Domingo, 29 de setembro de 2013 - 00h05
Encerrando o mês bíblico, cujo tema foi sobre o discipulado e a missionariedade à luz do evangelho de São Lucas, estamos celebrando o Dia Nacional da Bíblia. 30 de setembro é o dia do patrono dos estudos bíblicos, São Jerônimo. Vale reforçar seu pensamento: “ignorar as Escrituras Sagradas é ignorar a Cristo”.
O evangelho (Lc 16,19-31) é um convite à conversão, solidariedade e justiça social. “Hoje, contemplamos a Jesus Cristo tal como os Evangelhos nos transmitiram para conhecer o que Ele fez e para discernir o que nós devemos fazer nas atuais circunstâncias. No seguimento de Cristo, aprendemos e praticamos as bem-aventuranças do Reino, o estilo de vida do próprio Jesus: seu amor e obediência filial ao Pai, sua compaixão entranhável frente à dor humana, sua proximidade aos pobres e aos pequenos, sua fidelidade à missão encomendada, seu amor serviçal até a doação de sua vida” (DAp 139).
Como é o nosso olhar perante os pobres “Lázaros” de nossa sociedade? Que atitude assumimos diante de quem bate a nossa porta pedindo ajuda? “A Igreja está a serviço de todos os seres humanos, filhos e filhas de Deus. No rosto de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, maltratado por nossos pecados e glorificado pelo Pai, nesse rosto doente e glorioso, com o olhar da fé podemos ver o rosto humilhado de tantos homens e mulheres de nossos povos e, ao mesmo tempo, sua vocação à liberdade dos filhos de Deus, à plena realização de sua dignidade pessoal e à fraternidade entre todos” (DAp 31).
Ao tratar dos bens da terra, destinados a todos, a Constituição pastoral sobre a Igreja “Gaudium et Spes” nos orienta: “Deus destinou a terra com tudo o que ela contem para uso de todos os homens e povos; de modo que os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos, segundo a justiça, secundada pela caridade. Quem usa desses bens, não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si mas também aos outros”(n.69).
Nosso compromisso missionário está “fundamentado na rocha da Palavra de Deus” (DAp 146). Em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2013 e a Jornada Mundial da Juventude, o tema da Campanha Missionária deste ano é “Juventude em Missão”. O lema “A quem eu te enviar, irás” (Jr 1,7b) recorda-nos que Deus continua a chamar e a enviar pessoas para anunciar a Boa Notícia de Jesus a todos os povos. A ação evangelizadora é a principal razão de ser da nossa Igreja e seus missionários representam uma grande riqueza.
Para o teólogo Paulo Suess, a dimensão teológica da Missão está ancorada no próprio Deus-Amor; a natureza missionária da Igreja está em Deus, tem a sua raiz na atração de Deus. A missão, que nasce de Deus, precede a Igreja que nasce do envio trinitário, na Festa de Pentecostes.
O Dia Mundial das Missões, que se repete pela 87ª edição, será celebrado dia 20 de outubro, na conclusão do Ano da Fé. A 1ª mensagem escrita pelo papa Francisco para o Dia Mundial das Missões destaca a missionariedade como um compromisso constante que anima toda a vida da Igreja e é um convite para que fortaleçamos a dimensão missionária em nossa ação pastoral, superando os obstáculos à evangelização no interior da comunidade eclesial. O Ano da fé, após 50 anos do Concílio Vaticano II, serve de estimulo para que a Igreja tenha uma renovada consciência de sua presença no mundo contemporâneo, de sua missão entre os povos e as nações.
Para o papa, o anúncio do Evangelho é um dever que brota do próprio ser discípulo de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial (VD 95). Toda a comunidade é adulta, quando professa a fé, celebra-a com alegria na liturgia, vive a caridade e anuncia sem cessar a Palavra de Deus, saindo do próprio recinto para levá-la até às periferias, sobretudo a quem ainda não teve a oportunidade de conhecer Cristo.
