Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Dom Moacyr

Missão da Família e da Comunidade!


 
Estamos encerrando o mês de Julho com a Festa do padroeiro dos motoristas, São Cristóvão, a celebração do Apóstolo Tiago e com o dia dos Agricultores (25/07). Nossa prece e benção aos motoristas e suas famílias e aos nossos agricultores que, com tanto sacrifício e esperança, cultivam a terra, a família e as Comunidades Eclesiais de Base - CEBs Rurais.

Comemoração especial merecem hoje nossos avós. Dia 26 de julho é dia de São Joaquim e Santa Ana, os avós maternos de Jesus Cristo e dia dos Avós. A eles, nossa gratidão, cuidado e amor filial!

Nesta semana, iniciamos o Mês Vocacional (Agosto) com a Caminhada Vocacional de Ariquemes (02/08); celebraremos, em seguida, o Dia dos Pais, a Semana Nacional da Família (09-15/08), a Romaria da Terra e das Águas(23/8).

O tema da Semana da Família está em sintonia com o 8º Encontro Mundial das Famílias, que se realizará no mês de setembro (22-27/09), na Filadélfia, Estados Unidos, com a presença do papa Francisco: “O amor é a nossa missão: a família plenamente viva”.

As lideranças da Pastoral Familiar da Arquidiocese de Porto Velho estão divulgando a Cartilha “Hora da Família” com sete encontros, envolvendo as famílias, jovens, crianças, os casais, namorados e noivos, com a proposta de celebrar o amor como primeira missão de cada pessoa. Neste tempo em que circulam nos meios de comunicação e, até em ambientes próximos, imagens deformadas do amor, que deturpam a vivência familiar e a riqueza do amor verdadeiro, testemunhamos famílias, cujos membros se doam para o bem e a felicidade do outro e vivem esta qualidade do amor. Famílias plenamente vivas demonstrando que a família cristã é o melhor caminho para encontrar o autêntico amor, fonte inesgotável de alegria e de realização.

Vamos, portanto, celebrar e testemunhar publicamente os valores de nossa família. Em cada encontro vamos refletir os temas: Gerados no amor de Deus; Sexualidade: Dom de Deus, Homem e mulher construindo um matrimônio santo, Criando o futuro, Todo o amor dá frutos, Família, esperança de Deus para o mundo, Igreja, mãe e mestra. A Cartilha oferece ainda quatro celebrações: Reconciliação e Paz (Ano da Paz), Fidelidade e perseverança, Fecundidade conjugal e familiar, Vida consagrada e familiar. Você pode adquirir a Cartilha na Livraria das Irmãs Paulinas ou na secretaria de sua paróquia. Convide as famílias vizinhas para partilharem juntos estes temas, fortalecendo a missão familiar.

Além de contribuir na preparação do 8º Encontro Mundial das Famílias, a reflexão da Semana da Família está também em sintonia com o tema do próximo Sínodo (04-25/10/2015). Estamos continuando a caminhada sinodal com toda a Igreja Católica em torno do tema: “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. O impulso missionário pelas famílias e com as famílias se funda no mandamento do amor e busca a edificação da Igreja e da sociedade para o bem de cada pessoa e de toda a humanidade.

Papa Francisco, na Carta para o Encontro Mundial das Famílias, acentua que “a missão da família cristã, hoje como ontem, é anunciar ao mundo, com a força do Sacramento nupcial, o amor de Deus”. A partir deste mesmo anúncio nasce e se constrói uma família viva, o que coloca o fogo do amor no centro de todo o seu dinamismo humano e espiritual.

No Sínodo de 2014, foram identificados “os problemas mais urgentes que envolvem a família em nossa sociedade plural”. Na verdade, não podemos qualificar uma família com conceitos ideológicos, não podemos falar de família conservadora e família progressiva. A família é a família! Os valores e as virtudes da família, a sua verdade essencial, são os pontos fortes em que se apoia o núcleo familiar e não podem ser contestadas.

Devemos “rever nosso estilo de vida que está sempre exposto ao risco de ser contagiado por uma mentalidade mundana, individualista, consumista, hedonista, e sempre encontrar novamente o caminho certo, para viver e propor a grandeza e a beleza do matrimônio e da alegria de ser e de fazer família”.

Somos chamados, conclui o papa em sua Mensagem, “a prosseguir o compromisso de anunciar o Evangelho do matrimônio e da família e de experimentar as propostas pastorais no contexto social e cultural em que vivemos”. Os desafios deste contexto encorajam-nos a alargar os espaços do amor fiel aberto à vida, à comunhão, à misericórdia, à partilha e à solidariedade. O papa exorta os casais e as comunidades paroquiais, movimentos e associações a deixar-se guiar pela Palavra de Deus, no qual se apoiam os fundamentos do sagrado edifício da família Igreja doméstica e família de Deus (LG 6,11).

