Sábado, 9 de julho de 2016 - 20h29
A 31ª Jornada Mundial da Juventude acontece neste mês, na cidade de Cracóvia, capital da região de Malopolska, sul da Polônia, de 26 a 31 de julho.
Preparada durante três anos é uma sequencia da Jornada 2013 realizada no Rio de Janeiro. A JMJ 2016 será realizada dentro do Ano da Misericórdia, instituído pelo Papa Francisco, portanto, tem como tema a misericórdia e como lema: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5,7).
São esperados para este grande evento da juventude mundial dois milhões de jovens de mais de 150 países. Fazem parte da delegação do Brasil jovens dos movimentos, das comunidades e Pastoral da Juventude. De 20 a 25 de julho, acontecem as jornadas diocesanas nas 43 Dioceses polonesas; após a cerimônia de abertura (dia 26), será realizado o Festival da juventude; dia 28, a presença do Papa, Via Sacra no dia 29; no dia 30 a vigília, e no dia 31 de julho, a missa de encerramento com o envio e o anúncio da próxima edição internacional da JMJ.
Para esta Jornada, papa Francisco convocou os jovens a refletirem: em 2014: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque o reino dos céus é deles”; em 2015: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”; em 2016 o tema de Cracóvia: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”.
“Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5,3):
Na mensagem de 2013 o papa faz memoria da JMJ do Rio, “grande festa de fé e fraternidade” e fala da força revolucionária das Bem-aventuranças. Jesus se apresenta “como mestre divino e prega o caminho da vida; aquele caminho que Ele mesmo percorre, ou melhor, que é Ele mesmo, e propõe-no como caminho da verdadeira felicidade”.
A 1ª Bem-aventurança declara “felizes os pobres em espírito”. Num tempo em que muitas pessoas penam por causa da crise econômica pode parecer inoportuno entender pobreza e felicidade. Francisco de Assis compreendeu muito bem o segredo desta Bem-aventurança e viveu a imitação de Cristo pobre e o amor pelos pobres de modo indivisível, como as duas faces duma mesma moeda.
Como é possível fazer com que esta pobreza em espírito se transforme em estilo de vida, incida concretamente na nossa existência? O Senhor chama-nos a um estilo de vida evangélico caracterizado pela sobriedade, chama-nos a não ceder à cultura do consumo. Trata-se de buscar a essencialidade, aprender a despojarmo-nos de tantas coisas supérfluas e inúteis que nos sufocam. Em segundo lugar, para viver esta Bem-aventurança todos necessitamos de conversão em relação aos pobres. Perante antigas e novas formas de pobreza: o desemprego, a emigração, muitas dependências dos mais variados tipos, temos o dever de permanecer vigilantes e conscientes, vencendo a tentação da indiferença.
O Senhor quer uma Igreja pobre, que evangelize os pobres. A pobreza evangélica é condição fundamental para que o Reino de Deus se estenda.
“Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). Deus colocou no coração de cada homem e de cada mulher um desejo irreprimível de felicidade, de plenitude. Nos Salmos, encontramos o grito que a humanidade, desde as profundezas da sua alma, dirige a Deus: “Quem nos dará a felicidade? Resplandeça sobre nós, Senhor, a luz do vosso rosto!” (Sal 4,7).
Na sua infinita bondade, o Pai responde a esta súplica com o envio do seu Filho. Em Jesus, Deus assume um rosto humano. Com a sua encarnação, vida, morte e ressurreição, redime-nos do pecado e abre-nos horizontes novos, até então inconcebíveis.
A felicidade passa pela pureza de coração, brota dum coração puro. Cada um de nós deve aprender a discernir aquilo que pode “contaminar” o seu coração, formando em si mesmo uma consciência reta e sensível, capaz de discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito (Rm 12, 2).
Não devemos ter medo dum amor verdadeiro, aquele que nos ensina Jesus e que São Paulo descreve assim: “O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará” (1 Cor 13,4-8).
