Hoje, dia do Médico, nossa homenagem e saudação aos abnegados médicos que abraçam a missão de promover a saúde, curar a doença e aliviar o sofrimento nos hospitais das grandes cidades, pequenos municípios e nas pequeninas comunidades espalhadas pela imensa Amazônia. Como São Lucas, “o médico amado” (Col 4,14) e São Camilo, nossos médicos cooperam na obra de Deus criador e glorificam a Deus no corpo humano!
Nossa benção, preces e a mensagem do papa João Paulo II: Ao contributo insubstituível da vossa profissão, acrescentai o “coração”, o único capaz de humanizar as estruturas. Vivificai o serviço com a oração constante a Deus, “amante da vida” (Sb 11,26), recordando sempre que a oração, em última instância, vem do Altíssimo (Sir 38,1-2).
A noticia da nomeação de Dom Roque Paloschi para a Arquidiocese de Porto Velho (14/10) chega na mesma semana que acontece a Assembleia dos Bispos do Regional Noroeste da CNBB (16 a 18/10), proporcionando-nos grande alegria e renovada esperança. Somos gratos a Deus por nos ter enviado um bispo missionário na pessoa de Dom Esmeraldo Farias, no período de 30 de novembro de 2011 a 18 de março de 2015 e, agora, por nos enviar um bispo identificado com a Amazônia, com a Causa Indígena, com os pobres e suas lutas por direitos e justiça.
Dom Roque foi bispo de Roraima por 10 anos e presidente do regional Norte 1 da CNBB de 2011 a 2015; atualmente é o presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e membro da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam).
A Igreja peregrina em Porto Velho, tecida pela fé e coragem de seu povo, pela fidelidade de seus pastores e missionários, acolhe Dom Roque Paloschi, “homem de fé e de esperança que não engana” (Rm 5,5), de comprovado “espírito missionário, enviado por Deus, senhor da História (1Tm 1,17), para edificar a Igreja no lugar e no tempo e momento que o Pai fixou com a sua autoridade” (At 1,7; AS 39-40).
Ele, que esteve conosco no 12º Intereclesial de 2009, está muito próximo do perfil de bispo delineado pelo papa Francisco: “Pastor próximo do povo, pai e irmão, manso, paciente e misericordioso; pobre, simples e austero; capaz de vigiar a grei que lhe é confiada e de mantê-la unida”. O Senhor não abandona a sua Igreja; no coração do Pastor o povo encontra espaço. Quanto mais intensa for a comunhão, tanto mais favorecida será a missão (PG 22).
Recentemente disse dom Roque em uma entrevista: Somos uma Igreja de comunhão; Igreja em saída, uma igreja samaritana, Igreja servidora. Como bispo, preciso caminhar com Pedro, porque sou chamado a caminhar em comunhão.
A liturgia de hoje apresenta um novo paradigma de autoridade (IHu) e centraliza sua mensagem no perfil dos seguidores de Jesus, que devem aprender com seu Mestre, a ser solidários com o sofrimento do povo e viver o serviço e a doação.
Neste tempo conturbado de poder, riqueza, corrupção, criminalização das minorias e movimentos sociais e desconstrução da democracia, “a leitura da morte e ressurreição de Jesus à luz do profeta Isaias nos leva a crer que sua vitória sobre a morte desautoriza qualquer forma de opressão entre as pessoas e se torna o ponto de partida para a vitória dos humilhados” (VP; Is 53, 10-11).
O evangelho de Marcos questiona a busca de privilégios dentro da comunidade e na sociedade (Mc 10, 35-45). Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Na nova sociedade que Jesus projeta a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum (BP).
A Carta aos Hebreus apresenta Jesus plenamente solidário conosco, presente nas lutas do povo (VP). Acentua que exatamente a participação de Jesus nos mais profundo abismo da condição humana, exceto o pecado, qualifica-o para ser o melhor sacerdote (Hb 4, 14-16); um sacerdote que não está do outro lado mas que participa conosco, e, mais, dirá ainda que este sacerdote não precisa de sacrifícios alheios à nossa condição humana, mas torna sua própria vida instrumento de salvação (Konings).
