Sábado, 29 de setembro de 2012 - 07h03
Com a chegada do mês de outubro, mês missionário, a nossa atenção se volta para a celebração de Nossa Senhora Aparecida, Nazaré, Rosário e dos santos missionários: Francisco e Terezinha.
A procissão de São Francisco, que acontece no dia 4 em Porto Velho desde a década de 20, atrai milhares de fiéis, transformando a Capela de São Francisco nessa época, um local de peregrinação.
O jovem Francisco entrou, certa vez, na capela de Nossa Senhora dos Anjos e escutoutentamente a leitura do Evangelho da missão: os apóstolos são convidados a irem pelo mundo a fora, a não se instalarem no templo, a irem anunciar a Boa Nova, sem calçado, sem títulos, formulando votos de paz, anunciando a liberdade do Evangelho.
A partir desse dia, Francisco viu claramente seu caminho e se tornou um missionário. Com seus vinte e poucos anos, Francisco se torna o homem totus evangelicus. O Evangelho passava a tomar conta dele, até o fim, até o morrer nu na terra nua, ali mesmo nesta abençoada capela ele pode dizer: “É isto que eu quero, isto que busco de todo o meu coração. Agora está claro: eu serei com minha vida e minha história, junto com meus irmãos o anunciador do Evangelho, fascinados pelo Cristo que nos manda pelo mundo à maneira dos apóstolos”.
Eloi Leclerc, de maneira muito feliz, comenta esse encontro de Francisco com o Evangelho: Certamente, naquela manhã de 1208, Francisco não tinha consciência do alcance de sua descoberta para o futuro da Igreja; quando seu coração se tinha iluminado com a claridade do Evangelho que ouvira. Não pensa nos hereges, nem nas cruzadas que o Papa projeta contra eles. Quer apenas responder pessoalmente ao apelo do Senhor. Realiza algo de imenso alcance ao tomar ao pé da letra o Evangelho que acabara de ouvir. Compromete-se em trilhar um caminho novo que possibilitará o encontro do Evangelho com o novo mundo das comunas (…) Numa cristandade solidamente instalada e caracterizada pelo imobilismo do sistema feudal, tal Evangelho soa estranhamente como apelo à mobilidade, à vida itinerante.
Os discípulos são convidados a se porem a caminho e a percorrerem o mundo, à maneira dos mercadores da época. Era preciso ser comerciante ou filho de comerciante para ouvir esse apelo em sua novidade e atualidade. Ao ouvir esse convite, Francisco sente que o seu próprio corpo pede uma resposta. Só tem um desejo: quer partir, apressadamente quer percorrer o mundo, “com passos grandes e paradisíacos”, no dizer de J. Delteil. Numa Igreja que carrega o imenso peso de suas imensas propriedades de terra, que tem calçados de chumbo, Francisco reencontra a leveza e a alegria da caminhada, a exultação da juventude, a impaciência alegre do mensageiro. No mesmo instante, arranca-se de toda instalação territorial, rejeita todo domicilio fixo e todo feudo. Rompe com o sistema político-religioso de seu tempo, o do “senhorio” da Igreja e dos “benefícios”. Redescobre o Evangelho como movimento de Deus para os homens. Reencontra a missão (E. Leclerc. Francisco de Assis. O Retorno ao Evangelho, p. 51-52).
Neste ano, temos mais duas grandes motivações para celebrar o mês de outubro: o dia 11 marca o aniversario de abertura do Concilio Vaticano II(1962-1965) e o inicio do Ano Santo da Fé (documento Porta Fidei).
O segundo motivo de nossa Ação de Graças é a celebração dos 30 anos da criação da Arquidiocese de Porto Velho. A Igreja Particular de Porto Velho foi elevada através da “Bula qui beati Petri” à dignidade de Arquidiocese pelo papa João Paulo II em outubro de 1982. Cristo continua encarnando-se por Ela e com Ela, neste mundo concreto de pessoas que partilham sua fé e são chamadas a serem a Igreja visível e reconhecida.
Ou possibilitamos a encarnação salvadora de Cristo neste meio, ao qual fomos enviados, ou negamos nossa fé, nos envergonhamos do Evangelho e traímos os direitos e a esperança do Povo de Deus.. Porque estamos aqui, aqui devemos comprometer-nos, até o fim..(P.Casaldaliga).
