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Dom Moacyr

Paz e justiça neste Natal!


 
Estamos completando a nossa caminhada, rumo à festa do Natal. A Palavra que existe desde toda a eternidade torna-se um de nós. O “Verbo se fez carne” (Jo 1,14). Somos convidados a abrir o coração para contemplar o mistério da vida. “Porque nasceu para nos um Menino, um filho nos foi dado: sobre seu ombro está o manto real, e ele se chama Conselheiro Maravilhoso, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da paz. Grande será seu domínio e a paz não terá fim sobre o trono de Davi e ser reino será, firmado e reforçado com o direito e a justiça, desde agora e para sempre” (Is 9, 5-6). 

Jesus Menino encarna e fundamenta a paz, a fraternidade, a alegria, a vida comunitária e vem ao encontro de nossos anseios mais profundos. Não estamos sozinhos! Deus está conosco! 

Os últimos acontecimentos não condizem com o nosso esforço pela paz e com o lema Campanha da Fraternidade deste ano: “A paz é fruto da justiça”. A paz, para florescer, pressupõe um solo de justiça. De que forma podemos avançar no compromisso e na promoção da cultura da paz diante de tanta corrupção política, assassinatos de sacerdotes, injustiças e violências, tragédias provocadas pelas chuvas e pelo descaso das autoridades? 

Padre Alvino Broering, de Itajaí/SC, foi assassinado nesta semana. Diante de tantos sacerdotes, vitimas de violência, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB lançou a seguinte Nota: Mataram mais um irmão! Nós, Bispos do Conselho Episcopal de Pastoral, temos acompanhado, com muita preocupação, a violência praticada contra presbíteros da Igreja Católica no Brasil. Em 2009, foram assassinados: Pe. Ramiro Ludeño (Recife/PE); Pe. Gisley Gomes Azevedo, CSS (Brasília/DF); Pe. Ruggero Ruvoletto (Manaus/AM); Pe. Evaldo Martiol (Caçador/SC) e Pe. Hidalberto Henrique Guimarães (Murici/AL). Estamos inconformados com as agressões praticadas contra o Pe. Joaquim Fonseca, missionário comboniano que trabalha em Roraima. 

Neste ano de 2009, quando a Campanha da Fraternidade chamou a atenção da sociedade brasileira sobre a Segurança Pública, vemos como o clima de insegurança continua trazendo medo, tristeza e dor. A Igreja Católica no Brasil se sente profundamente atingida e indignada diante da violência contra filhos seus cuja vida está sendo ceifada. Reafirmamos que nada justifica a violência! 

A CNBB continuará empenhada na luta pela justiça e paz porque acredita em Jesus Cristo que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10) e lembra: a impunidade é uma das causas do aumento da violência. 

Celebrando o Ano Sacerdotal, manifestamos, mais uma vez, nosso amor e gratidão aos presbíteros do Brasil, e rogamos a Deus que, na fidelidade a Cristo, continuem perseverantes, fiéis, pastores dedicados ao povo que lhes é confiado.(Brasília, 10/12/09).
 
Somos solidários aos bispos das dioceses que perderam seus sacerdotes, e nos unimos à dor de seus familiares e paroquianos que não poderão contar com seu convívio e presença neste Natal. 

Neste ano em que celebramos o Ano Sacerdotal devemos intensificar as orações em nossas comunidades e paróquias por todos os sacerdotes de nossa Arquidiocese e espalhados pelo Brasil e pelo mundo inteiro. 

O Senhor da messe, que chama e convida os trabalhadores que devem trabalhar no seu campo (Mt 9,38), prometeu com fidelidade eterna: “dar-vos-ei pastores segundo o meu coração”(Jer 3, 15 ). O Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros, aprovado pelo Papa João Paulo II, em 1994, expressa de modo conclusivo que, nesta fidelidade divina, sempre viva e ativa na Igreja, repousa a esperança de receber abundantes e santas vocações sacerdotais, aliás já constatáveis em muitos países, bem como a certeza de que o Senhor não faltará à Igreja com a luz necessária para afrontar a aventura apaixonante de lançar as redes ao largo. 