Celebramos neste domingo dentro da Campanha Missionaria, que tem como tema “Missão é servir” e como lema “Quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos” (Mc 10,44), extraído do Evangelho hoje proclamado, o Dia Mundial das Missões e a Coleta Missionária, gesto concreto em favor das ações missionárias em todo o mundo. Estas ofertas formam o Fundo Universal para as Missões, administrado pela Congregação para a Evangelização dos Povos e ajudam as Igrejas em situações difíceis e de maior necessidade; desse modo, a coleta expressa o compromisso de cada cristão de colaborar no trabalho evangelizador da Igreja no mundo inteiro.
Desde a CF/2007 sobre a Amazônia, muitas Igrejas irmãs dedicam uma semana de reflexão sobre a missão na Amazônia. Sobre este tema, escreveu Dom Antonio Possamai, bispo emérito de Ji-Paraná, que reside entre nós:
A Igreja que está na Amazônia, tem desde suas origens o dom de falar diversas línguas. Os missionários começaram a falar as línguas dos povos que aqui residiam desde muitos séculos; são quase quatro séculos que está acontecendo este milagre das línguas. O Evangelho foi sendo anunciado nas línguas tupi, guarani, tucano, yanomami, ribeirinha, seringueira, castanheira, nas diversas línguas dos povos migrantes. Atualmente está enfrentando o desafio de aprender a falar a língua urbana, já que a maioria dos povos habita nossas cidades. O Espírito Santo não deixa de estar presente e continua ensinando a falar línguas diversas. O que está faltando no tempo atual é gente para falar estas línguas. Por isso “esperamos em novo Pentecostes que renove nossa alegria e nossa esperança” (Dap 362).
Os dias 16 e 17 de outubro são marcados pelo Dia Mundial da Alimentação e pelo Dia Internacional de Erradicação da Pobreza e ainda por todos os sinais da desigualdade: 29 países apresentam níveis alarmantes de fome.
Para eliminar a fome não é suficiente superar as carências com ajudas e doações a quantos vivem situações de emergência. Ao contrário, é preciso mudar o paradigma das políticas de ajuda e de desenvolvimento, modificar as regras internacionais em matéria de produção e comércio dos produtos agrícolas, garantindo aos países onde a agricultura representa a base da economia e da sobrevivência uma autodeterminação do próprio mercado agrícola.
Defender as comunidades rurais face às graves ameaças determinadas pela ação humana ou aos desastres naturais não deve ser apenas uma estratégia, mas uma ação permanente finalizada a favorecer a sua participação na tomada de decisões, a tornar acessíveis tecnologias apropriadas e a expandir o seu uso, sempre no respeito pelo meio ambiente natural. Agir deste modo pode modificar a forma de efetuar a cooperação internacional e ajudar os famintos e subalimentados.
Nunca como neste momento o mundo precisou de tanta unidade entre as pessoas e Nações para superar as divisões existentes e os atuais conflitos, e, sobretudo, para procurar vias de saída concretas de uma crise global, mas cujo peso incide em maior medida sobre os pobres. Demonstra isto precisamente a insegurança alimentar: se é verdade que diz respeito em medidas diferentes a todos os países, ela atinge em maior grau primeiro e mais que outras a parte mais frágil da população mundial.
Pensemos nos homens e mulheres, de todas as idades e condições, que são vítimas de conflitos sanguinolentos e das suas consequências de destruição e miséria, entre as quais a falta de uma casa, de curas médicas e de educação. Até perder qualquer esperança numa vida digna. Em relação a elas temos obrigações, antes de tudo de solidariedade e de partilha (Papa Francisco).
No Vaticano, continua a acontecer a 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre “a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Neste domingo, os pais de Santa Terezinha do Menino Jesus, padroeira das Missões, o casal Ludovico Martin e Maria Azelia Guerin, estão sendo canonizados; eles são sinal e recordação de que é possível viver a santidade em família.