Sexta-feira, 12 de novembro de 2010 - 22h03
A Arquidiocese de Porto Velho está reunida em Assembléia para avaliar a caminhada pastoral e fortalecer seu espírito missionário. É um espaço de comunhão e de continuidade aos trabalhos dos missionários, agentes de pastoral e pastores que nos antecederam, com respostas atuais aos novos desafios de nossa realidade. Conosco o Assessor, Pe. Manoel Godoy, diretor executivo do Instituto de Filosofia e Teologia Santo Tomás de Aquino, de Belo Horizonte, nossos párocos e representantes de todas as paróquias.
Percebemos que mesmo durante a preparação, esta Assembléia vem exigindo de cada um de nós uma postura de conversão pessoal diante do seguimento a Jesus Cristo e da conversão pastoral em nossas estruturas que nos impede de realizar nossas ações evangelizadoras como também a adesão daqueles que nós representamos nesta Assembléia. Trata-se de renovar a consciência da identidade e da missão de nossa Igreja presente neste chão amazônico de Rondônia, contextualizando as mudanças que interpelam as formas de existir e de agir de nossas comunidades eclesiais.
Constatamos a vitalidade da Igreja e “como o Espírito tem continuado a rejuvenescer a Igreja, suscitando novas energias de santidade e de participação em tantos fiéis leigos” (ChL 2). O planejamento participativo proporciona às comunidades eclesiais instrumentos de análise da prática e de desenvolvimento de um processo dinâmico de qualificação da ação.
Há um consenso de que as atuais Diretrizes Arquidiocesanas da Ação Pastoral e Evangelizadora orientam a caminhada da Igreja e são fruto de um trabalho conjunto, mantém a unidade entre as comunidades, estão em sintonia com as Diretrizes da CNBB e as linhas de ação da Conferencia de Aparecida; expressam na pastoral de conjunto um único projeto de evangelização. Elas contribuem para que a Arquidiocese de Porto Velho seja uma Igreja Missionária dentro da realidade amazônica.
Encontramos nas próprias Diretrizes o significado avaliativo dentro do planejamento, pois a Igreja assumiu a conversão como um imperativo inerente à sua própria missão de evangelizar e não é possível haver conversão sem uma autoconsciência crítica, que exige permanente avaliação do que é feito para aprimorar progressivamente o agir.
O Papa Paulo VI escreveu na Exortação Evangelii Nuntiandi que da “fidelidade à mensagem da qual nós somos os servidores e às pessoas a quem nós devemos transmiti-la intacta e viva, constitui o eixo central da evangelização” no entanto, devemos nos perguntar: “O que é que é feito, em nossos dias, daquela energia escondida da Boa Nova, suscetível de impressionar profundamente as consciências? Até que ponto e como é que essa força evangélica está em condições de transformar verdadeiramente as pessoas? Quais os métodos que hão de ser seguidos para proclamar com eficácia o Evangelho?” (EN 4)
O sentido missionário da Igreja está nas CEBs, defendeu dom Edson Damian, na última assembléia dos bispos, em Brasília. Elas garantem a unidade na Igreja entre fé e vida, oração e compromisso político e só existe missão quando se constroem comunidades. Não existe missão sem construir e envolver comunidades. É na comunidade que estão presentes os pais, os filhos e as pessoas que exercem os ministérios. Toda verdadeira missão deve nascer na comunidade, fortalecer e vivificar nossas comunidades. Eis aí o sentido missionário da Igreja.
A esperança cristã apoia-nos num empenhamento profundo a favor da nova evangelização e da missão universal. São inúmeros os espaços humanos e culturais, aonde o anúncio evangélico ainda não chegou. A causa missionária deve ser, para nós como para toda a Igreja, a primeira de todas as causas, porque diz respeito ao destino eterno dos homens e responde ao desígnio misterioso e misericordioso de Deus. Deus prepara uma grande primavera cristã, a primavera do Evangelho. (RM 86)
Ao reafirmar que as Comunidades Eclesiais de Base continuam sendo um “sinal da vitalidade da Igreja” (RM 51), a Igreja afirma no documento 92 da CNBB, que “os discípulos e as discípulas de Cristo nelas se reúnem para uma atenta escuta da Palavra de Deus, para a busca de relações mais fraternas, para celebrar os mistérios cristãos em sua vida e para assumir o compromisso de transformação da sociedade. Além disso, como afirma Medellín, as comunidades de base são “o primeiro e fundamental núcleo eclesial, célula inicial da estrutura eclesial e foco de evangelização e, atualmente, fator primordial da promoção humana” (Md 15).
