Sábado, 9 de julho de 2011 - 07h38
São destaques nesta semana, a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da Arquidiocese de Porto Velho, na 1ª. Sexta Feira do mês, dia 1º de julho, e a 9ª edição da Romaria da Terra e das Águas de Rondônia, no domingo, dia 10 de julho.
A Catedral de Porto Velho, que pulsa no ritmo do Coração de Jesus, faz parte da devoção e da história de fé do povo de Rondônia, desde sua pedra fundamental em 1917, quando foi consagrada ao Sagrado Coração de Jesus, por Dom João Irineu Joffely, Bispo diocesano do Amazonas. Portanto esse é um dia de Ação de Graças para a nossa arquidiocese que se reúne para festejar 94 anos de evangelização a serviço do Reino de Deus, sob a proteção do Coração misericordioso de Jesus, lembrando que a Igreja já estava aqui presente, séculos antes.
A Romaria ao Distrito de Iata, município de Guajará-Mirim tem como motivação principal os gritos da água e da terra. O tema: “A Água e o verde, vida do Planeta” e o lema: “A Criação geme em dores de parto”(Rm 8,22) reafirmam os objetivos da Campanha da Fraternidade de 2011.
A nossa Arquidiocese de Porto Velho tem a imensa alegria de acolher em sua Catedral os peregrinos e devotos de todos os municípios de Rondônia, a partir das 21h do dia 9 de julho. Após a celebração de Envio e a Benção de Dom Moacyr, demais bispos presentes e presbíteros, todos os romeiros iniciarão a viagem em direção ao Distrito de Iata. São 20 ônibus que sairão da Catedral, provenientes das Paróquias e Rede de Comunidades Eclesiais de Base. Outras dezenas de ônibus virão das dioceses de Ji-Paraná e do Regional Sul da diocese de Guajará-Mirim (cone Sul de Rondônia). Aqui nos encontraremos com as delegações de Humaitá e Lábrea e no caminho com os romeiros de Rio Branco e Cruzeiro do Sul.
E quando amanhecer o domingo, as Comunidades de Nova Mamoré acolherão os peregrinos para a Oração e o Café da Manhã. Às 7h30, inicio da Romaria, com uma extensa programação, que inclui cantos, orações, momentos penitenciais e de louvor, atos ecumênicos, música, cultura, partilha e confraternização, testemunhos e denuncias, culminando com a Celebração Eucarística às 13h junto à Igreja Nossa Senhora das Graças, construída por Dom Rey, no distrito de Iata.
A base da Igreja continua sendo a mesma dos últimos trinta anos: o povo das periferias urbanas e zonas rurais que se organiza para expressar a fé cristã a partir das comunidades de vizinhança (P. Ribeiro). CEBs que celebram e rezam sem deixar de lutar. Mas se antes era um rosto mais rural, hoje 85% da população encontra-se nas zonas urbanas. Nesta Romaria, os desafios ecológicos estão sintetizados nos cinco clamores do 12º Intereclesial: o grito da terra e da água, das cidades e da floresta, sobretudo, das comunidades tradicionais.
O grito da terra significa a nossa tomada de consciência quanto ao grito da mãe terra, nossa casa comum; é a constatação de que a terra permanece concentrada no Brasil. A falta de reforma agrária fomenta a violência, inibe a oportunidade de renda para milhares de famílias de trabalhadores rurais e aumenta a tensão sobre os territórios das comunidades tradicionais, cujas populações defendem seus direitos seculares, querem seus territórios reconhecidos e legalizados. São históricas as lutas indígenas para a demarcação de suas terras. Os ribeirinhos buscam e estão, aos poucos, conseguindo a concessão comunitária do uso de suas terras. As populações negras querem que seu território étnico seja legitimado. Seringueiros e castanheiros lutam pelas reservas extrativistas. Colonos e posseiros exigem que seus lotes sejam devidamente titulados. Populações sem terra lutam por uma reforma agrária que acabe com o latifúndio e para que os governos destinem as terras públicas e devolutas à criação de novos assentamentos, como determina a Constituição Brasileira e pretendem políticas públicas eficazes para seu funcionamento.
