Quinta-feira, 10 de março de 2011 - 21h01
A partir da Quarta-feira de cinzas, a Igreja inicia o tempo da Quaresma, em preparação à Páscoa. Em sua Mensagem para Quaresma, com o tema “Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes” (Cl.2,12), o papa Bento XVI cita a importância do Batismo na vida do cristão e a Quaresma como uma ocasião para essa reflexão.
“Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva”, diz Bento XVI, num dos trechos da mensagem. E ainda: “O Batismo não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do batizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo. A Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Batismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (Rm.8,). Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso .. que é uma escola de fé e de vida cristã insubstituível”.
No texto, o papa afirma ainda a importância da palavra de Deus como direção para viver “com o devido empenho este tempo litúrgico precioso. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor, a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico, o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus?”.
O papa ressalta em sua mensagem que “através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas, e não só do supérfluo, aprendemos a desviar o olhar do nosso “eu”, para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos.
Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (Mc 12,31).
No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida.
O papa conclui sua mensagem pedindo que “renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas ações”. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.
Campanha da Fraternidade e a vida no Planeta
As mudanças climáticas em curso no Planeta, provocadas pelo aquecimento global, afetam todas as forma de vida, dentre as quais a vida das populações mais pobres, obrigando-nos a repensar sobre o modelo de sociedade, as matrizes energéticas, os modos de produção e de consumo. Sendo assim podemos afirmar que humanidade está colhendo os frutos do desenvolvimento centrado na economia de mercado capitalista, e da ideologia que o acompanha.
A primazia do capital, absurdamente concentrado e monopolista, promove um consumismo que leva as pessoas a pensar que só valem pelo que têm. Por esse caminho, os recursos naturais estão quase esgotados, e a poluição da atmosfera faz com que a Terra já não consiga manter em equilíbrio o ambiente da vida. Como resultado, parte significativa da humanidade não tem acesso aos bens necessários à vida, enquanto poucos concentram quase toda a riqueza.
A crise financeira capitalista atual não se reduz aos desajustes financeiros mundiais que, sob o pretexto de evitar a quebra da economia mundial, exige dos governos socorro aos banqueiros, enquanto que aos pobres recaem os sacrifícios. Esta crise tem tudo a ver com a crise ecológica e ética que se aprofunda em todos os âmbitos da vida. A humanidade está experimentando uma “mudança de época”. A civilização do ter, do negociar, do concorrer, do lucro a qualquer custo, do progresso ilimitado, não responde aos anseios da humanidade e não é sustentável (Mudanças Climáticas, profecia da terra, CNBB).
Por outro lado, vários setores da sociedade se articulam para construir outro mundo, outra civilização, fundada em valores e formas de convivência, que defendem e promovem todas as formas de vida, e que cuidam amorosamente da Terra, mãe da vida, casa comum dos seres humanos. Essa nova atitude, proclamando a esperança dos pobres e ecoando o grito da terra, tem se concretizado em diversas Campanhas da Fraternidade, no Fórum Social Mundial realizado em Belém, no 12º Intereclesial das CEBs, e agora na CF de 2011.
O Texto-Base da Campanha deste ano que tem como tema “Fraternidade e a Vida no Planeta” e o Lema: "A criação geme em dores de parto" (Rm 8, 22), focaliza a problemática do aquecimento global, suas consequências em nosso planeta e as atividades do ser humano que estão ocasionando ou no mínimo contribuindo para esta situação no planeta. Ao suscitar preocupações para com a situação em que se encontra o planeta e com os rumos de nossa sociedade, percebemos que ela resulta em maiores dificuldades à vida dos mais necessitados e põe em risco as condições futuras para a vida no planeta.
A reflexão de que esta questão foi agravada pela nossa civilização industrial, e vem se agravando pelo estilo de vida altamente dispendioso em materiais e energia que tende a se difundir, que degradam os bens do planeta e comprometem a sua “saúde”, nos conduz a ações concretas. A solução para que ao menos seja contido o aquecimento global dentro de patamares suportáveis, não é tão simples. É de caráter global, passa por um grande acordo entre as nações, por sacrifícios, especialmente das nações mais ricas e maiores emissoras, por melhores condições de vida de nações inteiras que ainda se encontram em condições de miséria e fome, pela diminuição do apetite de crescimento das empresas, das nações, por inovações em várias áreas que permitam uma pegada ecológica menor. O que certamente resultará na diminuição das emissões de gases de efeito estufa.
Enquanto Igreja, conscientes do papel das comunidades que a compõem, no contexto do Reino, devemos nos revestir da atitude que levou o bom samaritano a reclinar-se sobre aquele sofredor, para que com a força e sabedoria do Espírito, e nos empenhar nesta causa, pois, afinal de contas, “Toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto” (Rm 8, 23).
A Solenidade de Abertura e Lançamento da Campanha da Fraternidade em Porto Velho acontece na Quarta-Feira de Cinzas, no dia 09 de Março, às 09 horas, no Auditório do Centro Arquidiocesano de Pastoral, à Avenida Carlos Gomes, 964, Centro, com a presença de especialistas no assunto. Todos estão convidados.
Fonte: Pascom
Pentecostes: Comunidades de rosto humano!
Palavra de Dom Moacyr Grechi – Arcebispo Emérito de Porto Velho
Páscoa do povo brasileiro - Por Dom Moacyr Grechi
Hoje reafirmamos a nossa fé na ressurreição de Cristo; somos uma Igreja Pascal. Na oração do Credo, proclamamos a ressurreição dos mortos e a vida ete
Verdade libertadora! Por Dom Moacyr Grechi
A Igreja, convocada a fortalecer o povo de Deus na atual conjuntura, é chamada a estar ao lado daqueles “que perderam a esperança e a confiança no B
Lugar seguro para viver! - Por Dom Moacyr Grechi
Diante do aumento da violência agrária que atinge trabalhadores rurais, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pescadores artesanais, defensores de di