Sexta-feira, 16 de março de 2012 - 20h53
Queremos, nesta semana, olhar para Jesus Crucificado com os olhos da fé e do amor e experimentar a Misericórdia de Deus que cura-nos das feridas causadas pelos pecados; queremos receber a novidade do Espírito de Deus que, pela morte e ressurreição de Jesus, gera em nós uma vida nova, de homens e mulheres livres.
A experiência da misericórdia de Deus nos transforma em pessoas misericordiosas com nossos semelhantes: “Sejam misericordiosos como o Pai de vocês é misericordioso” (Lc 6,36). Nas páginas da Bíblia, encontramos a misericórdia traduzida em resgate, cura, abrigo, libertação, sustento, proteção, acolhida, generosidade e salvação, tão marcantes na caminhada do Povo de Deus.
A Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini, tema central da próxima Assembleia geral dos Bispos do Brasil, e que trata da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, mostra o sentido do pecado como não escuta da Palavra de Deus:
A Palavra divina desvenda também o pecado que habita no coração do homem. Muitas vezes encontramos, tanto no Antigo como no Novo Testamento, a descrição do pecado como não escuta da Palavra, como ruptura da Aliança e, consequentemente, como fechar-se a Deus que chama à comunhão com Ele (VD 26).
A Sagrada Escritura mostra-nos como o pecado do homem é essencialmente desobediência e “não escuta”. Precisamente a obediência radical de Jesus até à morte de Cruz (Fl 2,8) desmascara totalmente este pecado. Na sua obediência, realiza-se a Nova Aliança entre Deus e o homem e nos é concedida a possibilidade da reconciliação.
Jesus foi mandado pelo Pai como vítima de expiação pelos nossos pecados e pelos do mundo inteiro (1Jo 2,2;4,10; Hb 7,27). Assim, nos é oferecida misericordiosamente a possibilidade da redenção e o início de uma vida nova em Cristo. Por isso, é importante que sejamos educados a reconhecer a raiz do pecado na não escuta da Palavra do Senhor e a acolhermos em Jesus, Verbo de Deus, o perdão que nos abre à salvação (VD 26).
Nesta caminhada quaresmal, experimentemos a alegria do perdão e a alegria que nasce do sentir-se amado de modo novo por Deus, cada vez que seu perdão nos alcança através do sacerdote que nos dá o perdão em nome de Deus. “Pedir com convicção o perdão, recebê-lo com gratidão e dá-lo com generosidade é fonte de uma paz impagável: por isso, é justo e é bonito confessar-se” (B.Forte).
Em todas as paróquias da Arquidiocese de Porto Velho acontece o Mutirão de Confissões, com celebrações penitenciais e diversos sacerdotes atendendo as confissões. O pedido de perdão resgata o sentimento confiante e possibilita a abertura de novos horizontes em vista de relações reconciliadas. Na base da celebração do sacramento da Reconciliação está o pedido de perdão. O pedir perdão encerra um dinamismo humano muito maior do que a simples oração interior, pois insere o ser humano na dinâmica da relação comunitária.
“Pai pequei contra Deus e contra ti, já não mereço que me chamem teu filho”. (Lc 15,21)
O Sacramento da Penitência e da Reconciliação é a festa do reencontro e do amor misericordioso do Pai. É a celebração do perdão e da esperança. São vários os questionamentos sobre o significado deste sacramento, principalmente numa sociedade onde a convivência harmônica e pacífica está se deteriorando gravemente pelo crescimento da violência, onde a vida e a dignidade das pessoas são continuamente ameaçadas (F.Paludo).
Só a absolvição dos pecados que o sacerdote dá a você no sacramento pode comunicar-lhe a certeza interior de ter sido verdadeiramente perdoado e acolhido pelo Pai que está nos céus, porque Cristo confiou ao ministério da Igreja o poder de atar e desatar, de excluir e de admitir na comunidade da aliança (Mt 18,17). É Ele que, ressuscitado da morte, disse aos Apóstolos:
“Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os reterdes, serão retidos” (Jo 20,22-23).
