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Dom Moacyr

Pentecostes e a exigência de dignidade!



Pentecostes marca o nascimento da Igreja, por isso, a concentração de todas as redes de comunidades eclesiais, as paróquias, reunidas no campo da 17ª Brigada, neste domingo, a partir das 16h, vai reviver aquela mesma experiência espiritual da descida do Espírito Santo ao mundo, tornando-se um grande Cenáculo e anunciando um novo tempo para a humanidade, no qual o Reino de Deus se desponta como realização de Deus no mundo.
    
A Vigília desse sábado no OSEM vai nos colocando em sintonia com a oração de Maria, Mãe de Jesus (At 1,14), fazendo-nos reviver a experiência da Igreja nascente que comunga a unidade eclesial do povo de Deus. Iniciando esta festa, confessamos a fé no Espírito Santo, como bem fazemos no Credo, manifestando a confiança de que, sem sua presença dinâmica no meio de nós, a Igreja não se mostraria ao mundo como sinal do Reino de Deus, como herança da missão deixada por Jesus. Gente de Opinião
    
Hoje, oramos ao Espírito de Deus para que irrompa em todas as nações e, sobretudo, no povo brasileiro, um novo e esperançoso Pentecostes de vida, de alegria e de paz! “Na Casa Comum, o Espírito de Pentecostes gera acolhida e misericórdia”! Possam nossas comunidades eclesiais continuar partilhando o pão da Palavra, da política, da vida espiritual, da amizade, da dor e que a face de Jesus seja cada vez mais visível entre nós e sua amorosa presença permaneça em nossos corações.

O Espírito de Deus, que dirige o curso dos tempos e renova a face da terra com admirável providência, está presente a esta evolução. E o fermento evangélico despertou e desperta no coração humano uma irreprimível exigência de dignidade (GS 26).
    
“A paz é fruto da justiça”. A verdadeira reconciliação só é possível com a superação das injustiças. Portanto, como traduz o Gogó das CEBs para os dias atuais, não é possível a reconciliação brasileira enquanto não houver reconhecimento dos direitos de todos os brasileiros, a partir dos historicamente excluídos, como negros, índios, pobres, mulheres e as novas demandas da sociedade contemporânea.

“Na Casa Comum, o Espírito de Pentecostes gera acolhida e misericórdia”! Não é possível a reconciliação verdadeira com golpes, com a subtração dos direitos dos aposentados, dos trabalhadores, sem o saneamento, sem habitação digna para todos, sem o respeito pela pluralidade. ­­Ou como disse papa Francisco em outra ocasião, o mínimo é "com terra, com teto, com trabalho”. Devemos prosseguir sem ódio, mas sem conivência, submissão ou bajulação.

A festa de Pentecostes nos oferece a oportunidade de reconhecer o dom do Espírito Santo em cada pessoa e na comunidade (Jo 20,19-23). Quem o acolhe tem todas as condições de vencer a timidez, o medo, a tristeza, o desânimo e a solidão. Em cada um de nós, a partir do batismo, existe essa força do alto que nos enche de autoestima e nos impulsiona a fazer o bem, do mesmo modo como Jesus fez.

O Espírito Santo nos impulsiona a participar ativamente na comunidade, leva-nos ao engajamento em serviços diferentes e ao compromisso de transformar as realidades de pecado e de morte. Ele nos dá a capacidade de diálogo entre nós, com as diversas Igrejas e as diversas culturas. É para a vida em abundância que Deus nos chamou. Nós respondemos afirmativamente, pois acreditamos no mesmo sonho de Jesus (VP).

Cultivamos o trigo, não o joio. A ambivalência da realidade histórica, das pessoas e do mundo e as estruturas de pecado que atravessam o mundo, não anulam a graça. Somos otimistas. O mundo é essencialmente bom porque foi criado e redimido por Deus.

Acreditamos na presença de Deus no outro e em nós, mas temos consciência da fragilidade de nossas obras. Sabemos que carregamos a graça de Deus em vasos de barro. Acreditamos na dimensão escatológica do Reino, mas não adiamos nossos sonhos para o além. Não abrimos mão do fim almejado no aqui, agora e hoje. O fim pode estar presente nos passos do cotidiano.

