Sexta-feira, 1 de julho de 2011 - 18h30
Ao completar 50 anos de sacerdócio, no dia 29 de junho de 2011, juntamente com todos os presbíteros, religiosos e religiosas, catequistas e agentes de pastoral e todo o povo de Deus, presente nas mais longínquas comunidades eclesiais de base, ribeirinhas e rurais, todas as paróquias próximas e municípios da Arquidiocese de Porto Velho, unido a todos os familiares e confrades e a todos os irmãos e irmãs de caminhada, desta amada Igreja da Amazônia, sem esquecer jamais os companheiros e companheiras do Acre, queremos celebrar e agradecer a Deus o dom do sacerdócio, e acima de tudo, a alegria de ser cristão com todos vocês!
O caminho espiritual de um padre, assim como o do bispo, e de todo o fiel cristão, tem sem dúvida a sua raiz na graça sacramental do Batismo e da Confirmação. Esta graça irmana-nos com todos os fiéis, pois, como observa o Concílio Vaticano II, “os cristãos de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade”. Aqui se aplica de modo especial a afirmação bem conhecida de Santo Agostinho, que já tive oportunidade de citá-la outras vezes, cheia de realismo e sabedoria sobrenatural: “Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou Bispo; convosco sou cristão. Aquilo é um dever; isto, uma graça. O primeiro é um perigo; o segundo, salvação”.
O lema: “O ultimo de todos e o servo de todos” (Mc 9,35) marca a trajetória de um padre e bispo que fez sua opção pela Amazônia e que dos 63 anos completos na Ordem dos Servos de Maria, 40 anos foram concretizados a serviço da diocese de Rio Branco e da arquidiocese de Porto Velho. “O servo confia plenamente no Pai e sabe que a missão consiste em realizar a vontade daquele que o enviou. Por isso, ele se despoja de tudo para ser obediente, pois o fundamental é realizar a missão, mesmo que tenha de passar por muitos sofrimentos” (E.Farias).
Na Celebração de Corpus Christi refletimos mais uma vez a grandiosidade da Quinta-feira Santa, dia da Eucaristia e do Sacerdócio. No dia dos apóstolos Pedro e Paulo, queremos de modo particular, agradecer ao Senhor especialmente pelo dom da Eucaristia e do sacerdócio: “Dom e mistério”(EE7). Recordar todas as pequeninas capelas da floresta amazônica que tivemos a graça de celebrar Eucaristia, “a paixão, morte e ressurreição de Jesus”, a páscoa do Ressuscitado, a páscoa e a libertação do povo de Deus.
Este cenário tão variado das minhas celebrações eucarísticas faz-me experimentar intensamente o seu caráter universal e, por assim dizer, cósmico. Sim, cósmico! Porque mesmo quando tem lugar no pequeno altar duma igreja da aldeia, a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo. Une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação. O Filho de Deus fez-Se homem para, num supremo ato de louvor, devolver toda a criação Àquele que a fez surgir do nada. Assim, Ele, o sumo e eterno Sacerdote, entrando com o sangue da sua cruz no santuário eterno, devolve ao Criador e Pai toda a criação redimida. Fá-lo através do ministério sacerdotal da Igreja, para glória da Santíssima Trindade. Verdadeiramente este é o “mysterium fidei” que se realiza na Eucaristia: o mundo saído das mãos de Deus criador volta a Ele redimido por Cristo (EE8)
Nesta celebração do Jubileu Sacerdotal, queremos deixar uma mensagem aos jovens chamados ao sacerdócio, e a testemunhar o evangelho a serviço de Deus e de seu povo, que busquem inspiração em Maria, Mãe e Serva do Senhor, pois somos chamados a estar aos pés das infinitas cruzes da humanidade para levar conforto e cooperação redentora.
Somos padres porque Jesus Cristo nos quis tais, nos chamou e assim nos amou, e ainda nos quer assim e nos ama sempre, Ele que é fiel no amor. O sentido da nossa vida, a razão verdadeira da nossa vocação não está em alguma coisa, talvez até a coisa mais bela do mundo, mas em Alguém: este Alguém é Ele, o Senhor Jesus. Somos padres porque um dia Ele nos alcançou e nos chamou (B.Forte).
O que mantém viva a vocação sacerdotal é o fato de o sacerdote estar com o povo e as comunidades nas encruzilhadas da vida. Quantas vezes fomos chamados para colocar na criança a “primeira camisa”, no batismo! Quantas vezes fomos chamados para aquelas pessoas que vestiram a “última camisa”, quando ilustração e razão, dinheiro e prestígio deixaram o barco! Quantas travessias acompanhamos para dizer o parabéns aos nubentes, o talita kum aos doentes (lavanta-te!), o “paz e bem” aos aflitos e o perdão aos pecadores (P.Suess).
Nessas travessias, não só representamos, mas tocamos o Ressuscitado revestido com sua glória e suas chagas, que são também as nossas. “Ecce Pascha, ecce transitus!” (“Eis a Páscoa, eis o trânsito!”) resumiu Santo Agostinho, paixão e ressurreição de Jesus, em seu comentário ao Evangelho de S. João. Na ressurreição de Jesus Messias, a sua paixão não se tornou passado. Está presente em suas chagas. O “êxodo”, que prometeu um caminho incerto, tornou-se “trânsito”. No “trânsito”, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29), tornou-se o caminho (Jo 14,6).
Reafirmamos nossa fé na Palavra de Jesus e na força do Espírito Santo, que é o Pai dos pobres e o protagonista da nossa missão evangelizadora; na força dos pequenos e dos que sofrem, que é luz para o mundo; na causa dos menores abandonados, dos desempregados, dos povos indígenas, dos sem-terra e dos migrantes; na sua força histórica e no seu futuro; em nossa missão, que é gratuita, local, integral e universal; na possibilidade de transformações que farão emergir um mundo novo para todos; em nossos companheiros de caminhada, os quais um carrega o fardo do outro; no perdão recíproco dos que caminham conosco e com os quais partilhamos a utopia da causa maior do Reino (P.Suess).
Continuaremos em nosso sacerdócio acreditando em nós como pessoas articuladas numa comunidade missionária e sacerdotal que é uma comunidade de interpretação e transformação do mundo. Em tudo que deu sentido à nossa vida: a graça de Deus, a luta que continua e a nossa resistência, que não foi e nem será em vão.
Fonte: Pascom
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