“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). A 3ª reflexão (2016) insere-se na temática do Jubileu da Misericórdia. Jesus Cristo veio anunciar e realizar o tempo perene da graça do Senhor, levando a boa nova aos pobres, a liberdade aos prisioneiros, a vista aos cegos e a libertação aos oprimidos (Lc 4,18-19). Nele, especialmente no seu Mistério Pascal, realiza-se plenamente o sentido mais profundo do jubileu.
No conceito bíblico de misericórdia está incluída também a valência concreta dum amor que é fiel, gratuito e sabe perdoar. Na misericórdia está sempre incluído o perdão; a misericórdia divina “não é uma ideia abstrata, mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de um pai e de uma mãe que se comovem pelo próprio filho. Provém do íntimo como um sentimento profundo, feito de ternura e compaixão, de indulgência e perdão” (MV 6).
A misericórdia de Deus é muito concreta, e todos nós somos chamados a fazer experiência dela pessoalmente. A misericórdia de Nosso Senhor manifesta-se, sobretudo quando Se debruça sobre a miséria humana e demonstra a sua compaixão por quem precisa de compreensão, cura e perdão.
A cruz é o sinal mais eloquente da misericórdia de Deus. Atesta-nos que a medida do amor de Deus pela humanidade é amar sem medida. Na cruz, podemos tocar a misericórdia de Deus e deixar-nos tocar pela sua própria misericórdia.
A exemplo do Senhor que nos envolve com a sua misericórdia, devemos ser instrumentos desta mesma misericórdia para com o nosso próximo.
No Evangelho deste domingo, com o Bom Samaritano, uma porta imensa se abre: o nosso próximo pode ser qualquer um não importa quem, sem distinção alguma de proximidade geográfica, de parentesco, de raça, religião, etc.
“Quem é o meu próximo?”, pergunta o mestre da lei. A resposta virá somente no final: o teu próximo é quem se move para te ajudar (Lc 10,1-12.17-20). O Samaritano, de quem não se dá o nome e que é definido apenas por sua qualidade de ser um estrangeiro, tinha a Palavra “ao seu alcance, em sua boca e em seu coração” (Is 66,10-14c).
Mesmo que ignore sem dúvida a sua forma bíblica, que se resume no “mandamento do amor”, este bem-querer que deseja que o outro viva, assim mesmo do jeitinho que ele é, e que seja feliz (M.Domergue).
O homem ferido é um desconhecido: seu único título, para ser ajudado, é simplesmente ter necessidade de ajuda. O Samaritano então se faz próximo.
Cristo aproveita para convidar o Doutor da Lei: “Vai e faze a mesma coisa”. Fazer com que os outros vivam é o que nos mantém vivos. Todo homem, qualquer que seja ele, mesmo estando muito longe de nós, por sua cultura e seus valores morais, torna-se próximo nosso quando nos aproximamos dele.
Cristo identificou-se com todas as nossas vítimas, com todas as vítimas das tragédias naturais e injustiças, das enchentes e barragens, dos conflitos agrários e indígenas, da doença e sofrimento.
Ao nos fazermos “próximos” destas, nos tornamos próximos d’Ele. O amor que Ele nos trouxe pode agora nos levar até Ele: amor este que tem o nome de Espírito.
Vamos até Ele sim, mas somente passando através dos outros. Desta forma, finalmente, o amor a Deus “de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força” confunde-se com o amor a Cristo e com o amor a todos com quem nos encontramos de verdade e que têm necessidade de nós. Um passa pelo outro.
Imitemos a Deus que nos quer e nos ama da forma como somos. Amar a Deus, amar o Cristo, amar os outros, amar-nos a nós mesmos, são termos todos eles intercambiáveis, ao menos quando se trata de amor verdadeiro. Só nos amamos de fato quando fazemos dos outros o nosso próximo.
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