Sábado, 26 de março de 2016 - 18h10
A luminosa e singular Vigília Pascal que antecede a celebração da Páscoa, considerada a mãe de todas as Vigílias, é o centro de todo o Ano Litúrgico. Noite que reúne, de todos os cantos do mundo, o Corpo de Cristo, seu povo. “Corpo flagelado e humilhado de Jesus que é o caminho da justiça, a justiça de Deus que transforma o sofrimento mais atroz na luz da ressurreição”.
Sim, somos o Corpo de Cristo, somos o teu Povo. Somos muitos. Reunimo-nos em muitos lugares da terra, nesta noite da santa vigília, junto do teu sepulcro. Somos muitos, todos unidos pela fé nascida da tua Páscoa, da tua Passagem através da morte, para a Vida nova, a fé que nasce da tua ressurreição (J.Paulo II).
Vigília que nos introduz num dia que não conhece ocaso. Noite na qual a morte cede a passagem à vida. “Lá onde havia um corpo morto e um túmulo sem esperança, iniciou-se uma iluminação do mundo que ainda dura até hoje” (C. Martini).
É nesta noite santa para nós que oramos com o papa Francisco: “Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que o amanhecer do sol é mais forte do que a escuridão da noite. Ó Cruz de Cristo, ensina-nos que a aparente vitória do mal se dissipa diante do túmulo vazio e perante a certeza da Ressurreição e do amor de Deus que nada pode derrotar, obscurecer ou enfraquecer”. “Ó noite ditosa, em que o Céu se une à terra, em que o homem se encontra com Deus!” (Preconio Pascal).
Celebramos hoje a Páscoa de Jesus Cristo e a páscoa dos cristãos, seus membros. Nossos mártires são exemplos de resistência e continuam alimentando o sentido da Páscoa cristã. Precisamos tornar presente a Páscoa de Jesus, fazendo acontecer hoje a passagem da morte para a vida que começa agora e alcança a plenitude na festa que no céu nunca se acaba.
O Relatório “Amazônia, um bioma mergulhado em conflitos”, lançado recentemente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Manaus, visibiliza a situação de conflito em toda a Amazônia; conflitos com mineradoras, com madeireiras, e até confronto com o Incra; casos emblemáticos de conflitos por terras nos estados da Amazônia legal (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão). Embates intensos, de comunidades que são isoladas, e a sociedade não tem conhecimento sobre o que ocorre com essas famílias. Como dado mais evidente da atual realidade estão os assassinatos. “Em 31 anos de documentação, o numero é maior na Amazônia e, nos últimos anos, tem aumentado”, informa Ruben Siqueira da CPT. “Vemos a volta do jagunço, do grileiro, e empresas de segurança acabam fazendo o papel de repressão, combinado ou não com a própria Polícia Militar, que continua sendo braço armado do Estado contra as comunidades”, revela Siqueira.
Somente à luz da fé pascal é possível o reconhecimento de fé de que a paixão e morte de Jesus, em vez de sinal de vitória do mal e da injustiça, é a mais plena realização do amor incondicional de Deus, carregando as dores do mundo, também a dor da oposição humana, sem desfazê-la com ira e sem evitar a cruz (IHu). O amor de Deus pode ser rejeitado e crucificado, mas justamente assim culmina no amor aos inimigos como amor em plenitude.
A liturgia desta Páscoa fala de um novo dia e da busca pelo Cristo Ressuscitado que continua se encarnando todos os dias no nosso mundo (Gravel), da forma como o Papa Francisco nos lembra: “ele está nos pobres e desprezados, nos explorados; eu o vejo na rua, nas pessoas que se prostituem, nos jovens e idosos, nos drogados e alcoólatras para devolver-lhes a autoestima que perderam. Ele está nos doentes e moribundos, nas vítimas de violência de todo tipo, para restabelecer a sua dignidade que lhes foi usurpada”.
O Evangelho de João fala da vida que venceu a morte (Jo 20,1-9). A fé na ressurreição tem dois aspectos. O primeiro é negativo: Jesus não está morto. Ele não é falecido ilustre, ao qual se deve construir um monumento. O sepulcro vazio mostra que Jesus não ficou prisioneiro da morte. O segundo aspecto da ressurreição é positivo: Jesus está vivo, e o discípulo que o ama intui essa realidade (BP).