No entender do documento de Aparecida, segundo C.Caliman, a vida cristã tem estruturalmente uma realização comunitária, ou seja, eclesial. A fé em Jesus Cristo nos chegou através da comunidade eclesial. Isso significa que uma dimensão constitutiva do acontecimento cristão é o fato de pertencer a uma comunidade concreta (DAp 156). Ela, pois, tem a primazia sobre os Movimentos eclesiais, quaisquer que sejam. E ainda: a comunidade de fé pertence à estrutura permanente da Igreja. Todos nascemos para a fé na comunidade dos discípulos de Jesus Cristo. Já os movimentos eclesiais respondem a impulsos históricos, culturais e religiosos, que são conjunturais. Eles podem deixar de existir. A comunidade eclesial, como realidade estrutural, continua.
Devemos lembrar que o fundamento da comunhão eclesial é o ato de fé. E este não se liga a lugares, mas a pessoas. O ato de fé nos abre à dimensão universal da ação salvífica de Deus, abrindo o sujeito da fé para o outro. A comunidade de fé não é mera abstração no tempo e no espaço. Ela deve “dar-se um lugar” na história para compor e recompor a rede de significantes e significados que dão sentido ao ser cristão. Essa história é longa de dois mil anos: desde as “comunidades da casa” (Igreja domestica), às “comunidades de vizinhança” (paróquias), às “pequenas comunidades” de hoje (dentre as quais vale ressaltar a experiência da Igreja na América Latina das CEBs), às “comunidades de vida” e, porque não dizer, às “comunidades virtuais” dos “habitantes” do espaço virtual. (C.Caliman)
O importante é que a “comunidade cristã” nunca está pronta e acabada. Ela é um projeto que cada geração deve trabalhar na fidelidade ao Evangelho, no espaço humano de cada Igreja particular, de cada paróquia, de cada comunidade, por pequena que seja.
Por isso, “como pastores, atentos à vida da Igreja em nossa sociedade, queremos olhar as Comunidades Eclesiais de Base com carinho, estar à sua escuta e tentar descobrir através de sua vida, tão intimamente ligada à história do povo no qual elas estão inseridas, o caminho que se abre diante delas para o futuro” (CNBB 25,5).
A experiência das CEBs não surgiu de um planejamento prévio, mas de um impulso renovador, como um sopro do Espírito, já presente na Igreja no Brasil. Os tempos se tornaram maduros para uma nova consciência histórica e eclesial. E na sua experiência já amadurecida, as CEBs querem ser Igreja como o Concílio Vaticano II desejou: uma Igreja toda ministerial a serviço do Reino de Deus. Os membros das CEBs são discípulos/as de Cristo e ajudam a formar outras comunidades. Em meio a grandes extensões geográficas e populacionais, a comunidade eclesial de base requer que as relações sejam de fraternidade, partilha de vida, de bens e da própria experiência de fé. Ela deve provocar um encontro permanente com a Palavra de Deus e celebrar na liturgia, na alegria e na festa, a salvação que Jesus Cristo nos trouxe.
Em comunhão com outras células vivas da Igreja, comunidades de discípulos e discípulas geradas pelo encontro com Jesus Cristo, Palavra feito carne (Jo 1,14), como são os movimentos, as novas comunidades, as pequenas comunidades, que integram a rede de comunidades que a paróquia é chamada a ser, reafirmamos aqui o que está escrito no Doc. 25,94 da CNBB: “..desejamos agradecer a Deus pelo dom que as CEBs são para a vida da Igreja no Brasil, pela união existente entre os nossos irmãos e seus pastores, e pela esperança de que este novo modo de ser Igreja vá se tornando sempre mais fermento de renovação em nossa sociedade” (doc.CNBB 92)
Fonte: Pascom
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