Sábado, 29 de outubro de 2016 - 20h01
Estamos iniciando uma semana “iluminada pela fé na Ressurreição”: a Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração de todos os fiéis defuntos nos ajudarão a refletir sobre a meta final da nossa peregrinação terrena.
O Dia de Finados desperta em cada um de nós a consciência para a realidade da morte, nos abre para o mistério da existência humana e nos ajuda a redescobrir a nossa identidade.
Celebraremos Missas em sufrágio de nossos entes queridos, os quais Deus chamou para junto de si; vamos rever seus rostos, que nos são familiares, citaremos seus nomes, na certeza consoladora de que eles “estão escritos no Céu” (Lc 10,20) e nas palavras de Jesus: “Quero que onde Eu estiver, estejam também comigo aqueles que Tu me confiaste, para que contemplem a minha glória” (Jo 17,24).
Recordar os nomes destes nossos irmãos na fé remete-nos para o sacramento do Batismo, que marcou para cada um deles, assim como para cada cristão, a entrada na comunhão dos santos (Bento XVI).
A fé na Ressurreição está vinculada ao diálogo entre Deus e o seu povo, que acompanha a caminhada do povo de Deus na história. Para papa Francisco, não causa admiração que um mistério tão grandioso e tão sobre-humano como o da Ressurreição tenha exigido todo o tempo necessário, até chegar a Jesus Cristo.
Ele pode dizer: “Eu sou a Ressurreição e a Vida” (Jo 11,25), porque nele este mistério não apenas se revela plenamente, mas também se concretiza e se realiza, tornando-se definitivamente realidade. A narração de sua morte e a do sepulcro vazio representa o ápice de todo esse caminho: é o acontecimento da Ressurreição, que corresponde à longa busca do povo de Deus, à procura de cada homem e da humanidade inteira.
Cada um de nós é convidado a entrar neste acontecimento. Somos chamados a estar primeiro diante da Cruz de Cristo, como Maria, como as mulheres, como o centurião; a ouvir o clamor de Jesus, o seu último suspiro, e finalmente o silêncio que se prolonga durante o sábado inteiro. Depois, somos chamados a ir ao túmulo, para ver que a grande pedra foi removida; para ouvir o anúncio: “Ele ressuscitou, já não está aqui” (Mc 16,6).
Aqui está a resposta. Aqui está o fundamento, a rocha. Não em persuasivos discursos, mas na palavra viva da Cruz e da Ressurreição de Jesus. É o que prega o Apóstolo Paulo: Se Ele não ressuscitou, a nossa fé é vazia e inconsistente. Mas dado que Ele ressuscitou, aliás, Ele é a Ressurreição, então a nossa fé está repleta de verdade e vida eterna.
O Dia de Finados é o momento de fortalecer a nossa fé no Cristo que assumiu a nossa morte. “Quando considero a curta duração da minha vida, absorvida pela eternidade que a precede e por aquela que lhe segue, o pequeno espaço que ocupo e que vejo, mergulhado na imensidão infinita de espaços que ignoro e que me ignoram, assusto-me e surpreendo-me por ver-me aqui, em vez de lá, agora ao invés de então. Quem me colocou? Pela vontade de quem este lugar e este tempo me foram destinados?”. Para então chegar à conclusão: “Sendo incapaz de eliminar a morte, a miséria e a ignorância, os homens decidiram não pensar sobre essas coisas” (Blaise Pascal).
O nosso caminho de homens e mulheres é um caminho, às vezes, na noite profunda, às vezes na névoa, porque não sabemos ver bem, não sabemos escutar bem. A noite, a escuridão da fé, o silêncio de Deus são apenas aspectos do enigma do mal: somos criaturas frágeis e capazes de pecar, e o nosso pecado começa justamente com a não escuta de Deus (E.Bianchi).
O silêncio de Deus acolhido como nossa não escuta, como nossa surdez, faz parte do nosso caminho árduo, da tarefa de viver como humanos e como cristãos.
O mal, sob qualquer forma de sofrimento, não vem de Deus (Tg 1,13-15). O amor de Deus não deve ser merecido, e nenhum de nós pode pensar que tem em si mesmo um amor que Deus nega, detesta ou não vê, porque o Seu amor é maior do que o nosso coração e o nosso amor (1Jo 3,20).
