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Dom Moacyr

PENTECOSTES: DOM DE DEUS PELA VIDA NO PLANETA


No contexto da crise planetária do meio ambiente, a consideração da presença e atuação do Espírito Santo na obra da criação e a necessidade de se resgatar o justo valor da natureza criada e agora ameaçada, motivam-nos nesta preparação à Festa de Pentecostes, reforçando a reflexão temática da Campanha da Fraternidade sobre o cuidado e a vida no planeta.
 

Pela presença e ação do Espírito, Deus faz morada no âmbito de toda a criação e toda a criação se torna templo de Deus. De modo que “pelo Espírito todas as coisas comungam umas com as outras, é o elo e laço, união da biodiversidade do universo; leva a criação não só a desabrochar, mas a amadurecer e chegar à plenitude dos desígnios divinos”. (L.C.Susin).
 

Esta obra singular do Espírito Santo de levar a criação à plenitude, significa a santificação ou cristificação do gênero humano, como também da história e de todo o universo. Nesse sentido, o Espírito opera a obra de reconciliação no âmbito de toda a criação, agindo misteriosamente no interior de cada ser humano para que este aos poucos, se configure a Cristo o Primogênito da criação (TB/CF,14-143).
 

Percebemos ainda esta atuação do Espírito através do testemunho de nossas Comunidades Elesiais de Base, urbanas, rurais e ribeirinhas espalhadas nos diversos municípios que compõem a Arquidiocese. CEBs que estão reunidas em Machadinho d’Oeste neste final de semana, avaliando a caminhada e aprofundando as diretrizes e a característica missionária das Comunidades. Percebemos que a ação do Espírito Santo vai moldando as pessoas reunidas nas mais diversas comunidades cristãs, de modo a transformá-las no corpo de Cristo, vivo e atuante. Este corpo de Cristo que se atualiza na história, está a serviço da grande obra do Espírito, que suscita desde o interior deste processo, o Reino de Cristo.
 

Vivemos tempos de transformações tão radicais, que por certo, nos afligem, mas também nos desafiam a discernir, na força do Espírito Santo, os sinais dos tempos (DGAEIB). O mundo, mergulhado na injustiça e na violência, vive a carência profunda de um Pentecostes. A crença no Espírito da Vida não dá motivos para a complacência ou o desespero. Só para a esperança.
 

“Pentecostes: Dom de Deus pela vida do Planeta” é o tema da Solenidade de Pentecostes que vai reunir todas as comunidades de Porto Velho, Igreja discípula e missionária, no Campo da 17a BRIGADA, no dia 12 de junho, a partir das 16h. Agradecemos a Deus pelo dom do Espírito. Essa festa toda missionária alarga a nossa visão para o mundo inteiro, de modo particular àquelas pessoas que entregaram suas vidas em defesa do planeta Terra.
 

Queremos reafirmar a urgência em ocupar o espaço aberto para o debate sobre o sentido e a importância insubstituível da luta popular e democratizante pela terra, no apoio e cooperação a todos os movimentos de luta pela terra; junto com uma presença realmente evangelizadora nos acampamentos e assentamentos, alimentando uma espiritualidade cristã que contribua para dar profundidade à mística da luta pela terra. Pois essa é uma das formas de amar a Terra, que é Criação amorosa de Deus, destinada a todos os seres vivos e ao ser humano, sua imagem e semelhança, mas que foi e continua sendo maltratada, explorada até o ponto de levá-la ao estresse, a um desequilíbrio que a impede de continuar sendo um ambiente favorável à vida. Ligar a vida cristã ao enfrentamento do aquecimento do planeta e ligar a luta libertadora da Terra e de seus filhos como uma forma de amar ao Criador são duas frentes de debate, de meditação, de motivação pastoral e de mobilização dos seguidores e seguidoras de Jesus Cristo a serviço da vida, realizando a missão de Jesus: "eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância" (Jo 10,10).
 

Nesse contexto, e diante da aprovação do texto que altera o Código Florestal, apoiamos a presidente Dilma Rousseff em vetar qualquer artigo ou item que anistie desmatamento ou regulariza de forma genérica propriedades com áreas degradadas. Reafirmamos nosso posicionamento contrário à aprovação dessas alterações, propondo um amplo debate com a sociedade civil e com especialistas (cf Nota da CNBB 19/8/2010).

 

Dia Mundial das Comunicações Sociais
 

No domingo que antecede a Festa de Pentecostes (5 de junho) acontece o Dia Mundial das Comunicações Sociais, neste ano com o tema: “Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital”.
 

A mensagem do Papa reflete sobre o significado da comunicação, que não é somente um problema de tecnologia, mas, novamente, é levado em consideração o aspecto humano. É um convite para que sejamos cada vez mais autênticos, porque esta é a única maneira de garantir que a comunicação não seja apenas uma transmissão de informações, mas realmente uma comunicação entre seres humanos.
 
O compromisso por um testemunho do Evangelho na era digital exige que todos estejam particularmente atentos aos aspectos desta mensagem que possam desafiar algumas das lógicas típicas da web. Antes de tudo, devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua popularidade ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez mitigando-a. Deve tornar-se alimento cotidiano e não atração de um momento. A verdade do Evangelho não é algo que possa ser objeto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta livre. Mesmo se proclamada no espaço virtual da rede, aquela sempre exige ser encarnada no mundo real e dirigida aos rostos concretos dos irmãos e irmãs com quem partilhamos a vida diária. Por isso permanecem fundamentais as relações humanas diretas na transmissão da fé!

 

O Papa convida os cristãos a unirem-se confiadamente e com criatividade consciente e responsável na rede de relações que a era digital tornou possível; e não simplesmente para satisfazer o desejo de estar presente, mas porque esta rede tornou-se parte integrante da vida humana. A web contribui para o desenvolvimento de formas novas e mais complexas de consciência intelectual e espiritual, de certeza compartilhada.
 

Somos chamados a anunciar, neste campo também, a nossa fé: que Cristo é Deus, o Salvador do homem e da história, Aquele em quem todas as coisas alcançam a sua perfeição (Ef 1,10). A proclamação do Evangelho requer uma forma respeitosa e discreta de comunicação, que estimula o coração e move a consciência; uma forma que recorda o estilo de Jesus ressuscitado quando Se fez companheiro no caminho dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), que foram gradualmente conduzidos à compreensão do mistério mediante a sua companhia, o diálogo com eles, o fazer vir ao de cima com delicadeza o que havia no coração deles.
 

O Papa conclui: “Os cristãos, testemunhando as suas convicções mais profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, encorajam todos a manterem vivas as eternas questões do homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida. Precisamente esta tensão espiritual própria do ser humano é que está por detrás da nossa sede de verdade e comunhão e nos estimula a comunicar com integridade e honestidade”.

Fonte: Pascom

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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