Terça-feira, 19 de abril de 2011 - 19h42
“Às vezes este Deus aparece distante, silencioso, incompreensível, escondido. Mas Deus está próximo, mesmo quando se cala. O silêncio fascinante de Deus... Deus chama continuamente o homem à gratuidade, à doação de si aos outros”. Esta verdade expressa pelo teólogo Schillebeeckx nos remete ao seu fascínio diante de um Deus vivo e demasiadamente humano, que não esmaga as pessoas, pelo contrário, olha o sofrimento de seu povo e o liberta. A Igreja deve continuamente purificar-se e tornar-se uma comunidade nova, que mostre aos homens o rosto transcendente e humano, gratuito e surpreendente de Deus.
Para São Cipriano a Igreja nasce do “abraço comunitário” da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito conosco. Somos, portanto, o povo reunido pela unidade trinitária (LG4) e esta “comunhão, segundo o Cardeal Lorscheider, é mais do que democracia, é fraternidade, diálogo, co-responsabilidade, não é a imposição do parecer da maioria à minoria, mas é a simbiose harmônica de todos os pareceres”.
Do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial. Isto é visível desde as primeiras imagens da Igreja: “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às orações” (At 2,42). Dois mil anos depois, continuamos a realizar aquela imagem primordial da Igreja. E, ao fazê-lo na celebração eucarística, os olhos da alma voltam-se para o Tríduo Pascal: para o que se realizou na noite de Quinta-feira Santa, durante a Última Ceia, e nas horas sucessivas (Ecclesia de Eucharistia 3).
Cristo hoje, sobretudo por sua atividade pascal, nos leva a participar do mistério de Deus. Por sua solidariedade conosco, nos torna capazes de vivificar pelo amor nossa atividade e transformar nosso trabalho e nossa história em gesto litúrgico, isto é, de sermos protagonistas com ele da construção da convivência e das dinâmicas humanas que refletem o mistério de Deus e constituem sua glória que vive (doc.Puebla).
Por Cristo, com ele e nele, passamos a participar da comunhão de Deus. Não há outro caminho que leve até ao Pai. Vivendo em Cristo, chegamos a ser seu corpo místico, seu povo, povo de irmãos, unidos pelo amor que derrama em nossos corações o Espírito. Esta é a comunhão à qual chama o Pai por Cristo e por seu Espírito. Para ela se orienta toda a história da salvação e nela se consuma o desígnio amoroso do Pai que nos criou. A comunhão que se há de construir entre os homens abrange-lhes todo o ser desde as raízes do amor, e há de se manifestar em toda a sua vida, até na sua dimensão econômica, social e política. Produzida pelo Pai, o Filho e o Espírito é a comunicação de sua própria comunhão trinitária (DP).
Esta é a comunhão que ansiamos, quando confiamos na providência do Pai ou confessamos a Cristo como Deus Salvador, quando buscamos a graça do Espírito nos sacramentos da Igreja e até quando traçamos sobre nós o sinal da cruz. Nesta comunhão trinitária do povo e da família de Deus, veneramos e invocamos a intercessão da Virgem Maria e a de todos os Santos. Qualquer testemunho autêntico de amor que oferecemos aos bem-aventurados se dirige por sua própria natureza, a Cristo e, por Cristo, a Deus (LG 50).
O Domingo de Ramos abre a Semana Santa. Com a Coleta Nacional de Solidariedade, nosso gesto concreto de partilha, encerramos a Campanha da Fraternidade. Estamos iniciando a Semana Santa, que foi santificada pelos acontecimentos que a liturgia celebra, da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor: o Mistério Pascal.
Entramos nesta Semana com o espírito de paz interior e recolhimento. A Quaresma foi um tempo de trabalho, disciplina, conversão, momentos penitenciais, e agora a Paixão de Cristo. “Deus amou tanto o mundo que lhe deu o Seu Filho Unigênito” (Jo 3,16). Toda a Paixão é sinal do amor de Deus, tornado visível em Jesus Cristo.
