Domingo, 14 de maio de 2017 - 15h54
Neste 2º domingo do mês de Maio, entregamos a Maria “as alegrias e esperanças, tristezas e angústias” de nosso povo e entregamos, sob sua proteção, todas as mães, imagem do amor divino, hoje homenageadas pelos seus filhos, família e comunidade e abençoadas em sua missão e caminhada.
Às mães que sofrem pela doença ou pelos filhos, pedimos a Maria, através da oração Salve Rainha, que volva “seus olhos misericordiosos a nós” e nos dê “segurança e apoio”; o olhar de Maria fixo em nós é uma antecipação de nosso destino final de salvação; é seu compromisso absoluto conosco. Ela nos abraça em seu olhar, e nos diz “Jamais deixarei ou abandonarei você” (Hb 13,5; Retiro Assembleia/CNBB).
E com o papa Francisco oramos: Salve, esperança nossa, no teu Imaculado Coração, vê as alegrias do ser humano, vê as dores da família humana, que geme e chora neste vale de lágrimas. Com o teu olhar de doçura fortalece a esperança dos filhos de Deus. Com as mãos orantes que elevas ao Senhor, a todos une numa só família humana (Fátima, 12/05).
Estamos no Ano Mariano celebrando os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, nas águas do rio Paraíba do Sul, e o centenário das aparições da Imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Maria, venerada e amada pelo povo brasileiro, é invocada com os mais variados títulos: Nossa Senhora de Nazaré, Auxiliadora, Aparecida, de Fátima, Imaculada Conceição, das Graças, das Candeias; todos esses títulos expressam o amor e a ternura das famílias e comunidades pela Mãe de Jesus, a senhora de todas as Mães.
“Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”; na imagem de Nossa Senhora Aparecida “há algo de perene para se aprender” (papa Francisco). A devoção mariana, no contexto da religiosidade popular, é “um verdadeiro encontro com Deus em Jesus Cristo” (EN 48); as aparições de Maria ao longo da tradição cristã demonstram sua sensibilidade maternal para com os filhos mais marginalizados e necessitados.
Em Maria está presente a dimensão maternal muito valorizada pelo povo e também pela Igreja católica. A maternidade a torna mais próxima do povo. Para os pobres na América Latina, a vida é uma luta tão dura que a relação com Maria, que é terna e misericordiosa, mas ao mesmo tempo poderosa e gloriosa, desenvolve-se no nível de suas necessidades básicas (M.C.Bingemer).
O culto de Maria, por ser o culto da Mãe por excelência, chama fortemente para o concreto da existência. Para o Concílio Vaticano II, Maria é a mulher libertadora; segundo Puebla, Maria é a mulher da encarnação: Ela faz com que, ainda hoje, a Palavra se encarne no seio mesmo da existência (Puebla 299-303).
Inegável a importância fundamental do papel de Maria na historia social dos povos cristãos. Em termos globais, a função básica que exerceu, na história, o símbolo Maria para os pobres foi a de resistência cultural.
Ao tratar do peso politico da dimensão mariana da piedade popular, meu confrade da Ordem dos Servos de Maria, Frei Clodovis Boff, afirma que Maria é símbolo de resistência e de libertação.
Na Igreja da América Latina a piedade popular mariana se desenvolveu através da devoção religiosa, da imitação ética e do compromisso social. A Mãe de Jesus surge aqui como fonte de inspiração para as questões que afetam toda a sociedade. O resultado será o empenho de transformação na linha da igualdade, da justiça e da paz.
Maria tem poder de convocar as multidões, tanto que é o símbolo dinâmico central da “pastoral das Multidões”. Ela arrasta mais gente que qualquer outro símbolo, seja ele um líder politico ou um ídolo de TV. Maria tem a virtude de “massificar”, sem sentido positivo, a mensagem cristã da justiça e difundir, assim, o fermento libertador do evangelho.
Quando não ouvimos o grito do povo, a sociedade sofre. A voz do Povo traz o clamor dos mais pobres que, quando escutado, derruba a ganância de alguns no abuso dos privilégios. Os desgastes na história brasileira e no tecido social do país, que ainda hoje inviabilizam a conquista de mais igualdade e justiça, são fruto desse descaso com a voz do Povo (D. Walmor Azevedo).
Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho e Presidente nacional do CIMI, levou até a Assembleia dos Bispos da CNBB, o clamor dos povos indígenas que pedem: “demarcação e respeito aos territórios demarcados!” Denunciou a violência contra os povos indígenas no Brasil e afirmou que ainda hoje, a defesa dos povos indígenas é uma luta pela vida e contra a morte.
O ataque sistemático e violento aos seus direitos e às suas vidas faz com que se mobilizem em todas as regiões do país. Nas aldeias, nas estradas, nas retomadas, nas autodemarcações, nas incidências e mobilizações, no Brasil e em instâncias multilaterais, continuam fazendo as denúncias contra os projetos de morte do agronegócio e anunciando, em alto e bom som, que estão vivos e que darão suas vidas pelo direito à Vida e ao futuro de suas gerações em seus territórios demarcados e protegidos (Dom Roque Paloschi).
Não podemos ficar insensíveis ao clamor do povo do campo nem aos ataques direto à luta pela terra, pelos territórios, pela água e trabalho, à luta por todos os direitos e pela dignidade das comunidades rurais.
O massacre de Colniza, no noroeste do Mato Grosso, ocorrido no dia 19 de abril, é mais um capítulo de uma longa história que se iniciou em 2004, quando 185 famílias de agricultores foram expulsas de suas posses por pretensos proprietários. Mesmo o juiz tendo concedido reintegração de posse às famílias, os conflitos continuaram. O assassinato destes companheiros não significa simplesmente uma violência contra cada um deles, mas também contra suas famílias, contra a comunidade de Taquaruçu e contra toda a humanidade (CPT).
A liturgia deste 5º domingo da Páscoa convida-nos a refletir sobre a comunidade que nasce de Jesus e cujos membros continuam o “caminho” de Cristo Mestre, dando testemunho do projeto de Deus no mundo, na entrega a Deus e no amor aos homens. Recorda a missão cristã, que consiste em traduzir em nossas vidas o agir do Cristo da Páscoa.
O Evangelho de João define a Igreja: é a comunidade dos discípulos que seguem o “caminho” de Jesus: “caminho” de obediência ao Pai e de dom da vida aos irmãos. Os que acolhem esta proposta e aceitam viver nesta dinâmica tornam-se Homens Novos, que possuem a vida em plenitude e que integram a família de Deus (Jo 14,1-22). A comunidade que segue Jesus não caminha para o fracasso, pois a meta é a vida. Jesus não apresenta apenas uma utopia, mas convida a percorrer um caminho historicamente concreto. Inspirada nos sinais que Jesus realizou, a comunidade criará novos sinais dentro do mundo, abrindo espaços de esperança e vida fraterna (BP).
Para Padre Raymond Gravel, quando Jesus disse que ele é o caminho, a verdade e a vida, a aliança dessas três palavras diz que a verdade do evangelho não é uma doutrina na qual podemos nos fechar, nem um dogma a defender; a verdade é um caminho, um percurso, um trajeto, uma passagem aberta, na qual Cristo nos encontra para nos transmitir sua vida de Ressuscitado. Devemos caminhar sempre independentemente da idade que tivermos, não há idade para trilhar o evangelho.
As leituras descrevem a constituição da comunidade do Cristo. O Livro dos Atos dos Apóstolos apresenta-nos alguns traços que caracterizam a “família de Deus” (Igreja): é uma comunidade de servidores, que recebem dons de Deus e que põem esses dons ao serviço dos irmãos; que vive do Espírito e dele recebe a força de ser testemunha de Jesus na história (At 6,1-7).
A Carta de Pedro também se refere à Igreja: chama-lhe templo espiritual, do qual Cristo é a “pedra angular” e os cristãos “pedras vivas”. Essa Igreja é formada por um “povo sacerdotal”, cuja missão é oferecer a Deus o verdadeiro culto: a obediência aos planos do Pai e o amor incondicional aos irmãos (1Pd 2,4-9).
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