e um retrocesso nas áreas da Cultura, Direitos Humanos, Mulheres, Juventude e Igualdade Racial, dentre outras.
Nosso povo está aprendendo a “tirar lições da corrupção naturalizada no Brasil e que finalmente foi desmascarada”. Resistir em defesa da democracia significa dizer “não” à dependência de um Brasil injusto e desigual.
As urnas são sempre o melhor confessionário e a melhor vingança contra a política dos sem escrúpulos” (J. Arias/Jornal El País).
As urnas são a delação premiada da sociedade contra os corruptos do poder.
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