A missionariedade não é questão apenas de territórios geográficos, mas de povos, culturas e indivíduos, precisamente porque os confins da fé não atravessam apenas lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e mulher. O Concílio Vaticano II pôs em evidência de modo especial como seja próprio de cada batizado e de todas as comunidades cristãs o dever missionário, o dever de alargar os confins da fé: como o Povo de Deus vive em comunidades, sobretudo diocesanas e paroquiais, e é nelas que, de certo modo, se torna visível, pertence a estas dar também testemunho de Cristo perante as nações (AG 37).
Cada comunidade é interpelada e convidada a assumir o mandato, confiado por Jesus aos Apóstolos, de ser testemunha até aos confins do mundo (At 1,8); e isso, não como um aspecto secundário da vida cristã, mas um aspecto essencial: todos somos enviados pelas estradas do mundo para caminhar com os irmãos, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo e fazendo-nos arautos do seu Evangelho. Com frequência, os obstáculos à obra de evangelização encontram-se, não no exterior, mas dentro da própria comunidade eclesial.
Na nossa época, a difusa mobilidade e a facilidade de comunicação através dos novos meios de comunicação misturaram entre si os povos, os conhecimentos e as experiências. Por motivos de trabalho, há famílias inteiras que se deslocam de um continente para outro; os intercâmbios profissionais e culturais, assim como o turismo e fenômenos análogos impelem a um amplo movimento de pessoas. A própria convivência humana está marcada por tensões e conflitos, que provocam insegurança e dificultam o caminho para uma paz estável. O homem do nosso tempo necessita de uma luz segura que ilumine a sua estrada e que só o encontro com Cristo lhe pode dar. A missionariedade da Igreja não é proselitismo, mas testemunho de vida que ilumina o caminho, que traz esperança e amor.
O papa incentiva a todos para que se façam portadores da Boa Nova de Cristo e agradece aos missionários, religiosos, fiéis leigos, presbíteros
fidei donum, que acolhendo a chamada do Senhor, deixaram a própria pátria para servir o Evangelho em terras e culturas diferentes. Faz um apelo a todos aqueles que se sentem chamados para que correspondam generosamente à voz do Espírito, segundo o próprio estado de vida, e não tenham medo de ser generosos com o Senhor. Ao mesmo tempo exorta para que vivam com alegria o seu precioso serviço nas Igrejas aonde foram enviados e a levarem a sua alegria e esperança às Igrejas donde provêm, recordando como Paulo e Barnabé, no final da sua primeira viagem missionária, contaram tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos pagãos a porta da fé (At 14,27). Eles podem assim tornar-se caminho para uma espécie de restituição da fé, levando o vigor das Igrejas jovens às Igrejas de antiga cristandade a fim de que estas reencontrem o entusiasmo e a alegria de partilhar a fé, numa permuta que é enriquecimento recíproco no caminho de seguimento do Senhor.
O papa Francisco reforça que em várias partes do mundo, muitos cristãos encontram dificuldade em professar abertamente a própria fé e ver reconhecido o direito a vivê-la dignamente. Lembramos aqui o triste momento que vive a Igreja Paquistanesa: os cristãos fiéis que morreram no ataque contra a igreja de Peshawar são mártires inocentes da fé, pois foram mortos enquanto estavam na igreja rezando.
Ao concluir sua mensagem, abençoa os missionários e as missionárias e todos aqueles que acompanham e apoiam este compromisso fundamental da Igreja para que o anúncio do Evangelho possa ressoar em todos os cantos da terra e possam experimentar a reconfortante alegria de evangelizar (EN 80).
São nossos irmãos e irmãs, testemunhas corajosas - ainda mais numerosas do que os mártires nos primeiros séculos - que suportam com perseverança apostólica as várias formas atuais de perseguição. Não poucos arriscam a própria vida para permanecer fiéis ao Evangelho de Cristo. Desejo assegurar que estou unido, pela oração, às pessoas, às famílias e às comunidades que sofrem violência e intolerância, e repito-lhes as palavras consoladoras de Jesus: “Tende confiança, Eu já venci o mundo” (Jo 16,33).
Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só nEle temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro (PF 15). Tais são os meus votos para o Dia Mundial das Missões deste ano (Papa Francisco).
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