Domingo, 12 de fevereiro de 2017 - 07h50
O 1º Encontro Ibero-americano de Teologia reuniu grandes teólogos da atualidade para analisar o momento presente e discernir, como comunidade teológica latino-americana, por onde Deus passa hoje em nossa história e como estamos respondendo aos desafios do presente.
Objetivou também debater o processo de mudanças do Papa Francisco, a partir das chaves da “globalização, da exclusão e da interculturalidade”, no qual, ele encontra resistências por parte alguns movimentos e hierarquia (IHu).
Segundo o teólogo Gustavo Gutiérrez, para fazer teologia é preciso estar em contato com a realidade. No Encontro, ao abordar o tema da pobreza e suas causas, afirmou que “a pobreza nunca é boa, porque sempre é morte precoce e injusta” e “o compromisso com o pobre não pode evitar a denúncia das causas da pobreza”. Para ele, a pobreza é um “assunto teológico, que expressa a fratura da criação”.
Ao tratar novamente da questão ecológica, a Campanha da Fraternidade deste ano, que tem início na 4ª Feira de Cinzas (1º/03) com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15) convida-nos a defender a vida e a diversidade dos biomas, através do cuidado e do respeito com a cultura dos povos que neles habitam.
O colonialismo ideológico globalizante impõe receitas supraculturais que não respeitam a identidade dos povos, afirmou papa Francisco no III Encontro Mundial dos Movimentos Populares: Vocês seguem por outro caminho que é, ao mesmo tempo, local e universal. Um caminho que nos recorda como Jesus pediu para organizar a multidão em grupos para distribuir o pão.
O papa, que acredita no esforço multiplicador de milhões de pessoas que trabalham pela justiça em todo o mundo, e que diariamente lançam raízes, advertiu que existem forças poderosas que podem neutralizar este processo de amadurecimento de uma mudança que seja capaz de deslocar o primado do dinheiro e colocar novamente no centro o ser humano:
Esse “fio invisível”, essa estrutura injusta que liga todas as exclusões pode consolidar-se e transformar-se em um chicote, um chicote existencial que, no Antigo Testamento, escraviza, rouba a liberdade, fere sem misericórdia alguns e ameaça constantemente os outros, para abater a todos como gado até onde quer o dinheiro divinizado. Há um terrorismo de base que emana do controle global do dinheiro sobre a terra e ameaça toda a humanidade. Há quase cem anos, Pio XI previa o crescimento de uma ditadura econômica global que ele chamou de “imperialismo internacional do dinheiro” (QA 109).
Nenhuma tirania se sustenta sem explorar os nossos medos. Por isso, toda a tirania é terrorista. E quando este terror é semeado nas periferias com massacres, saques, opressão e injustiça, explode nos centros com diversas formas de violência, inclusive com atentados odiosos e covardes, os cidadãos que ainda conservam alguns direitos são tentados pela falsa segurança dos muros físicos ou sociais. Muros que fecham alguns e exilam outros. Cidadãos murados, aterrorizados, de um lado; excluídos, exilados, ainda mais aterrorizados, de outro. É essa a vida que Deus nosso Pai quer para os seus filhos?
No Encontro de preparação ao 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, que será celebrado em Londrina (23-27/01/2018), os representantes da Ampliada Nacional debateram, a partir dos desafios do mundo urbano (tema do 14º), os passos para que o Intereclesial seja um momento que ajude as CEBs a encontrar pistas, que permitam fazer presente na cultura urbana do século XXI a Boa Noticia do Reino.
O Assessor do Encontro, sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira, analisou a situação brasileira como um reflexo da tendência mundial; o domínio do capital, centrado no comercio de commodities e nas mãos de grupos que só prestam contas aos investidores. O sistema financeiro tem provocado aumento da exploração dos trabalhadores e do Planeta. A ameaça de uma guerra, inclusive nuclear, aparece no horizonte como uma preocupação para grande parte de população mundial. No Brasil, a privatização do Estado, tornando-se donos do capital os herdeiros da elite; as derrotas da classe trabalhadora aumentaram tornando os trabalhadores os “derrotados de uma causa invencível”, conforme Dom Pedro Casaldáliga.