Não se sustenta a visão veiculada pelos desenvolvimentistas que questionam as reivindicações territoriais das populações tradicionais, sobretudo dos povos indígenas, alegando que eles são poucos e ocupam terra demais. A realidade nos mostra que mais de 25.000 latifundiários ocupam um território equivalente ao que é ocupado pelas populações indígenas, negras e caboclas, que totalizam mais de 2 milhões de pessoas! Questionam a política ambiental dos governos dizendo que as áreas protegidas são grandes demais, mas não dizem que a área grilada é quase igual. Esta grilagem, em inúmeros casos, provoca violentos conflitos com as populações tradicionais. Estes conflitos, que a CPT vem registrando fielmente nos últimos 20 anos, já causaram muitas dores, violência, destruição e morte: entre 1985 e 2005, só na Amazônia, foram assassinadas, quase sempre impunemente, 933 pessoas em conflitos de terra. E nesta Romaria, vamos lembrar os casos mais recentes, ocorridos neste ano.
O Grito das Águas vai acontecer no Distrito de Iata, em Guajará Mirim, às margens do Rio Mamoré, pois boa parte desta vila poderá ser alagada se for construída a grande Usina Hidrelétrica de Guajará Mirim, prevista na Cachoeira do Ribeirão. Bem próximo, na Bolívia também tem o projeto da Usina de Cachuela Esperanza.
Desde o dia em que ficou sabendo da construção das usinas hidrelétricas do Complexo Madeira(Jirau e Santo Antonio) e a Binacional Brasil-Bolívia, Dona Conceição Alves não teve mais tranquilidade. Há quase 25 anos, quando ainda era criança, a líder comunitária foi obrigada, junto com sua família, a abandonar a sua casa para dar espaço à construção da Usina Hidrelétrica de Samuel. E agora corre o risco de deixar novamente o local onde vive. "Colocaram a gente em cima de uns caminhões, no meio de cachorros, galinhas, porcos. Quando chegamos em Candeias do Jamari (a cidade mais próxima de onde moravam) eles largaram a gente lá. Nós ficamos embaixo do pé de árvore. Armamos umas barraquinhas com lona e ficamos lá uma porção de tempo", lembra D. Conceição em seu depoimento a uma emissora holandesa (RNW). Atualmente, ela vive na Vila do Araras, que dista cerca de 240 quilômetros de Porto Velho, quase na fronteira com a Bolívia.
A Vila do Araras também fica próxima da cachoeira de Ribeirão, para onde está projetada a Usina Hidrelétrica Binacional Guajará-Mirim, motivo pelo qual Conceição acredita estar ameaçada: "você luta com tanto sacrifício e faz a sua casa. Aí, daqui mais uns dias, chega alguém e diz 'olha, tu vai sair da tua casa'. E a tua dignidade, para onde foi? Não há dinheiro nenhum que pague a tua dignidade, as tuas raízes".
O nome do distrito de Guajará Mirim vem do Rio Yata, afluente do Rio Mamoré, que atravessa o departamento de Beni. No Iata, a antiga Estação da Ferrovia Madeira Mamoré, construída em 1914. Em 1943, o Presidente Vargas, criou a Colônia Agrícola do Iata, com objetivo de fornecer alimentos aos soldados da borracha. Tanto a Colônia do Iata, quanto as demais vilas agrícolas criadas a partir dos povoados surgidos nos arredores das estações e galpões da Estrada de Ferro MM, praticaram uma agricultura campesina bem-sucedida, aliada à pesca e ao extrativismo florestal. Quando a Ferrovia foi desativada, em 1971, a comunidade ficou fora da rota da Rodovia BR 425. Os pequenos agricultores foram substituídos pouco a pouco pelas fazendas de gado de corte.
São mais de 20 Romarias da Terra (da Água/Floresta) acontecendo no Brasil, todos os anos. Que a nossa decisão de caminhar em direção ao IATA em Romaria seja a expressão de fé de um coração peregrino que busca fortalecer sua missão e construir uma sociedade mais justa e solidária. E num clima de festa e compromisso, alegria e partilha possamos celebrar e manter viva a memória daqueles que nos precederam doando suas vidas, a exemplo de Jesus, pelas Causas da Vida e do Reino.
Fonte: Pascom
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