O Papa, em sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano, intitulada “Chamados a fazer brilhar a Palavra de verdade” (PF,6) fala que “o anseio de anunciar Cristo nos impulsiona a ler a história para analisar os problemas, aspirações e esperanças da humanidade, que Cristo deve curar, purificar e preencher com a sua presença. A sua mensagem, de fato, é sempre atual, penetra no coração da história e pode dar resposta às inquietações mais profundas de todo homem. Por isso, a Igreja deve estar consciente de que “os horizontes imensos da missão eclesial e a complexidade da situação presente requerem hoje modalidades renovadas para se poder comunicar eficazmente a Palavra de Deus (VD 97). Isto exige, antes de tudo, uma renovada adesão de fé pessoal e comunitária ao Evangelho de Jesus Cristo, “num momento de profunda mudança como este que a humanidade está vivendo” (PF 8).
Ressalta que um dos obstáculos ao impulso evangelizador é a crise de fé, não apenas no mundo ocidental, mas em grande parte da humanidade, que, faminta e sedenta de Deus, também deve ser convidada e conduzida ao pão de vida e à água viva, como a Samaritana que vai ao poço de Jacó e dialoga com Cristo. Como narra o Evangelista João, a vicissitude desta mulher é particularmente significativa (Jo 4,1-30): encontra Jesus, que lhe pede de beber, mas depois lhe fala de uma água nova, capaz de saciar a sede para sempre. No início, a mulher não entende, permanece no nível material, mas lentamente é conduzida pelo Senhor a realizar um caminho de fé que a leva a reconhecê-lo como o Messias. A esse propósito, Santo Agostinho afirma: depois de acolher Cristo Senhor no coração, que mais poderia ter feito (aquela mulher) senão abandonar a ânfora e correr para anunciar a boa nova? (Homilia 15, 30).
O encontro com Cristo como pessoa viva que sacia a sede do coração só pode levar ao desejo de compartilhar com os outros a alegria desta presença e fazê-Lo conhecer para que todos possam experimentá-la. É preciso renovar o entusiasmo de comunicar a fé para promover uma nova evangelização das comunidades e dos países de antiga tradição cristã que estão perdendo Deus como referência, a fim de redescobrir a alegria de crer. A preocupação de evangelizar nunca deve permanecer à margem da atividade eclesial e da vida pessoal do cristão, mas sim caracterizá-la fortemente, conscientes de ser destinatários e, ao mesmo tempo, missionários do Evangelho.
A fé é um dom que nos é dado para ser compartilhado; é um talento recebido para que produza frutos; é uma luz que não deve ficar escondida, mas iluminar toda a casa. É o dom mais importante que nos foi feito em nossa existência e que não podemos guardar para nós mesmos.
Partilhemos a nossa fé e sejamos uma Igreja missionária. O tema do mês missionário deste ano é “Brasil Missionário, partilha a tua Fé”. Este tema nos convida a partilhar a fé e recorda-nos que a tarefa missionária continua urgente e sem fronteiras.
A fé continua a servir de veículo criador do espirito e das praticas comunitárias. O Evangelho nos assegura que a força dos fracos é invencível.
Que nesta semana que antecede as Eleições, possamos dar testemunho da fé cristã fortalecendo a democracia segundo as “exigências éticas” da ordem social. É tradição da Igreja contribuir nas campanhas eleitorais com orientações aos seus fieis e aos cidadãos, firmadas na ética e na cidadania à luz do Evangelho.
Nas eleições do próximo dia 7 de outubro, um dos momentos decisivos para a democracia do país com a escolha dos prefeitos e vereadores dos municípios, lembremo-nos da importância de se votar em candidatos “Ficha Limpa”. Com a novidade da Lei da Ficha Limpa, vitória da mobilização popular, as próximas eleições despertam a grande expectativa de que as urnas, ao receberem o voto consciente e livre do eleitor, excluam candidatos cuja vida e prática não os credenciam aos cargos pleiteados.
Assistimos a um desencanto da população em relação à política. Contribuem para isso, mais que as denúncias de corrupção e desvio de conduta, a impunidade e a complacência com os culpados. É oportuno recordar que “a recuperação da política passa pela moralização dos políticos como verdadeiros homens de Estado e não negociantes do poder, enredados em jogadas pessoais (CNBB).
Fonte: Arquidiocese
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