Terça-feira, 4 de maio de 2010 - 07h41
Chegamos ao mês das mães e da devoção mariana, elemento constitutivo e fundamental da vida do povo católico e característica de nossas Comunidades Eclesiais de Base que participam festivamente das celebrações da Senhora de todas as mães: Nossa Senhora de Fátima (dia 13), Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira de Porto Velho (dia 24) e tantos outros nomes e títulos com os quais homenageamos Maria na Amazônia e no Brasil.
O Espírito que transformou Maria na primeira evangelizada e primeira evangelizadora é o mesmo Espírito do Senhor que acompanhou seu Filho ao iniciar o seu ministério público na Galiléia: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres.." (Lc 4,16-21).
Também em nossa época o Espírito Santo é o principal evangelizador e impulsiona a Igreja que está na América a cantar com Maria o Magnificat, seu "canto de louvor", confirmando mais uma vez que não se pode separar a verdade sobre Deus que salva da manifestação do seu amor preferencial pelos pobres e humildes.
É a Nossa Senhora que consagramos a Arquidiocese de Porto Velho, ao completar 85 anos; no dia 1o. de maio de 1925, o Papa Pio XI criou a Prelazia de Porto Velho, através da Bula “Inter Nostri”, lembrando que desde o século XVII há registros da presença da Igreja Católica na região.
É também com Maria e todas as Comunidades que queremos celebrar a Festa de Pentecostes de 2010, no dia 23 de maio, com o tema: “Creio na nova terra onde habita a justiça e a paz”.
Maria é a presença materna na família dos cristãos, a seguidora fiel, ícone do discipulado e modelo de uma ação evangelizadora de libertação e serviço, mãe dos pobres, pequenos e oprimidos. Para Maria, o itinerário de Jesus Cristo é o modelo a ser seguido pelos povos, para sua própria ressurreição, entendida como o processo de crescer em vida plena (T.Loro).
É importante recordar que Nossa Senhora não vela apenas pela Igreja, mas por todos os filhos de Deus. Ela caminha com a Igreja e com a humanidade em suas aflições e alegrias; intercede por todos os povos, diante do Senhor da história. O coração materno de Maria, de fato, abraça o mundo.
“Maria, discípula e missionária” nos é apresentada pelo documento de Aparecida como a “Interlocutora do Pai em seu projeto de enviar seu verbo ao mundo para a salvação humana”. Com sua fé, Maria chega a ser o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo, e também se faz colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos. Sua figura de mulher livre e forte emerge do Evangelho, orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo. Ela viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos, sem que fosse livrada da incompreensão e da busca constante do projeto do Pai. Alcançou, dessa forma, o fato de estar ao pé da cruz em uma comunhão profunda, para entrar plenamente no mistério da Aliança.
Com ela, providencialmente unida à plenitude dos tempos (Gl 4,4) chega o cumprimento da esperança dos pobres e do desejo de salvação. A Virgem de Nazaré teve uma missão única na história da salvação, concebendo, educando e acompanhando seu filho até seu sacrifício definitivo. Desde a cruz Jesus Cristo confiou a seus discípulos, representados por João, o dom da maternidade de Maria, que nasce diretamente da hora pascal de Cristo: “E desse momento em diante, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,27). Perseverando junto aos apóstolos à espera do Espírito (At 1,13-14), ela cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente. Como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a experimentarem como uma família, a família de Deus. Em Maria, encontramo-nos com Cristo, com o Pai e com o Espírito Santo, assim como com os irmãos.
Como na família humana, a Igreja-família é gerada ao redor de uma mãe, que confere “alma” e ternura à convivência familiar. Maria, Mãe da Igreja, além de modelo e paradigma da humanidade, é artífice de comunhão, grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários. Ela, da mesma forma como deu à luz ao Salvador do mundo, trouxe o Evangelho a nossa América. No acontecimento em Guadalupe, presidiu junto com o humilde João Diego, o Pentecostes que nos abriu aos dons do Espírito. A partir desse momento são incontáveis as comunidades que encontraram nela a inspiração mais próxima para aprender como serem discípulos e missionários de Jesus. Com alegria constatamos que ela tem feito parte do caminhar de cada um de nossos povos, entrando profundamente no tecido de sua história e acolhendo as ações mais nobres e significativas de sua gente. Os diversos nomes e os santuários espalhados por todo o Continente testemunham a presença de Maria próxima às pessoas e, ao mesmo tempo, manifestam a fé e a confiança que os devotos sentem por ela. Ela pertence a eles e eles a sentem como mãe e irmã.
Hoje, quando (em nossas comunidades e pastorais) enfatizamos o discipulado e a missão, é ela quem brilha diante de nossos olhos como imagem acabada e fidelíssima do seguimento de Cristo. Esta é a hora da seguidora mais radical de Cristo, de seu magistério discipular e missionário conforme nos envia o Papa Bento XVI: Maria Santíssima, a Virgem pura e sem mancha é para nós escola de fé destinada a nos conduzir e a nos fortalecer no caminho que conduz ao encontro com o Criador do céu e da terra. O Papa veio a Aparecida com viva alegria para nos dizer em primeiro lugar: Permaneçam na escola de Maria. Inspirem-se em seus ensinamentos. Procurem acolher e guardar dentro do coração as luzes que ela, por mandato divino, envia a vocês a partir do alto.
Maria que “conservava todas estas recordações e meditava em seu coração” (Lc 2,19; 2,51), ensina-nos o primado da escuta da Palavra na vida do discípulo e missionário. O Magnificat “está inteiramente tecido pelos fios da Sagrada Escritura, os fios tomados da palavra de Deus. Assim, se revela que nela a Palavra de Deus se encontra de verdade em sua casa, de onde sai e entra com naturalidade. Ela fala e pensa com a Palavra de Deus; a Palavra de Deus se faz a sua palavra e sua palavra nasce da Palavra de Deus. Além disso, assim se revela que seus pensamentos estão em sintonia com os pensamentos de Deus; que seu querer é um querer junto com Deus. Estando intimamente penetrada pela Palavra de Deus, Ela pode chegar a ser mãe da Palavra encarnada”. Esta familiaridade com o mistério de Jesus é facilitada pela reza do Rosário, onde: “o povo cristão aprende de Maria a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a experimentar a profundidade de seu amor. Mediante o Rosário, o cristão obtém abundantes graças, como recebendo-as das próprias mãos da mãe do Redentor”.
Com os olhos postos em seus filhos e em suas necessidades, como em Caná da Galiléia, Maria ajuda a manter vivas as atitudes de atenção, de serviço, de entrega e de gratuidade que devem distinguir os discípulos de seu Filho. Indica, além do mais, qual é a pedagogia para que os pobres, em cada comunidade cristã, “sintam-se como em sua casa” Cria comunhão e educa para um estilo de vida compartilhada e solidária, em fraternidade, em atenção e acolhida do outro, especialmente se é pobre ou necessitado. Em nossas comunidades, sua forte presença tem enriquecido e seguirá enriquecendo a dimensão materna da Igreja e sua atitude acolhedora, que a converte em “casa e escola da comunhão” e em espaço espiritual que prepara para a missão. (Dap 266-272)
Fonte: Pascom
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