Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Dom Moacyr

Grito por direitos e reforma política!


 
Quando a CNBB convocou as entidades da sociedade civil para propor o Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Reforma Política, a Coalizão pela Reforma Democrática e Eleições Limpas iniciou a Campanha e Coleta de assinaturas em favor do projeto. O que une tantas entidades é o consenso de pontos fundamentais presentes no projeto.Grito por direitos e reforma política! - Gente de Opinião

Destacamos no conjunto de propostas do Projeto de Lei: a proibição do financiamento de campanha por empresa. Instauração do financiamento democrático de campanha, constituído do financiamento público e de contribuição de pessoa física limitada a R$ 700,00. Adoção do sistema de “voto transparente” pela introdução de dois turnos de votação também nas eleições proporcionais (deputados e vereadores): o eleitor vota primeiramente no partido e depois escolhe um dos nomes da lista; alternância de gênero nas listas de candidatos do item anterior. Regulamentação dos instrumentos da Democracia Participativa, reduzindo-se as exigências para a sua realização e facilitando-se sua tramitação no Congresso; fortalecimento e democratização dos partidos, para impor programas partidários efetivos e vinculantes; aumento da participação política de afrodescendentes e indígenas; criação de instrumentos que assegurem equilíbrio do pleito entre todos os partidos e candidatos (Ihu).

Atualmente, a população vota, mas quem elege é o poder econômico, pois o candidato pode ser financiado por empresas; por isso, a proibição do financiamento de campanha eleitoral por empresas está incluída no projeto. Dessa forma, o candidato eleito deixará de defender interesses corporativos para atender o povo que o elegeu.

Enquanto a Coalizão pela Reforma Democrática e Eleições Limpas promove a coleta de assinaturas em favor do projeto de Lei de Iniciativa Popular, a Plenária Nacional dos Movimentos Sociais Brasileiros organiza o Plebiscito Popular em favor da convocação de uma Constituinte exclusiva. São duas iniciativas da sociedade civil de grande valor, que se reforçam mutuamente, sem divergências ou contradições entre elas.

A proposta da Plenária Nacional dos Movimentos Sociais Brasileiros visa realizar um Plebiscito Popular sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusivamente para fazer a Reforma Política. Embora não tenha valor jurídico, por não ser reconhecido oficialmente, o plebiscito tem força moral quando recolhe um número significativo de votos. Basta lembrar o resultado positivo dos plebiscitos populares sobre a Dívida Externa e sobre a ALCA, que se converteram em força de pressão da sociedade sobre o governo. Também este poderá ser um valioso instrumento em favor da convocação de uma Assembleia Constituinte capaz de fazer a Reforma Política sem submeter-se aos interesses corporativos dos membros do Congresso Nacional. Como quem organiza o plebiscito popular é o povo, ele não tem valor legal, mas tem peso político na correlação de forças. Comitês populares e outros locais foram criados para organizar a campanha de votação do Plebiscito e a coleta de assinaturas da iniciativa popular de 01 a 07 de setembro.

Para o sociólogo e consultor do ISER, Pedro Ribeiro de Oliveira, que nos ajuda a refletir o tema, as duas propostas se complementam: a 1ª busca efetividade, pois projeto de lei de iniciativa popular respaldado por quase dois milhões de assinaturas tem muito peso no Congresso. A 2ª promove a conscientização política, trazendo para toda a sociedade o debate de questões que a mídia insiste em esconder ou deturpar. Como não existe contradição, temos que unir forças evitando qualquer desqualificação das propostas.

O 20º Grito dos Excluídos programado para o dia 7 de setembro tem como tema neste ano: “Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos”. O tema está ligado à Campanha da Fraternidade de 2014: “Fraternidade e Tráfico Humano”.

Serão vários gritos para denunciar as desigualdades sociais em todo o país. Visam fortalecer tanto a Campanha e Coleta de assinaturas em favor do Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Reforma Política como o Plebiscito Popular em prol da convocação de uma Constituinte organizada pelos Movimentos Sociais.