A liturgia deste domingo está centrada na visita de Deus, no acolhimento e ternura sem preconceito. O Evangelho de Lucas nos ajuda a perceber, de modo mais claro, a misericórdia de Jesus, ao narrar o seu encontro com Zaqueu. No desejo de ver o Senhor, Zaqueu é surpreendido pela aproximação de Jesus. Mais surpreendido, ainda, pelo fato de Jesus ir à sua casa, fazer comunhão na mesa de um pecador.
A misericórdia do ato de Jesus reside no fato de fazer aquilo que outros jamais fariam: sentar-se à mesa com um pecador, para desfrutar de sua hospitalidade. O gesto de amor gratuito de Jesus é o próprio acontecimento de salvação para Zaqueu e para sua família, excluídos socialmente por sua condição: “Hoje a salvação entrou nessa casa” (Lc 19,1-10).
Jesus veio procurar e salvar o que estava perdido. O Reino é para todos. Ninguém pode ser excluído. A opção de Jesus é clara: não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando um sistema que marginaliza e exclui tanta gente. Denunciando as divisões injustas, Jesus abre o espaço para uma nova convivência, regida pelos novos valores da verdade, da justiça e do amor.
O Livro da Sabedoria convida-nos a refletir sobre o Egito, o país que uma vez havia escravizado os hebreus e agora hospedava com muita generosidade os seus descendentes, os comerciantes e cientistas judeus. Os egípcios continuam fazendo coisas abomináveis (Sb 11,22;12,2). Deus já os castigou no tempo de Moisés. Na verdade, “corrigiu-os”, pois Deus ama suas criaturas. Tem compaixão, fecha os olhos aos seus pecados, para que se arrependam. Deus é amigo dos humanos, “amigo da vida” (VP).
Paulo Apóstolo nos alerta: devemos estar prontos para o Dia do Senhor, vivendo ocupados com as obras justas que Deus nos confiou, sobretudo, o serviço fraterno (2Ts 1,11;2,2). A proximidade da vinda não nos dispensa da hospitalidade, transformando o mundo em moradia para nossos irmãos (Konings).
O mês de Outubro foi um avanço nas iniciativas em vista da unidade cristã: papa Francisco abriu o mês com uma visita histórica à Geórgia onde se encontra a Igreja ortodoxa mais conservadora.
O encontro entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa no final de setembro, em Chieti, foi significativo e tratou do primado do bispo de Roma e a sinodalidade da Igreja inteira. O documento, votado por todos os participantes, exceto pela Igreja da Geórgia, fortalece a única fé professada por todas as Igrejas, a compreensão comum a serviço da unidade, a comunhão episcopal e renova a vitalidade pastoral das Igrejas presentes em todo o planeta.
No início do mês, em Roma, papa Francisco rezou com o líder da Comunhão Anglicana, Justin Welby, na celebração do 50º aniversário do primeiro encontro entre um papa e um arcebispo de Canterbury desde a Reforma. Presentes, 36 bispos anglicanos e católicos de 19 países unidos pela Comissão Anglicana-Católica Romana para a Unidade e a Missão. Mais um passo anglicano-católico no diálogo teológico para uma missão conjunta.
Dia 31/10 e dia 1º de novembro, todas as atenções estarão voltadas para chegada do papa à Suécia para a comemoração Católico-Luterana dos 500 anos da Reforma de Lutero. Gesto “sem precedentes”, gesto histórico: “pela primeira vez em absoluto, os líderes da Igreja Católica e da Federação Luterana Mundial lançarão um olhar conjunto sobre a Reforma”. Na Catedral de Lund e no Estádio de Malmö, oração ecumênica comum, testemunhos de compromisso pela paz sob o lema: “Juntos na esperança”.
Na 4ª feira (02/11), convocadas pelo papa pela 3ª vez, as lideranças dos movimentos sociais se reúnem em Roma. O 3º encontro Mundial dos Movimentos Populares, dando continuidade ao encontro da Bolívia (2015), pretende aprofundar a partilha e o intercâmbio entre os movimentos populares e as Igrejas nacionais, com uma especial atenção no estímulo do início de processos semelhantes em nível local.
O Encontro coloca o foco da atenção naquelas massas populares que representam hoje a maioria da população mundial e lhes dá o direito de palavra, oferecendo um espaço para a escuta, partilha e auto-organização. Para encontrar os pobres, é preciso sair do “centro” do sistema econômico e ir na direção da sua periferia. A mensagem do Papa Francisco, portanto, é clara: colocar os mais pobres no centro e caminhar juntos.
Pentecostes: Comunidades de rosto humano!
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