Terça-feira, 21 de junho de 2011 - 22h16
Somos o “povo reunido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Esta expressão de São Cipriano na De Oratione Domenica é citada pelo Concilio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium (4)sobre a Igreja e define nossa identidade: fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, conforme o mandato de Jesus Cristo. Somos marcados pelo Sinal da Cruz. Através do Santo Batismo entramos numa profunda relação com a Santíssima Trindade. Fazemos o sinal da Cruz recordando o dia em que fomos mergulhados nas águas da salvação e inseridos no Corpo Místico de Cristo. Nosso Deus é Comunhão e nos gera para ser comunidade.
Síntese final de toda a história da salvação, a Festa da Santíssima Trindade que estamos celebrando hoje, convida-nos a refletir o Evangelho de João 3, 16-18. “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna”. Contemplamos este amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo transbordando em salvação para toda a humanidade, para que tenha vida em abundância. Tudo o que temos e somos é obra amorosa deste Deus Trindade, que nos é revelado como um Mistério de profunda comunhão.
A unidade de Deus não é uniformidade. Deus no mistério da Santíssima Trindade é comunhão de três pessoas (Doc 4 CNBB) divinas, “que comungam entre si o mesmo amor, a mesma liberdade e consciência, o mesmo poder e glória, numa comunhão que não anula as diferenças, que não reprime as distinções” (V.Feller). A unidade dos cristãos é unidade de pessoas diversas “na verdade e no amor”(UR 2)
Da visão trinitária, emerge um modelo de Igreja mais comunhão que hierarquia, mais serviço do que poder, mais circular que piramidal, mais do gesto do abraço do que da inclinação reverente frente à autoridade (L.Boff)
Na Carta Encíclica “Caritas in Veritate”, o papa Bento XVI descreve a solidão como uma das pobrezas mais profundas que o homem pode experimentar. O Papa Paulo VI já observara que “o mundo sofre por falta de convicções”. As outras pobrezas, incluindo a material, também nascem do isolamento, de não ser amado ou da dificuldade de amar.
As pobrezas frequentemente nasceram da recusa do amor de Deus, de uma originária e trágica reclusão do homem em si próprio, que pensa que se basta a si mesmo ou então que é só um fato insignificante e passageiro, um estrangeiro num universo formado por acaso. O homem aliena-se quando fica sozinho ou se afasta da realidade, quando renuncia a pensar e a crer num Fundamento. A humanidade aparece, hoje, muito mais interativa do que no passado: esta maior proximidade deve transformar-se em verdadeira comunhão. O desenvolvimento dos povos depende, sobretudo do reconhecimento que são uma só família, a qual colabora em verdadeira comunhão e é formada por sujeitos que não se limitam a viver uns ao lado dos outros(CV 53).
O tema do desenvolvimento coincide com o da inclusão relacional de todas as pessoas e de todos os povos na única comunidade da família humana, que se constrói na solidariedade tendo por base os valores fundamentais da justiça e da paz. Esta perspectiva encontra um decisivo esclarecimento na relação entre as Pessoas da Trindade na única Substância divina. A Trindade é absoluta unidade, enquanto as três Pessoas divinas são pura relação. A transparência recíproca entre as Pessoas divinas é plena, e a ligação de uma com a outra total, porque constituem uma unidade e unicidade absoluta. Deus quer-nos associar também a esta realidade de comunhão: “para que sejam um como Nós somos um” (Jo 17,22). A Igreja é sinal e instrumento desta unidade. As próprias relações entre os homens, ao longo da história, só podem ganhar com a referência a este Modelo divino (CV 54).
Corpus Christi: festa eucarística da Igreja
Quinta-feira, dia 23 de junho, a Arquidiocese de Porto Velho celebra em todas as Paróquias solenemente a Festa de Corpus Christi, com a missa, procissão e adoração ao Santíssimo Sacramento.
A Igreja escolheu a quinta-feira depois da festa da Santíssima Trindade como dia consagrado a especial veneração pública da Eucaristia: o dia do Corpus Domini.
Celebramos Corpus Christi associando a esta solenidade toda a fé e todo o amor de Pedro e dos Apóstolos, que na Quinta-feira Santa, antes da Páscoa, foram participantes da Ultima Ceia, isto é, da instituição deste Sacramento, que sempre na Igreja foi considerado como o mais Santo: o sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor. O Sacramento da Páscoa Divina. O Sacramento da Morte e da Ressurreição. O Sacramento do Amor, que é mais poderoso que a morte. O sacramento do sacrifício e do banquete da redenção. O Sacramento da comunhão das almas com Cristo no Espírito Santo. O Sacramento da fé da Igreja peregrina e da esperança da união eterna. O alimento das almas. O Sacramento do pão e do vinho, das espécies mais pobres, que se tornam o nosso tesouro e a nossa maior riqueza. “Eis o pão dos anjos, feito pão dos peregrinos”, proclamamos na seqüência da liturgia. “Não como aquele que os vossos pais comeram, e morreram; o que come deste pão vive eternamente” (Jo 6,58).
Na Homilia de Corpus Christi, de 1980, o Papa João Paulo II responde que esta solenidade numa quinta-feira refere-se ao Mistério historicamente ligado a tal dia, à Quinta-feira Santa, dia da festa eucarística da Igreja. Na Quinta-feira Santa cumpriram-se as palavras que uma vez Jesus pronunciou na Sinagoga de Cafarnaum; ao ouvi-las, “muitos dos Seus discípulos retiraram-se e já não andavam com Ele”, ao passo que os Apóstolos responderam por boca de Pedro: “Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6, 66.68). A Eucaristia encerra em si o cumprimento destas palavras. Nela a vida eterna tem o seu penhor e o seu início.
“Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia” (Jo 6,54). Isto vale já para o mesmo Cristo, que inicia o Seu tríduo pascal na Quinta-feira Santa com a Última Ceia, é condenado à morte e crucificado na Sexta-feira Santa, e ressuscitará ao terceiro dia. A Eucaristia é o sacramento desta morte e desta ressurreição.
Nela o Corpo de Cristo torna-se verdadeiramente o Alimento; e o Sangue, a Bebida para a vida eterna, para a ressurreição. De fato, aquele que come este Corpo eucarístico do Senhor e bebe na Eucaristia o Sangue por Ele derramado para a redenção do mundo, chega àquela comunhão com Cristo, da qual o Senhor mesmo disse: “Permanece em Mim e Eu nele” (Jo 15,4). E o homem, permanecendo em Cristo, no Filho que vive no Pai, vive mediante Ele, daquela vida que forma a união do Filho com o Pai no Espírito Santo: vive a vida divina.
Nós celebramos, portanto a solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo na quinta-feira depois da Santíssima Trindade, para colocar em evidência precisamente aquela Vida que nos dá a Eucaristia. Este é o dia em que não só recebemos a Hóstia da vida eterna, mas também caminhamos com o olhar fixo na Hóstia eucarística, todos juntos na procissão, que é símbolo da nossa peregrinação com Cristo na vida terrena.
Com nossas comunidades e famílias queremos caminhar pelas praças e ruas das nossas cidades, por estas nossas ruas pelas quais se desenrola normalmente a nossa peregrinação. Lá nos lugares aonde vivemos, trabalhamos, nos locais de luta e de encontros, nós O levamos no escondimento dos nossos corações. Na Festa de Corpus Christi queremos levar Cristo e dar testemunho dEle em procissão, para que saibam que, graças ao Corpo do Senhor, todos têm ou podem ter em si a vida (Jo 6,53). E para que respeitem a vida humana desde sua concepção e defendam sua integridade.
Fonte: Pascom
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