Na Mensagem da Ampliada nacional das Cebs ao Povo de Deus, somos chamados “a sair da própria comodidade e a nos dirigir às periferias” (EG 20). A buscar alternativas para uma sociedade de partilha, sem concentração, uma cultura urbana respeitosa à Casa Comum e uma Igreja em saída. A refletir na expansão da pobreza, na inescrupulosa apropriação da generosa oferta do Planeta por poucos e no vergonhoso tratamento dado à “verdade”.
Somos impelidos a construir o jeito de ser Igreja, próprio às comunidades de base, fiéis ao espírito das bem-aventuranças: uma Igreja com protagonismo laical, servidora e samaritana no meio do povo. É esse o modo de vida que Jesus nos propõe. Diante da profecia que diz: “Eu vi e ouvi os clamores do povo e desci para libertá-lo”, sejamos os braços que o Senhor necessita para ajudar a ceifar a messe!
A liturgia deste domingo está centrada na verdadeira justiça. Não aquela que ignora garantias fundamentais, nem aquela que abre mão do direito por motivos políticos.
Não basta observar leis para ser justo; é preciso observá-las de maneira pessoal, consciente daquilo que se está fazendo, a fim de realizar o bem a que a lei visa. Isso se chama: agir conforme o espírito da lei. Vale para a lei civil e, muito mais ainda, quando se trata da lei de Deus: devemos observá-la conforme o Espírito de Deus (Konings).
A letra da lei mata, o Espírito vivifica. Os nossos pais na fé, os antigos israelitas, veneravam a Lei (religiosa e civil ao mesmo tempo) como uma encarnação da sabedoria e do espírito de Deus. O salmo 118(119) é um bom exemplo disto. A Lei era uma luz, um caminho, uma razão de justo orgulho perante os outros povos (Dt 4,7-8). O amor e a fidelidade à Lei de Deus constituíam toda a justiça e santidade do povo de Israel.
O texto do Eclesiástico destaca a liberdade de escolha, o livre-arbítrio do ser humano diante da vontade de Deus (Eclo 15,16-21). O autor acentua a responsabilidade humana quando decide se rebelar contra Deus. Quem obedece à vontade de Deus, expressa principalmente na Escritura, tem qualidade de vida. A vontade de Deus gera vida em plenitude, o pecado gera morte. Tanto a vida quanto a morte, entendidas nesse sentido, são consequências das escolhas humanas (VP).
O Evangelho nos mostra um cristianismo exigente e evidencia a sabedoria de Deus que é Cristo. No “Sermão da Montanha”, Jesus dá a nova Lei ao novo povo de Deus, assim como outrora Moisés subiu o monte Sinai para dar a Lei ao povo da Antiga Aliança. No entanto, esclarece que não veio para “abolir a Lei e os Profetas”, mas sim para dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17-37). Em Jesus, a Lei adquire o verdadeiro sentido, a verdadeira justiça.
Ao ensinar o verdadeiro sentido da Lei, eleva-a à plenitude, tornando-a mais exigente. Jesus vai além do “não matar”, excluindo qualquer tipo de dano ao irmão; ultrapassa a letra da lei advertindo sobre a raiz do pecado do adultério, que está no coração do homem; não aceita a prática do divórcio em vigor; expressa a importância da verdade: “seja o vosso sim: Sim e o vosso não: Não”. Ele exige muito mais: que o nosso coração não se encha de ódio contra o irmão, não deseje as coisas do próximo. Que nosso olhar se livre de ganâncias, nossas mãos, que representam nossas ações, não sejam fontes de pecados, de injustiças.
Paulo Apóstolo fala da sabedoria do mundo e a de Deus. Esta “despistou” os poderosos do cosmo, fazendo com que o Filho de Deus viesse entre nós, revestido de fragilidade (1Cor 2,6-10).
Na fragilidade de sua vida humana e totalmente ofertada ao Pai como dom de amor, Jesus desvenda aquilo que Deus “preparou desde toda a eternidade” para os seres humanos: o amor ao extremo. É, pois, na adesão à vida de Cristo que consiste a sabedoria divina, não reconhecida pelos poderosos, porque foge da lógica deste mundo. Somente aquele que se despoja da própria vida será capaz de reconhecer a sabedoria de Deus, que é Jesus Cristo crucificado.
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