Domingo, 3 de janeiro de 2016 - 07h15
Neste início de 2016, “confiamos o Brasil ao Senhor da vida e da história”, orando e “pedindo sabedoria para os governantes e paz para nosso povo”. Atentos às surpresas do Espírito de Deus, pois, Deus está além das nossas previsões, queremos “construir a justiça, a confiança e a esperança ao nosso redor” (Mens.“Dia Mundial da Paz”).
A liturgia convida-nos a celebrar hoje a Festa da Epifania (06/01), cujo significado é revelação, teofania, manifestação de Deus à humanidade. Para Paulo VI, dia da “vocação dos povos de todas as nações, sem distinção, a mesma salvação, a mesma sorte”.
Epifania fala-nos do sentido universal da obra de Cristo e da universalidade da salvação; ao mesmo tempo, fala da identidade do Menino de Belém, pelos presentes que lhe são oferecidos: o ouro para mostrar a sua realeza, o incenso para mostrar a sua divindade e a mirra para mostrar a sua humanidade (R.Gravel).
A inserção de Jesus na humanidade, que contemplamos no dia 1º de janeiro (Solenidade da Mãe de Deus) acontece num ponto bem concreto e modesto: um povoado que nem está no mapa dos magos! O ponto por onde passa a salvação não precisa ser grandioso. O humilde povoado visitado pelos magos representa a comunidade-testemunha, o contrário do reino do poderoso Herodes. Belém é centro do mundo, porém não para si mesma, e sim para quem procura a manifestação de Deus. Não sobre Roma nem sobre a Jerusalém de Herodes, mas sobre a Belém do presépio é que a estrela parou. Essa estrela não se importa com o poder humano. Deus manifesta-se no meio dos pobres, no Jesus pobre (VP).
Essa estrela que precedeu o caminho dos Reis Magos mostrou-lhes um caminho novo, um caminho de esperança. Caminho que devemos empreender a cada dia, um caminho que não é traçado previamente, e não sabemos aonde ele nos conduzirá. “Desde os tempos antigos até hoje está entre os diversos povos certa percepção daquela força misteriosa que está presente no curso dos acontecimentos e os acontecimentos da vida humana, de fato, às vezes há o conhecimento da Divindade Suprema, e também do Pai”! Esta percepção e reconhecimento penetra suas vidas em um profundo senso religioso.
A presença da luz é bastante explorada na festa de hoje retomando a dinâmica do Natal. O povo que caminhava errante na escuridão, agora, na claridade do Menino nascido em Belém, vê brilhar a esperança de uma alegria para todos, sem distinções (Mt 2,1-12).
Jesus é o Rei Salvador prometido pelas Escrituras. Sua vinda, porém, desperta reações diferentes. Aqueles que conhecem as Escrituras, em vez de se alegrarem com a realização das promessas, ficam alarmados, vendo em Jesus uma séria ameaça para o seu próprio modo de viver. Outros, apenas guiados por um sinal, procuram Jesus e o acolhem como Rei Salvador. Não basta saber quem é o Messias; é preciso seguir os sinais da história que nos encaminham para reconhecê-lo e aceitá-lo. A cena mostra o destino de Jesus: rejeitado e morto pelas autoridades do seu próprio povo, é aceito pelos pagãos (BP).
Com isso, percebe-se que o Filho de Deus revelado ao mundo “como luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação” (Prefácio) necessita ser acolhido na liberdade da fé, em que, não somente o povo judeu é chamado a corresponder, mas os povos todos. A presença do Filho no interior da nossa história é, para nós, mistério revelado, o ponto focal de abertura às diferenças e de desejo de unidade na diversidade. Pois a missão de Jerusalém, ou da Igreja, numa releitura cristã, é ser luz para as nações e isso significa que ela trabalha na unificação dos filhos e filhas de Deus, dispersos pelo mundo (Is 60,1-6).
“Sob sua luz caminharão os povos, e os reis andarão ao brilho do seu esplendor”. Terminou o tempo do elitismo, de se fechar sobre si próprio... É necessário abrir-se ao mundo, pois Deus não fica reservado a alguns; a sua luz ilumina toda a humanidade (Konings). A única certeza é acreditar que amanhã vai ser melhor que hoje, pois, quando caminhamos juntos sobre os caminhos da esperança, sempre avançamos.