Portanto, confessar-se com um sacerdote é muito diferente de fazê-lo no segredo do coração, exposto a tantas inseguranças e ambiguidades que enchem a vida e a história. Você sozinho não saberá nunca verdadeiramente se quem o tocou foi a graça de Deus ou sua emoção, se quem o perdoou foi você mesmo ou foi Ele pela via que Ele escolheu. Absolvido por quem o Senhor elegeu e enviou como ministro do perdão, você poderá experimentar a liberdade que só Deus dá e compreenderá porque se confessar é fonte de paz.
Busquemos nesse período quaresmal, com maior intensidade a Palavra de Deus que é ”palavra de reconciliação”, porque nela Deus reconcilia consigo todas as coisas (2Cor 5,18-20; Ef 1,10). O perdão misericordioso de Deus, encarnado em Jesus, reabilita o pecador. Pela Palavra de Deus, somos iluminados para poder conhecer os nossos pecados e somos chamados à conversão e à confiança na misericórdia de Deus.
Para que se aprofunde a força reconciliadora da Palavra de Deus, recomenda-se ao penitente preparar-se para a confissão meditando um trecho apropriado da Sagrada Escritura, começar a confissão com a leitura ou a escuta de uma advertência bíblica, depois, ao manifestar a sua contrição, utilizar uma oração composta de palavras da Sagrada Escritura prevista pelo ritual (VD 61).
O Sacramento da Penitência e da Reconciliação é a festa do reencontro e do amor misericordioso do Pai. É a celebração do perdão e da esperança.
E o “pedir perdão” requer a disponibilidade de alguém que se faça “toda escuta” pela acolhida benevolente, pelo ouvir atencioso, permitindo à pessoa abrir seu coração e manifestar seu desejo de ser acolhida e amada numa nova relação.
Saber ouvir é atitude que brota da bem-aventurança da misericórdia e do reconhecimento da grandeza da pessoa do outro, apesar de seus limites (Jo 8,10-11). Nesta hora, o diálogo reveste-se de significativa importância, no sentido de colocar a pessoa no rumo das relações reconciliadas com Deus, com o próximo, com o universo e consigo mesma, pois quem pede também espera ouvir uma palavra reconciliadora, ou seja, uma palavra que lhe dê a certeza do perdão e da paz.
O perdão faz brilhar os olhos e exultar o coração ante as palavras: “irmão/ã tu estás perdoado/a! Tu és amado/a por Deus e livre em Jesus Cristo pela força de seu Espírito. Vá e viva em paz com todos!”
Na liturgia deste domingo o povo se reúne para celebrar a fé no Deus rico em misericórdia que em Cristo nos fez reviver e nos salvou pela graça. A fé é nossa resposta ao amor misericordioso de Deus, e esta gera novas relações entre as pessoas: relações de vida nova, nascidas da fé e de esperanças renovadas.
A crença no Deus do cosmos, no Cristo sofredor e obediente até à morte e no Espírito que habita na realidade nos impele a fazer a experiência da metanoia e a nos converter em agentes de mudança. Da bondade da natureza e da visão ética de relações justas obtemos a força espiritual necessária para viver uma vida de reconciliação entre Deus, suas criaturas e nós mesmos (Secr.Justiça Social e Ecologia da Cia. de Jesus).
Que a alegria, fruto do Espírito Santo (Gl 5,22) nos ajude a entrar na Palavra e fazer com que a Palavra divina entre em nós e frutifique para a vida eterna. Anunciando a Palavra de Deus na força do Espírito Santo, queremos comunicar também a fonte da verdadeira alegria, não uma alegria superficial e efémera, mas aquela que brota da certeza de que só o Senhor Jesus tem palavras de vida eterna (Jo 6,68;VD 123).
E que a alegria recebida da Palavra se estenda a todos aqueles que na fé se deixam transformar pela Palavra de Deus. “Felizes os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática”.
Como Maria, vivamos a espiritualidade pascal e “façamos silêncio para ouvir a Palavra do Senhor e meditá-la, a fim de que a mesma, através da ação eficaz do Espírito Santo, continue a habitar e a viver em nós e a falar-nos ao longo de todos os dias da nossa vida” (VD 124).
Fonte: Arquidiocese
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