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Dom Moacyr

MAIO, MÊS DAS MÃES E DE MARIA!



Estamos reunidos em Aparecida, São Paulo, onde acontece a 49ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, de 04 a 13 de maio de 2011. Além de eletiva, a assembléia vai aprovar as novas Diretrizes da Ação Evangelizadora (2011-2015), reafirmando seu objetivo de evangelizar como Igreja missionária e profética, alimentada pela Palavra, à luz da evangélica opção pelos pobres, empenhada na promoção da dignidade da pessoa e na construção de uma sociedade justa e solidária, para que todos tenham vida em abundância, rumo ao Reino definitivo.

Estamos no mês de maio; mês da devoção à Santíssima Virgem Maria em nossas comunidades paroquiais. Maria, a mulher do sim e do não. Sim ao Plano de Deus, ao pé da cruz de seu Filho, na caminhada com as comunidades cristãs da Igreja nascente. Não contra todo tipo de injustiça e exploração, como ela proclama no Magnificat.

Neste 3º domingo da Páscoa somos convidados a recobrar o fervor espiritual e a audácia apostólica, através do sim ao compromisso de evangelizar e do testemunho de uma vida que irradia o fervor de quem recebeu a alegria de Cristo e aceita consagrar sua vida à tarefa de anunciar o Reino de Deus (DAp 552).

São Lucas, com o relato dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), além do retrato das comunidades, procura reanimar estes discípulos de Jesus, que estavam descrentes e lhes mostra que não estão abandonados, muito pelo contrário, estão caminhando contando com a presença do Senhor que ressuscitou e venceu a morte.

Durante nossa caminhada na vida e na fé, experimentamos momentos de dúvida. O desafio é continuar a acreditar que, mesmo quando não vemos ou não sentimos a presença divina, na certeza de que Deus continua conosco. As virtudes da fé, da esperança e da confiança permitem que testemunhemos que nossa fé vai além das próprias possibilidades. O crescimento na fé é uma caminhada complexa. Muitas pessoas em nosso mundo de hoje enfrentam variadas pressões e responsabilidades. É fácil não perceber o amor de Deus se revelando a nós em nossa vida e nossa experiência cotidiana. Quanto mais nos rodearmos de tensões e atividades, maior é a possibilidade de não perceber o que fato está bem diante dos nossos olhos. Como os dois discípulos do evangelho, às vezes pensamos que sabemos o que é a realidade, e tentamos explicar a outros nosso ponto de vista, mas ainda assim não nos damos conta da plena verdade. Em nosso mundo de hoje somos convidados a perceber Deus nos surpreendentes e inesperados fatos de nossa vida.

O Senhor nos diz: “não tenham medo” (Mt 28,5). Como às mulheres na manhã da Ressurreição nos é repetido: “Por que buscam entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc 24,5). Os sinais da vitória de Cristo ressuscitado nos estimulam enquanto suplicamos a graça da conversão e mantemos viva a esperança que não defrauda.

O que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que devemos empreender, mas todo o amor recebido do Pai, graças a Jesus Cristo pela unção do Espírito Santo. Esta prioridade fundamental é a que tem presidido todos os nossos trabalhos que oferecemos a Deus, à nossa Igreja, a nosso povo, enquanto elevamos ao Espírito Santo nossa súplica para que redescubramos a beleza e a alegria de ser cristãos.

Aqui está o desafio fundamental que contrapomos: mostrar a capacidade da Igreja de promover e formar discípulos que respondam à vocação recebida e comuniquem em todas as partes, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outro tesouro a não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade que não seja sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. E este é o melhor serviço que a Igreja tem que oferecer às pessoas e nações (DAp 14).

Neste Mês de Maio, ajude-nos a companhia sempre próxima, cheia de compreensão e ternura de Maria Santíssima. Que nos mostre o fruto bendito de seu ventre e nos ensine a responder como ela fez no mistério da anunciação e encarnação. Que nos ensine a sair de nós mesmos no caminho de sacrifício, de amor e serviço, como fez na visita a sua prima Isabel, para que, peregrinos no caminho, cantemos as maravilhas que Deus tem feito em nós, conforme a sua promessa.

Guiados por Maria, fixamos os olhos em Jesus Cristo, autor e consumador da fé e dizemos a Ele com o Sucessor de Pedro: “Fica conosco, pois cai a tarde e o dia já se declina” (Lc 24,29). Fica conosco, Senhor, acompanha-nos ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-te. Fica conosco, porque ao redor de nós as mais densas sombras vão se fazendo, e Tu és a Luz; em nossos corações se insinua a falta de esperança, e tu os faz arder com a certeza da Páscoa. Estamos cansados do caminho, mas tu nos confortas na fração do pão para anunciar aos nossos irmãos que na verdade tu tens ressuscitado e que nos tem dado a missão de ser testemunhas de tua ressurreição.

Fica conosco, Senhor, quando ao redor de nossa fé católica surgem as névoas da dúvida, do cansaço ou da dificuldade: tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina nossas mentes com tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.

Fica em nossas famílias, ilumina-as em suas dúvidas, sustenta-as em suas dificuldades, consola-as em seus sofrimentos e no cansaço de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras que ameaçam sua unidade e sua natureza. Tu que és a Vida, fica em nossos lares, para que continuem sendo ninhos onde nasça a vida humana abundante e generosamente, onde se acolha, se ame, se respeite a vida desde a sua concepção até seu término natural.

Fica Senhor, com aqueles que em nossas sociedades são os mais vulneráveis; fica com os pobres e humildes, com os indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontram espaços e apoio para expressar a riqueza de sua cultura e a sabedoria de sua identidade. Fica, Senhor, com nossas crianças e com nossos jovens, que são a esperança e a riqueza de nosso Continente, protege-os de tantas armadilhas que atentam contra sua inocência e contra suas legítimas esperanças. Oh bom Pastor, fica com nossos anciãos e com nossos enfermos! Fortalece a todos em sua fé para que sejam teus discípulos e missionários! (DAp 553-554)

Neste segundo domingo de maio, lembramos especialmente, todas as mães. Jesus colocou na existência de cada um de nós a presença de nossas mães. Ao nos transmitirem a vida com gratuidade, são a imagem do amor divino.

No beijo materno, cada um experimenta que é amado de verdade. A mãe nos comunica que o segredo da felicidade está em realizar ao longo da vida a alegria de amar com a mesma gratuidade. A experiência de ser amado com tanto afeto em gratuidade imprime em nosso íntimo a marca indelével da beleza do dom se si aos outros como fórmula para ser feliz. Quem é amado leva em si mesmo a vontade misteriosa de sair do próprio egoísmo e de experimentar a alegria de amar os outros com gratuidade. Não basta ser amado para ser feliz; é preciso deixar que o amor cresça e se faça dom para os outros. Quanto maior a gratuidade, maior a alegria e a realização pessoal (D.Luciano).

Que neste dia, junto as nossas mães, a vivência da gratuidade do amor nos ajude a descobrir o mistério da vida divina. Deus é amor, totalmente feliz no mais íntimo de seu ser e na plenitude de sua gratuidade. O projeto divino de salvação em Jesus Cristo é a prova do amor gratuito e misericordioso, que oferece à humanidade caminhos de conversão e ensina a norma suprema da auto-realização pelo dom de si ao próximo pela prática do amor gratuito, do perdão e da predileção pelos mais pobres e excluídos.

Fonte: Pascom


 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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