Quarta-feira, 21 de setembro de 2011 - 21h45
No último domingo de setembro, a Igreja do Brasil celebra o “Dia da Bíblia”. Momento propício para fortalecer nossa fé, lembrando-nos da necessidade de conhecer a revelação de Deus contida na Bíblia, sobretudo a vinda do Messias, que é Jesus. A revelação nos mostra o amor de Deus que veio ao nosso encontro para nossa santificação e salvação.
A Liturgia, no Ano A (2008; 2011; 2013), durante o Tempo Comum, nos convida a viver Jesus, Caminho, Verdade e Vida, através das leituras seqüenciais do Evangelho de Mateus(Ano B: Marcos; Ano C: Lucas). Não foi o primeiro evangelho escrito, mas pela sua forma temática é o preferido na leitura dos cristãos e na liturgia da Igreja. São 1068 versículos (Lc tem 1.149). Foi escrito em grego.
Mateus era um homem de Igreja, coordenador de comunidade, preparado e autorizado. Era pastor de almas, não escreveu de gabinete, mas no contexto da comunidade, ou seja, na realidade concreta dos seguidores de Jesus. Ele apresenta Jesus como: o Mestre da Justiça(Mt 3,15): a palavra e a ação de Jesus educam a comunidade para a prática de justiça e ensinam como realizar a vontade do pai. Como o Messias(Mt 16,15): ele é a síntese de todas as promessas do AT. Como o Emanuel(Mt 1,23): que significa “Deus está conosco”. Como a Boa Nova: três pontos altos: o sermão da montanha; a sabedoria do Reino e as parábolas do juízo. E ainda, o comunicador do Pai: Deus está presente em Jesus, comunicando a palavra e a ação que libertam os homens e os reúne como novo povo de Deus. O centro da Comunidade: a comunidade é o lugar onde se manifesta a Palavra de Jesus (mistério de Cristo/mistagogia) MT 28,20. A Semente do reino: semente do novo povo de Deus, povo que é o lugar onde se manifestam a presença, ação e palavra de Jesus.
O Evangelho de Mateus está organizado em 5 partes, dentro de cada uma há um grande discurso, que deve ser estudado pela grandeza de sua mensagem. Introdução: capítulos 1 e 2: A história do Reino. 1ª Parte: capítulos 3 a 7: A justiça do Reino; 2ª Parte: capítulos 8 a 10: A dinâmica do reino; 3ª Parte: capítulos 11 a 13: O mistério do reino; 4ª Parte: capítulos 14 a 18: A semente do reino; 5ª Parte: capítulos 19 a 28: A vinda definitiva do Reino.
Vejamos a Introdução: cap.1 e 2: A história do Reino: O símbolo de Mateus é: homem-anjo porque ele apresenta a genealogia humana de Jesus como judeu da descendência de Abraão e filho de mulher judia.Como filho de Davi Jesus instaura o Reino prometido.Ele é o filho do Deus que está conosco que inicia nova história que traz a salvação para tudo o que destrói a liberdade (pecados). Jesus é Deus salva (cap 1). Jesus aparece como uma ameaça; sinal de salvação para uns e perdição para outros. É preciso fazer uma leitura dos sinais da história para aceitar e seguir Jesus(Cap 2).
1ª Parte: cap. 3 a 7: A justiça do Reino. A justiça e a nova ordem superarão as estruturas legalistas e intrigas políticas. Jesus, através de João convida à mudanças radicais. Lendo os versículos13 a 17 do cap 3 percebemos para que Jesus veio: cumprir toda a justiça realizando a vontade do Pai. O projeto de Jesus é maior que a tentação do ser, ter e poder (cap 4); a atividade de Jesus em ensinar, pregar e curar(evangelizar). O 1ºgrande discurso: o Sermão da Montanha está nos cap 5 a 7e são a síntese da missão de Jesus. Jesus é o Mestre e anunciador do Reino.
2ª Parte: cap. 8 a 10: A dinâmica do Reino: percebemos os sinais do Reino e o que precisa para seguir Jesus. Os cap. 8 e 9 trazem um ciclo de 10 milagres; o cap 10 traz o discurso da missão, o perfil do missionário. O que preciso fazer para me tornar um missionário de verdade?
3ª Parte: cap. 11 a 13: O mistério do Reino: No cap 11 Jesus revela a vontade do pai: estabelecer o Reino (v 25-30). Ele é aquele que veio retirar a carga pesada da injustiça e instaurar a paz e a justiça; somente os pobres e humildes terá a capacidade para entender. No cap 12 Jesus continua a missão, mostrando o valor da pessoa e renovando as consciências (v.15-21; Is 42), cujo sinal é sua morte e ressurreição (38-42). A condenação ou salvação de cada um depende da adesão ou rejeição a Jesus.
No cap 13 Jesus, através do discurso das parábolas, revela os segredos do Reino dos Céus em sete parábolas. O Reino é uma realidade misteriosa do acontecimento último que irrompe na história e a transcende. A sabedoria do Reino (13,52) é a forma de despertar da acomodação. A Revelação não terminou porque é dinâmica e nos ajuda entender a evolução e o crescimento da vida e das coisas. Tirar do baú coisas velhas e coisas novas não é outra coisa do que ter a capacidade de aproveitar o que é bom do passado, abandonando tudo o que atrapalha. Algumas coisas são imutáveis (valores eternos). Jesus condena o conservadorismo. As coisas não essenciais podem mudar sem perder o rumo.