Historicamente, o Grito dos Excluídos se define como um conjunto de manifestações populares realizadas no Dia da Pátria, a fim de chamar à atenção da sociedade para as condições de crescente exclusão social na sociedade brasileira. É um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz protestos e anseios por mudanças. É um espaço de animação popular e profecia, sempre aberto e plural a pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos.

Constitui-se numa mobilização com três sentidos: denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social; tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome; propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos.

As atividades são as mais variadas: atos públicos e ecumênicos, romarias, celebrações especiais, seminários e cursos de reflexão, blocos na rua, caminhadas, teatro, música, dança, feiras de economia solidária, acampamentos, e se estendem por todo o território nacional.

O Grito nasceu de duas fontes distintas, mas, complementares. De um lado, teve origem no Setor Pastoral Social da CNBB como uma forma de dar continuidade à reflexão da CF de 1995, cujo tema era “Fraternidade e Excluídos”. De outro lado, brotou da necessidade de concretizar os debates da 2ª Semana Social Brasileira (1993-1994), com o tema “Brasil, alternativas e protagonistas”.

Apesar de ter surgido nas bases da Igreja Católica, através do Grito dos Excluídos os agentes e lideranças das diversas entidades, movimentos sociais, CEBs e organizações abrem um canal visível, amplo e democrático para dar voz e vez aos excluídos das mais diversas áreas, congregando várias causas.

Em setembro do ano passado, a 5ª Semana Social Brasileira, ao debater sobre o “Estado para que e para quem”, deu vez ao conjunto da sociedade, bem como dos povos e comunidades impactadas pelas políticas do Estado, em sintonia com os clamores das ruas e suas reivindicações, reconhecendo que estes são novos sujeitos políticos no processo de construção da sociedade, mediante a solidariedade, fraternidade e sustentabilidade para garantir vida plena às gerações presentes e futuras.

Reconhecendo os avanços que a sociedade conquistou nas últimas décadas, conscientes de que essas vitórias estão ameaçadas, os participantes se comprometeram na refundação de um Estado de inclusão e de igualdade social. O protagonismo dos movimentos sociais garantirá um Estado que se fundamente na democracia direta, participativa e representativa.

Os sinais de esperança presentes na sociedade e nas igrejas apontam para uma nova sociedade, fortalecem nossa fé e o nosso compromisso de promover a formação para a cidadania, apoiando a proposta da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas e da convocação de um plebiscito para uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva.

Compromisso de apoiar a Reforma Agrária, a agricultura familiar e agroecológica; o reconhecimento dos territórios dos Povos Originários e Comunidades Tradicionais: camponeses, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, extrativistas, recicladores, e demais grupos sociais fragilizados, cujos direitos são garantidos pela Constituição Federal e que não são cumpridos.

Compromisso de garantir a efetivação dos Conselhos de Juventudes para o controle social das políticas públicas; assumir a campanha contra o extermínio de jovens, principalmente pobres e negros; contra a redução da maioridade penal e a violência às mulheres. Incentivar políticas de defesa civil, com participação da sociedade, para a prevenção dos impactos socioambientais dos projetos desenvolvimentistas e a proteção e garantia de direitos das populações afetadas (Carta Final da 5ª SSB).

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Pentecostes: Comunidades de rosto humano!

Pentecostes: Comunidades de rosto humano!

Palavra de Dom Moacyr Grechi – Arcebispo Emérito de Porto Velho

Páscoa do povo brasileiro - Por Dom Moacyr Grechi

Páscoa do povo brasileiro - Por Dom Moacyr Grechi

Hoje reafirmamos a nossa fé na ressurreição de Cristo; somos uma Igreja Pascal. Na oração do Credo, proclamamos a ressurreição dos mortos e a vida ete

Verdade libertadora! Por Dom Moacyr Grechi

Verdade libertadora! Por Dom Moacyr Grechi

  A Igreja, convocada a fortalecer o povo de Deus na atual conjuntura, é chamada a estar ao lado daqueles “que perderam a esperança e a confiança no B

Lugar seguro para viver! - Por Dom Moacyr Grechi

Lugar seguro para viver! - Por Dom Moacyr Grechi

  Diante do aumento da violência agrária que atinge trabalhadores rurais, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pescadores artesanais, defensores de di

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)