Paulo Apóstolo, em sua carta aos Efésios, fala do mistério de Cristo que a sua fé lhe fez descobrir: a salvação de Deus se inscreve em todas as culturas para todos os homens. “Em Jesus Cristo, por meio do Evangelho, os pagãos são chamados a participar da mesma herança, a formar o mesmo corpo e a participar da mesma promessa” (Ef 3,2-3a. 5-6). Somos o novo povo de Deus, que é a Igreja, corpo e presença atuante de Cristo no mundo de hoje. Todos participam da mesma herança: a salvação em Cristo Jesus. Como Igreja, temos uma ampla batalha para nos tornarmos modelo de abertura, de acolhida e de respeito ao outro.
Com a oração do Salmo 71 (72) acolhemos a manifestação do Senhor em todas as culturas da terra e pedimos que Ele venha como rei da justiça e da paz. Deus é o juiz verdadeiro, que faz justiça, isto é, que defende o direito dos pobres. O Deus da Aliança que, mediante a ação do rei faz justiça ao povo, defende os pobres, protege os indigentes, torna-se o protetor dos abandonados, contra os opressores e violentos.
Em sua mensagem de Ano Novo, o Presidente da Cáritas Síria e Bispo de Aleppo, Dom Antoine Audo, exorta: “Não queremos pão, queremos paz! Sim, a paz como condição para a vida”.
Quanto à situação no país, dom Audo afirma: “Os líderes mundiais devem reconhecer que não pode haver uma solução militar para a Síria, mas que esta solução tem de vir do âmbito político. A comunidade internacional deve cessar de fornecer armamento aos grupos armados no país, com o pretexto de dotar a oposição moderada”.
“Seja a guerra, seja a paz na Síria se encontram sem dúvida nas mãos das grandes potências. Em cinco anos, a Síria passou de um belo e autossuficiente país, rico de recursos humanos, a ser um local em que a população se tornou escrava das potências mundiais. A Síria foi destruída, manchada e despojada de sua beleza. Agora somos um país pobre”, denuncia.
Diante dessa realidade, aCáritas Internacional está lançando uma campanha global, de 12 meses de duração, pela paz na Síria. A finalidade da campanha é mobilizar milhões de pessoas em todo o mundo para pressionar pelo fim da guerra que começou cinco anos atrás e destruiu o país, desestabilizou a região e causou uma das maiores crises de refugiados da era moderna.
A Caritas tem sido testemunha de anos de destruição na Síria, que o Papa Francisco assim expressava já em 1º de setembro de 2013: “Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa!”.
Em sua campanha global, a Cáritas Internacional defende que a comunidade respalde as negociações que envolvam todas as partes da região, sem estabelecer condições prévias, e com um cessar-fogo imediato. “A paz deve surgir da própria região e não ser imposta de fora”, assim pede a entidade, que em comunicado acrescenta: “Enquanto recebemos os refugiados com o respeito e a dignidade que merecem, devemos trabalhar por um país ao qual esses mesmos refugiados possam regressar um dia”.
Temos muitas motivações para viver o novo Ano e assumir nosso papel na construção de um mundo melhor: “O bem tende sempre a comunicar-se. Toda a experiência autêntica de verdade e de beleza procura, por si mesma, a sua expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros. E, uma vez comunicado, o bem se radica e se desenvolve (EG 9).
É tempo, portanto, do “anúncio renovado”, pois a “manifestação do amor imenso em Cristo morto e ressuscitado” nos torna “sempre novos”. “Ele pode sempre renovar a nossa vida, (a nossa família) e a nossa comunidade, e a proposta cristã, nunca envelhece”.
Vivamos “a alegria evangelizadora” que interpela a todos, anunciando a Boa Noticia, sem excluir ninguém, como quem partilha uma alegria e indica um horizonte estupendo (EG 11-13).
Com o papa Francisco peçamos a “santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos a alegria do Evangelho e nenhuma periferia fique privada da sua luz”.
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