4ª Parte: cap. 14 a 18: A Igreja-semente do Reino: cap 14: o missionário, como Jesus, é um profeta (13,53-58). Deve ser fiel à missão de servir ao povo (13-21); aprender e ensinar a partilhar e, sobretudo, servir aos mais excluídos. Cap 15: Jesus reforça as condições para que o discípulo seja guia das almas. Abre a porta das igrejas e do Reino para todos sem distinção. Cap 16: Jesus ensina interpretar os sinais do Reino e do verdadeiro messias e prepara o líder de sua Igreja; mostra que o seguimento deve ser levado às últimas conseqüências do Reino. No cap. 17: Para entender que a morte gera a vida, Jesus fala novamente de sua morte. No cap.18 Jesus pronuncia o discurso sobre a Igreja; o evangelho de Mateus é o evangelho da Igreja; é o único evangelista que emprega o termo igreja (16,18; 18,17) e manifesta algumas dimensões da identidade e da vida da Igreja. Jesus mostra a Igreja em seu dinamismo interior feito de opção pelo Reino, pela resposta ao chamado, pela fraternidade, misericórdia e perdão. A Igreja é comunidade dos missionários, seguidores de Jesus, que tem uma missão no mundo: ser comunidade enviada a proclamar o alegre anúncio do Senhor (28,18-20); é comunidade de irmãos, conforme o projeto de Deus (18,15-18). A grandeza da comunidade está no serviço, no perdão (18,21-22) e no testemunho.
Para Mateus, a Igreja é o verdadeiro povo de Deus, sinal visível da salvação para a humanidade. A Igreja se encaminha para o reino que é muito mais amplo que a própria Igreja. A Igreja termina sua missão histórica. O Reino permanece eternamente. É definitivo.
5ª Parte: cap. 19 a 28: A vinda definitiva do Reino: O Evangelho de Mateus é uma lição constante que ajuda a penetrar mais na grandeza do Plano de salvação de Deus e nas mensagens de Cristo. As parábolas do juízo final são o fechamento das partes anteriores. Cap 19: Jesus fortalece os discípulos quanto ao seguimento, mostrando a grandeza do matrimônio, da vida consagrada e dos que se entregam completamente à causa do evangelho. No cap 20 Jesus mostra a grandeza do Reino que está acima das diferenças e aonde não há marginalizados. No cap 21 Jesus é o Rei-Messias que entra como um homem simples e pacífico na cidade de Jerusalém: é o confronto entre a justiça e a lógica da violência. Ele desmonta os esquemas de uma sociedade exploradora e corrupta e diz quais os sinais de uma nova comunidade, aquela que dá frutos e é comprometida na fé. Jesus vai além no cap 22: provoca as autoridades civis e religiosas mostrando o destino dos que o rejeitam e colocando as bases da nova sociedade, formada pelos últimos, pelos pobres e oprimidos. Cap 23: o confronto chega às vias de fato: Jesus fala que sua morte será o julgamento definitivo do sistema que explora, do fundamentalismo e da religião formal e legalista.
E Jesus encerra suas palavras com os caps. 24 e 25: Discurso do Juízo Final: a medida da avaliação será a práxis, a vivência e o testemunho, particularmente com os irmãos necessitados (25,34-40). A vida é como uma festa de casamento, só os amigos entrarão nela, quem rejeitar o convite vai ficar fora. O lugar para encontrar o dono da festa é este tempo e este lugar em que vivemos.
O Reino é uma proposta gratuita e o resultado depende da aceitação ou rejeição a Jesus. A Paixão e Morte de Jesus estão nos caps 26 e 27 mostrando que todo sistema que gera a morte é desmascarado e que a vida se manifesta em sua plenitude. A conclusão que Mateus apresenta no cap 28 é que todos somos chamados a participar da nova comunidade de cristãos pelo batismo, a praticar a justiça e a viver como Jesus viveu dando nossa vida pela causa dos pobres e marginalizados. Jesus está vivo é o Deus-conosco(1,23) e estará conosco até o final(28,20). Com Ele somos missionários!
Somos chamados a ser uma Igreja em estado permanente de missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo!” (Mc 16,15)
Jesus Cristo, o grande missionário do Pai, envia, pela força do Espírito, seus discípulos em constante atitude de missão (Mc 16,15). Quem se apaixona por
esus Cristo deve igualmente transbordar Jesus Cristo, no testemunho e no anúncio explícito de Sua Pessoa e Mensagem.
A Igreja é indispensavelmente missionária. Existe para anunciar, por gestos e palavras, a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo. Fechar-se à dimensão missionária implica fechar-se ao Espírito Santo, sempre presente, atuante, impulsionador e defensor (Jo 14, 16; Mt 10,19-20). Em toda a sua história, a Igreja nunca deixou de ser missionária. Em cada tempo e lugar, esta missão assume perspectivas distintas, nunca, porém, deixando de acontecer. Se hoje partilhamos a experiência cristã, é porque alguém nos transmitiu a beleza da Fé, apresentou-nos Jesus Cristo, acolheu-nos na comunidade eclesial e nos fascinou pelo serviço ao Reino de Deus (DGAEI 30-31).
No atual período da história, marcado pela mudança de época, a missão assume um rosto próprio, com pelo menos três características: urgência, amplitude e inclusão. A missão é urgente, é ampla e includente porque reconhece que todas as situações, tempos e locais são seus interlocutores. A atual consciência missionária interpela o discípulo missionário a “sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo”.
Estamos num tempo de urgente saída “em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não têm a última palavra”, um tempo de esquecer o que ficou para trás e correr em busca d’Aquele que já nos alcançou (Fl 3,12-14), um tempo que deve levar a uma forte comoção missionária.
Fonte: Pascom
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