O documento preparatório do Encontro Mundial das Famílias destaca que “Deus nos fez com um propósito: seu amor é a nossa missão”. Esta missão nos capacita a encontrarmos nossa verdadeira identidade. Se escolhermos abraçar esta missão, teremos uma nova perspectiva em relação a muitas questões, não somente em relação à família.

Cremos que a família compartilha a missão de toda a Igreja e que o amor deve ser ensinado, compartilhado e comunicado na família e por ela que é a igreja doméstica. Viver a missão da igreja doméstica significa que as famílias católicas, por vezes, viverão como minorias, com valores distintos daqueles da cultura à sua volta. Nossa missão de amor nos exigirá coragem e fortaleza. Jesus nos chama e podemos dar a resposta optando pela vida de fé, esperança, amor, alegria, serviço e missão.

A liturgia deste domingo aponta novamente o olhar de Cristo sobre o povo (Jo 6,1-15): “Jesus ergueu os olhos e viu uma grande multidão que vinha ao seu encontro”. Ao contemplar o povo, percebe que eles não têm alimento e, diante de sua fome, Jesus é movido a dar-lhes de comer, multiplicando-se nos seus seguidores e em sua Igreja.

O episódio da multiplicação dos pães é recordado por todos os evangelistas, contudo é mais elaborado pelo Apostolo João, por isso, na sequência do evangelista Marcos, vamos refletir durante as próximas semanas, na liturgia dominical, cinco textos do capítulo 6 do evangelho de João. É o sentido da partilha, do alimento e da Eucaristia que fortalece a nossa vida de cristãos. A partilha é a efetivação da vocação humana à comunhão fraterna. Todo gesto de partilha não passará sem uma resposta de Deus (VP).

A multidão seguia a Jesus, por causa dos sinais que ele realizava em meio ao povo. O pão deve ser partilhado. Os que têm “fome” são aqueles que são explorados e injustiçados e que não conseguem libertar-se; os que vivem na solidão, sem família, sem amigos e sem amor. São as vítimas da economia global e dos interesses daqueles que detém o poder. É a esses e a todos os outros que têm “fome” de vida e de felicidade, que a proposta de Jesus se dirige.

Para o teólogo Schillebeeckx, Jesus é o Anfitrião a céu aberto; oferece comunicação e comensalidade ao ar livre; comunhão com os seres humanos, algo semelhante ao milagre do maná, traço essencial da oferta de comunhão que Ele faz todos os dias de nossa vida.

Jesus propõe a missão da sua comunidade: ser sinal do amor generoso de Deus, assegurando para todos a possibilidade de subsistência e dignidade. A segurança da subsistência não está no muito que poucos possuem e retêm para si, mas no pouco de cada um que é repartido entre todos. A garantia da dignidade não se encontra no poder de um líder que manda, mas no serviço de cada um que organiza a comunidade para o bem de todos.

O Livro dos Reis fala da manifestação de Deus através do gesto de repartir o pão para saciar a fome das pessoas (2Rs 4,42-44). O “profeta” manifesta a eterna preocupação de Deus com a “fome” do mundo (fome de pão, fome de liberdade, fome de dignidade, fome de realização plena, fome de justiça, fome de paz). Não tenhamos dúvidas: Deus se preocupa, todos os dias, em oferecer aos seus filhos vida em abundância.

Paulo Apóstolo nos exorta a vivermos uma vida digna da vocação que recebemos; somos distintos, mas formamos um só corpo. Estamos conectados existencialmente, pois o Pai está “no meio de nós e em cada um de nós”. Não é possível seguir Jesus a não ser entrando nessa comunhão. “Há um só corpo”, o egoísmo sequestra a dignidade da vocação à comunhão, que se efetiva em gestos concretos no dia a dia (Ef 4,1-6).

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Pentecostes: Comunidades de rosto humano!

Pentecostes: Comunidades de rosto humano!

Palavra de Dom Moacyr Grechi – Arcebispo Emérito de Porto Velho

Páscoa do povo brasileiro - Por Dom Moacyr Grechi

Páscoa do povo brasileiro - Por Dom Moacyr Grechi

Hoje reafirmamos a nossa fé na ressurreição de Cristo; somos uma Igreja Pascal. Na oração do Credo, proclamamos a ressurreição dos mortos e a vida ete

Verdade libertadora! Por Dom Moacyr Grechi

Verdade libertadora! Por Dom Moacyr Grechi

  A Igreja, convocada a fortalecer o povo de Deus na atual conjuntura, é chamada a estar ao lado daqueles “que perderam a esperança e a confiança no B

Lugar seguro para viver! - Por Dom Moacyr Grechi

Lugar seguro para viver! - Por Dom Moacyr Grechi

  Diante do aumento da violência agrária que atinge trabalhadores rurais, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pescadores artesanais, defensores de di

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)