A ternura do amor que é pra já, e o olhar místico nos fazem ver em redor de nós e, ao mesmo tempo, ver longe. Ação articulada com luta e contemplação pode transformar a mera agitação e o trabalho cotidiano sem graça em ação salvífica (P.Suess).

Ao redor de Jesus ressuscitado se organiza a comunidade cristã. Sua presença é garantia de união, de paz, de alegria e de segurança. Como seus discípulos missionários, vivemos e anunciamos seu amor e seu perdão. A realidade de egoísmo, de opressão e de todas as formas de injustiça será transformada se nos amarmos como Jesus nos amou.

Portanto, o empenho pela promoção da unidade no mesmo projeto de vida digna para todas as pessoas é sinal concreto de adesão a Jesus. A acolhida e a contemplação das diversas expressões religiosas e culturais colaboram para um mundo de paz, dom de Jesus ressuscitado. A valorização dos diferentes ministérios, exercidos com amor, é expressão de louvor e gratidão a Deus, fonte de todas as graças.

A Festa do Divino Espírito Santo está situada liturgicamente 50 dias depois da Páscoa, do êxodo de Jesus ao Pai, significando a plenitude da ressurreição e o cumprimento da promessa: a vinda do Espírito Santo, nosso advogado e protetor nas dificuldades da vida.

O Espírito Santo é o principal protagonista da evangelização. É quem garante a unidade da fé em Jesus Cristo na diversidade de línguas e culturas. Como podemos constatar no conjunto do livro de Atos dos Apóstolos, os discípulos, após a experiência transformadora do Espírito, enchem-se de ousadia e coragem e lançam-se nesta tarefa profética de testemunhar a fé no Salvador, Jesus Cristo. Vários deles até ao martírio (At 2,1-11).
    
Paulo, ao escrever à comunidade de Corinto, orienta quanto aos dons do Espírito Santo, enfatizando que a diversidade de ministérios e modos de ação provém da Trindade santa: do mesmo Espírito, do mesmo Senhor e do mesmo Deus que realiza tudo em todos (1Cor 12,3b-7.12-13).
    
Para o teólogo Antonio Pagola, o sinal mais claro da ação do Espírito é a vida. Deus está onde a vida é despertada e cresce, onde se comunica e expande a vida. O Espírito Santo é sempre “doador de vida”: dilata o coração, ressuscita o que está morto em nós, desperta o que dorme, põe em movimento o que ficou bloqueado. De Deus estamos sempre recebendo “nova energia para a vida” (Jürgen Moltmann).
    
O Espírito Santo é força divina e dom. É Ele “quem move a Igreja; é quem trabalha na Igreja, nos nossos corações; quem faz de cada cristão uma pessoa diversa das outras, mas de todos faz unidade” (papa Francisco).
    
O Espírito Santo é o dom por excelência de Cristo ressuscitado aos seus Apóstolos, mas Ele quer que chegue a todos. É o Espírito Paráclito que dá a coragem de levar o Evangelho pelas estradas do mundo! O Espírito Santo ergue o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo.
    
Pentecostes e exigência de dignidade: Rondônia, foi o estado onde mais aconteceram assassinatos em conflitos agrários em 2015, com um número de 20 no total, e em 2016 já foi registrado 07 casos.

Para debater sobre essa dura realidade, a Comissão Pastoral da Terra, Regional Rondônia, realizará um Seminário sobre conflitos agrários juntamente com uma audiência pública, que acontecerá na seguinte programação: dias 17 e 18/05: Seminário sobre a questão agraria e a regularização fundiária em Rondônia, a acentuada violência no campo, Meio ambiente: agrotóxicos e suas  consequências, Territórios indígenas e populações tradicionais.

No dia 19/05: Audiência Pública sobre Conflitos e violência no campo. As atividades terão a finalidade de levantar um diagnóstico dos conflitos agrários em Rondônia, bem como, denunciar às autoridades brasileiras as mortes causadas pela violência no campo, assim como, seu assombroso aumento (das 8h as 13h,no auditório  da Catedral). Participemos!
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