A ressurreição de Cristo suscita nos seus discípulos a consciência de que ele vive e não foi abandonado pelo Pai, mas confirmado na vida e confirmado também na obra que levou a termo. “A vida venceu a morte”, canta a sequência. O domínio das forças da morte é apenas aparente. A ressurreição de Cristo mostra que a Vida que nele se manifesta é mais forte. A comunidade que se une para viver, com o Ressuscitado, a Vida que ele nos mostrou se sabe no caminho certo (Johan Konings).
A memória de Jesus, na Palavra e na Eucaristia, ensina-nos que ele vive conosco. Ele é o centro de nossa vida. Temos que relacionar tudo com ele, enxergar tudo à sua luz, que venceu as trevas, a vida que venceu a morte, a graça que superou a desgraça e o pecado. Isso é vivenciar a ressurreição de Cristo em nossa própria vida, “procurar as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus”. A nossa vida velha e abatida morreu, temos uma vida nova escondida lá com ele. Isso transforma nosso modo de viver. Mesmo se exteriormente andamos envolvidos com lutas desta sociedade injusta, interiormente já não nos deixamos vencer por ela. Por isso, vivamos de cabeça erguida, os olhos fixos em nossa verdadeira vida, que está nele. Se o pecado nos abate, vamos abrir-nos na comunidade, no sacramento. Se a injustiça nos faz morrer, vamos unir-nos em comunidade em torno a Cristo. Isto é Páscoa, nossa ressurreição com Cristo.
Durante esta semana, far-nos-á bem pegar no Livro do Evangelho e ler os capítulos que falam sobre a Ressurreição de Jesus. Acolhendo este convite do papa, durante esta semana reflitamos na alegria de Maria, Mãe de Jesus Ressuscitado. Do mesmo modo como a sua dor foi íntima, a ponto de trespassar a sua alma, assim a sua alegria foi íntima e profunda, e dela os discípulos podiam haurir. Tendo passado através da experiência de morte e ressurreição do seu Filho, vistas na fé como a expressão suprema do amor de Deus, o Coração de Maria tornou-se um manancial de paz, consolação, esperança e misericórdia. Todas as prerrogativas da nossa Mãe derivam daqui, da sua participação na Páscoa de Jesus. Desde sexta-feira até à aurora de domingo, Ela não perdeu a esperança: pudemos contemplá-la como Mãe das dores, mas, ao mesmo tempo, como Mãe de esperança. Ela, Mãe de todos os discípulos, Mãe da Igreja, é também Mãe de esperança.
Cristo ressuscitou!. Nele, pelo Batismo, também nós ressuscitamos, passamos da morte para a vida, da escravidão do pecado para a liberdade do amor. Eis a boa nova que somos chamados a anunciar aos outros e em todos os ambientes, animados pelo Espírito Santo. A fé na ressurreição de Jesus e a esperança que Ele nos trouxe é o dom mais bonito que o cristão pode e deve oferecer aos irmãos.
Anunciamos a ressurreição de Cristo quando a sua luz ilumina os momentos obscuros da nossa existência e podemos partilhá-la com os outros; quando sabemos sorrir com quem sorri e chorar com quem chora; quando caminhamos ao lado de quem está triste e corre o risco de perder a esperança; quando narramos a nossa experiência de fé a quem está em busca de sentido e de felicidade. Com o nosso comportamento, com o nosso testemunho, com a nossa vida, dizemos: Jesus ressuscitou! Digamos com toda a alma.
A Páscoa é o evento que trouxe a novidade radical para cada ser humano, para a história e para o mundo: é triunfo da vida sobre a morte; é festa do despertar e da regeneração. Deixemos que a nossa existência seja conquistada e transformada pela Ressurreição!
Peçamos à Virgem Maria, silenciosa testemunha da morte e ressurreição do seu Filho, que acrescente em nós a alegria pascal. Na realidade, a nossa alegria é um reflexo da alegria de Maria, porque Ela guardou e guarda com fé os eventos de Jesus. A todos, irmãos e irmãs em Cristo, uma santa e iluminada Páscoa, com muitas bênçãos sobre sua família e comunidade!
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