Domingo, 1 de maio de 2016 - 07h52
O que comemorar neste 1º de Maio, dia do Trabalho, quando os trabalhadores se sentem ameaçados pela retirada dos direitos sociais e os avanços já conquistados são colocados em risco?
Há no Congresso Nacional uma série de propostas profundamente negativas do setor empresarial para o campo do trabalho, na qual a redução dos direitos ou a flexibilização das condições de trabalho podem elevar o nível de precarização do trabalho, do emprego e do próprio salário.
Dentre os projetos que ameaçam os direitos e a democracia está o projeto PLC 30/2015 que permite a terceirização sem limites, inclusive nas atividades fins das empresas; é a continuidade do PL 4330, aprovado na Câmara e que aguarda votação no Senado.
Para a Dra. Graça Druck, num quadro de fragilização e fragmentação dos trabalhadores, “o avanço dessa ofensiva patronal pela liberação da terceiri-zação e contra os direitos estabele¬cidos pela CLT está questionando na essência a existência do Direito do Trabalho e pode, se vitoriosa, im¬por o seu fim enquanto um direito fundamental que nasceu através do reconhecimento da assimetria e de¬sigualdade entre capital e trabalho na sociedade capitalista”.
A 17ª Romaria dos Trabalhadores de Porto Velho tem especial significado neste primeiro dia do mês, tradicionalmente dedicado a Nossa Senhora, dia em que celebramos a Festa de São José Operário e o aniversario da Arquidiocese de Porto Velho (91 anos).
A concentração para a Romaria dos Trabalhadores começa as 15h30 na Igreja Santa Luzia e a caminhada segue até a Igreja São José Operário. O tema “Acolher a justiça e a misericórdia de Deus, no coração e na Casa Comum”, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2016 e com os anseios do mundo do Trabalho, vai unir grupos e comunidades eclesiais, diversas denominações religiosas, trabalhadores, pastorais e movimentos sociais. As Paróquias chegarão por setor, inclusive a Área Missionária do Alto e Baixo Madeira, Itapuã e Candeias do Jamari, caracterizadas por faixas, camisetas e bandeirinhas coloridas.
Pelas ruas de nossa cidade os passos da família cristã e trabalhadora, todos nós, peregrinos e caminhantes: trabalhadores migrantes, os atingidos pelas enchentes, os jovens e crianças, unidos ao grito de 11 milhões de desempregados e de 3,5 milhões de crianças e adolescentes que estão no trabalho infantil em nosso país. Todos solidários “aos homens e mulheres, do campo e da cidade, particularmente aos jovens que, pelo trabalho, constroem as suas próprias vidas, suas famílias e a nação brasileira”.
A Igreja, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dirige uma Mensagem de Esperança, neste dia, prestando uma homenagem às pessoas que doaram e doam sua vida, lutando pelo direito dos trabalhadores e trabalhadoras.
As comemorações desse 1º de maio acontecem em meio a uma profunda crise ética, política, econômica e institucional. Os trabalhadores são afetados e ameaçados pelo desemprego, por precárias condições de trabalho, pela tentativa da flexibilização das leis trabalhistas e pela regulamentação da terceirização. Com isso, restringe-se o acesso aos direitos, expõe-se a baixos salários, a jornadas exaustivas, a riscos de acidentes e a alta rotatividade no mercado.
É urgente a superação dessa realidade de crise, através do permanente diálogo e de iniciativas político-econômicas que atendam efetivamente aos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente dos mais pobres, ao invés da lógica do mercado e dos interesses partidários. É preciso, acima de tudo, assegurar a manutenção dos direitos trabalhistas adquiridos e incentivar a ampliação dos mesmos.
A CNBB conclui sua mensagem incentivando os trabalhadores e suas organizações a colaborarem ativamente na construção de uma economia justa e includente que assegure os seus direitos.
Papa Francisco, ao dirigir-se aos membros da Fundação dos Trabalhadores cristãos (23/05/2015), convida-nos, através do trabalho que dignifica a própria vida, a realizarmos “o trabalho livre, criativo, participativo e solidário” (EG 192).