Para realizar a sua missão apostólica, cada sacerdote deve trazer esculpidas no seu coração as palavras do Senhor: “Pai, eu glorifiquei-te na terra, tendo cumprido a obra que tu me destes para fazer, dar a vida eterna aos homens” (Jo 17, 2-4). Por isso, ele gastará a própria vida pelos irmãos.. “Dei-vos o exemplo para que como eu fiz vós façais também”(Jo 13, 15). O testemunho dado com a vida qualifica o presbítero e constitui a sua pregação mais convincente. 

Dirigida aos sacerdotes, a Carta de Natal aos Presbíteros, escrita pelo Cardeal Dom Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo e Prefeito da Congregação para o Clero, convida-nos a renovar para com Cristo aquela intimidade de amigos e discípulos, a fim de reenviar-nos como Seus anunciadores! 

Na vida do Presbítero, continua Dom Cláudio, a oração ocupa necessariamente um lugar central. Não é difícil de entender, porque a oração cultiva a intimidade do discípulo com seu Mestre, Jesus Cristo. Todos sabemos que, ao esvaecer-se a oração, debilita-se a fé e o ministério perde conteúdo e sentido. A consequência existencial para o Presbítero exprime-se em menor alegria e felicidade no ministério cotidiano. É como se o Presbítero, ao seguir os passos de Jesus, lado a lado com tantos outros, perdesse o passo no caminho, ficando sempre mais para trás e mais distante do Mestre, até perdê-Lo de vista no horizonte. A partir de então, caminha sem rumo e vacilante. 

São João Crisóstomo, numa homilia, ao comentar a 1ª Carta de Paulo a Timóteo, adverte sabiamente: “O diabo joga-se contra o pastor .. Com efeito, se matar as ovelhas o rebanho diminui; ao invés, eliminando o pastor, destruirá o rebanho inteiro”. O comentário faz pensar em muitas situações hodiernas. Crisóstomo admoesta que a diminuição dos pastores faz e fará diminuir sempre mais o número dos fiéis e das comunidades. Sem pastores, nossas comunidades serão destruídas! Aqui, porém, desejo, antes de tudo, falar da necessária oração para que, como diria Crisóstomo, os pastores vençam o diabo e não pereçam. Em verdade, sem o alimento essencial da oração, o Presbítero adoece, o discípulo não encontra forças para seguir o Mestre, e assim morre por inanição. Em consequência, seu rebanho se dispersa e morre. 

Realmente, cada Presbítero é, por definição, portador de uma referência essencial à comunidade eclesial. Ele é um discípulo muito especial de Jesus, que o chamou e, pelo sacramento da Ordem, o configurou a Si como Cabeça e Pastor da Igreja. Cristo é o único Pastor, mas quis fazer participar a Seu ministério os Doze e seus Sucessores, mediante os quais também os Presbíteros, ainda que em grau inferior, são feitos participantes deste sacramento, de tal forma que também eles participem, a seu modo próprio, do ministério de Cristo, Cabeça e Pastor. Isso comporta um laço essencial do Presbítero com a comunidade eclesial. Ele não pode omitir-se no que diz respeito a essa responsabilidade, dado que a comunidade sem pastor se desfaz.. Por esta razão, para continuar fiel a Cristo e à comunidade, o Presbítero precisa ser homem de oração, homem que vive na intimidade do Senhor. Necessita, além disso, ser confortado pela oração da Igreja e de cada cristão. As ovelhas devem rezar por seu pastor! 

Que o Natal seja para todos os nossos sacerdotes e paroquianos motivo de solidariedade e de esperança. Saúdo de modo especial as famílias, comunidades fundamentais onde todos encontramos as raízes mais importantes. O milagre da vida brota constantemente do amor dos pais. Que o Natal seja um motivo de encontro, diálogo e de fortalecimento do afeto mútuo. Que o nascimento do Menino Deus nos leve a promover a vida com qualidade para todas as crianças. 

Desejo a todos um abençoado Natal de paz e justiça! 

Bem querido ouvinte, ouvimos as palavras de Dom Moacyr Grechi que nos convida, nesse tempo forte de reflexão a buscar a justiça para que vivamos em paz.

Fonte: Pascom

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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