O Tríduo Pascal ou o tríduo da paixão e ressurreição abrange a totalidade do mistério pascal. Assim se expressa no calendário: Cristo redimiu o gênero humano e deu perfeita glória a Deus, principalmente através de mistério pascal: morrendo, destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida. Começa com a missa vespertina da ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa, alcança o seu apogeu na vigília pascal e termina com as vésperas do domingo de Páscoa. Todo este espaço de tempo forma uma unidade que inclui os sofrimentos e a glória da ressurreição.
Quinta feira Santa: Neste dia celebramos a instituição do sacerdócio, da Eucaristia e do Mandamento do Amor. Às 8h, na Catedral, a Missa do Crisma, com a presença de todos os presbíteros de Porto Velho; benção dos santos óleos, renovação das promessas sacerdotais e compromisso missionário. Às 19h, Missa da Instituição da Eucaristia e Lava-Pés. Os textos litúrgicos mostram a entrega de Jesus Cristo para a salvação da humanidade. O Lava-Pés é sinal do “amor até ao fim” (Jo 13,1). A transladação solene do Santíssimo Sacramento é um sinal de continuidade entre o sacrifício e a adoração da presença sacramental. Os altares são despidos de toalhas, flores e ornamentos, e se cobrem com panos roxos os crucifixos e as imagens. O Santíssimo Sacramento é velado com orações e cânticos, durante toda a noite até a hora da celebração da morte do Senhor, na Sexta-Feira Santa.
Sexta feira Santa: ”Fui morto na cruz com Cristo" (Gl 2,19). Celebramos a Paixão e Morte do Senhor Jesus, que se entregou livremente para a salvação do mundo. É dia de jejum e abstinência. Não é dia de luto; os antigos chamavam a paixão de “feliz e gloriosa paixão”. É dia de respeito e de adesão à entrega que Jesus fez de si mesmo para nos dar a vida. A Sexta Santa não representa o sofrimento, mas sim uma imagem de salvação para os cristãos. Na Catedral, às 15h30, a Celebração da Paixão de Cristo, às 17h, a Procissão do Senhor Morto e Nossa Senhora das Dores.
Sábado Santo: Este é um dia de serena esperança e preparação orante para a ressurreição. A piedade cristã reza perante a imagem da Virgem das Dores, ela no grande Sábado, recolheu a fé de toda a Igreja; somente ela entre todos os discípulos esperou vigilante a ressurreição do Senhor.
A Vigília Pascal: Após a longa caminhada quaresmal, chegamos ao encontro com aquele que é a luz da vida: Jesus Cristo, vencedor da morte. Na noite da Páscoa, toda a Igreja vigia e canta, saudando a vitória da vida que vence a morte. Na catedral, a Celebração da Páscoa começa às 20h; os fiéis levam velas e também a água para ser abençoada.
A Celebração da Vigília abrange a Celebração da Luz, a Celebração do Círio, a Liturgia da Palavra, a Liturgia Batismal e a Liturgia Eucarística. O círio Pascal simboliza o próprio Ressuscitado. É uma vasta celebração da Palavra de Deus que continua com o batismo e continua com a Eucaristia. Os símbolos são abundantes e de uma grande riqueza espiritual: o ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus e a marcha de Israel no deserto guiado pela coluna de fogo; a liturgia da Palavra com Salmo e oração, percorrendo as etapas da história da salvação; a liturgia da iniciação cristã que incorpora novos filhos na Igreja; a renovação das promessas do batismo e aspersão com a água benta que recorda a água do nosso batismo; por fim a eucaristia que proclama a ressurreição do Senhor, esperando a sua última vinda (1Cor 11,26).
Domingo da páscoa: Toda a criação é convidada a se alegrar na força da Ressuscitado, que venceu a morte. Toda a humanidade, após tantos sofrimentos é convidada para o amanhecer de Cristo, onde brilha a luz, a realização e a alegria da comunhão com Deus. Cristo, embora tenha passado pela morte, venceu-a. Nós também venceremos. Acreditemos na vida. É o Senhor que passa e que nos conduz. Seguidores de Jesus, queremos nesta santa semana, rumo à Páscoa, ser uma fonte de benção para a nossa cidade, família e comunidade!
Fonte: Pascom
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