O trabalho livre, pois a verdadeira liberdade do trabalho significa que o ser humano prossegue a obra do Criador; que o trabalho não seja instrumento de alienação, mas de esperança e de vida nova.
O trabalho criativo significa expressar em liberdade e criatividade o trabalho desempenhado em comunidade ou na empresa que permitam ao trabalhador e a outras pessoas um desenvolvimento econômico e social.
O trabalho participativo é expresso através da lógica relacional, ou seja, na finalidade do trabalho podemos ver o rosto do outro e a colaboração responsável com outras pessoas.
O trabalho solidário que nos torna próximos dos desempregados e de que não tem chance de trabalhar; devemos oferecer proximidade e solidariedade, sempre ao serviço de uma vida digna para todos.
A liturgia deste domingo aproxima-nos de duas grandes celebrações: da Ascensão do Senhor (08/05, também, Dia Mundial dos Comunicadores e dos Meios de Comunicação Social) e da Solenidade de Pentecostes (15/05).
Hoje, Jesus envia o Espírito Santo como advogado da comunidade cristã. Advogado é alguém que defende uma causa. O Espírito é a memória de Jesus que continua sempre viva e presente na comunidade. Ele ajuda a comunidade a manter e a interpretar a ação de Jesus em qualquer tempo e lugar (Jo 14,23-29). O Espírito também leva a comunidade a discernir os acontecimentos para continuar o processo de libertação, distinguindo o que é vida e o que é morte, e realizando novos atos de Jesus na história (BP).
“Mas o Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse. Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá”.
A paz de Jesus não se constrói com estratégias inspiradas na mentira ou na injustiça, mas sim atuando com o Espírito da verdade. Iluminados pelas palavras do Evangelho e pela força do Defensor, memoria viva de Jesus, nos colocamos lado a lado, com os que sofrem, resistem e buscam construir as bases de uma sociedade alternativa.
Para Pedro Ribeiro, do ISER, que assessorou nosso 12º Intereclesial das CEBs, “o atual golpe de 2015-16 vem completar esse processo de cassação de direitos de cidadania para as classes subalternas”. Coloca o País de joelhos diante das megaempresas que virão completar o processo de colonização da nossa economia, com a aprovação das classes dominantes.
Hoje as classes populares têm menos meios de expressão e de representação de seus interesses no espaço público do que tiveram durante a década de 1980. Já as classes dominantes romperam unilateralmente o pacto social que está na base da Constituição de 1988, esvaziando-a de direitos sociais conquistados. O atual golpe de 2015-16 vem completar esse processo de cassação de direitos de cidadania para as classes subalternas (IHU).
Nossas comunidades, tendo Cristo por centro e luz, viverão a “unidade e comunhão”. Os Atos falam do conflito na comunidade (At 15,1-2.22-29) e como Paulo e Barnabé procuraram a união dos irmãos em redor daquilo que o Espírito tinha realizado junto com eles (J.Konings).
O Apocalipse mostra a Igreja como a morada de Deus, a Jerusalém nova, em que não existe mais templo, porque Deus e Jesus, o Cordeiro, são o seu templo. Deus está no meio de seu povo (Ap 21,10-14.22-23).
Encerrando nossa reflexão, convido você, minha irmã, meu irmão, a nos unirmos em oração no próximo dia 5 de maio, na vigília jubilar “Para enxugar as lágrimas”, com o papa Francisco, na basílica de São Pedro. Um dia de oração, um sinal visível da misericórdia àqueles que passam por alguma dificuldade, seja a perda de um ente querido, o enfrentamento da doença, injustiça ou discórdia.
Preparemo-nos para as grandes festas marianas: Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Sra. Auxiliadora. Peçamos a Maria que oriente sempre a nossa mente e o nosso coração para Deus, como pedras vivas da Igreja, para que cada uma das nossas atividades e toda a nossa vida cristã sejam um luminoso testemunho da sua misericórdia e do seu amor.
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