O encerramento do Ano da Fé acontece no dia 24 de novembro, Solenidade de Cristo Rei e Dia Nacional dos Cristãos Leigos. Neste tempo de comemoração do cinquentenário do Concílio Vaticano II, refletimos a identidade, vocação e missão dos leigos, presença cada vez mais atuante nos espaços sociais, políticos, econômicos e culturais do país.
O papa Pio XI instituiu a solenidade de Cristo Rei para incentivar os cristãos a fazer de sua presença no mundo uma força de transformação. Cristo é rei pela sua cruz. E o reinado de Cristo chega ao nosso mundo por meio de pequenos gestos, pois “gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares não importantes, consegue mudanças extraordinárias”.
O Documento de Aparecida, frente aos desafios da globalização, convoca os cristãos leigos para serem protagonistas na ação evangelizadora da Igreja e sua presença transformadora na sociedade: “Sentimos um forte chamado para promover uma globalização diferente, que esteja marcada pela solidariedade, pela justiça e pelo respeito aos direitos humanos” (DAp 64).
Odia da Consciência Negra e memória do martírio de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência contra a escravidão (20/11), é um momento forte para assumir o compromisso e a responsabilidade na luta pela inserção cidadã dos afrodescendentes que constituem a metade da população brasileira. Dos 16 milhões de brasileiros que vivem à margem da sociedade, em situação de miséria e exclusão social, 70% são negros. Através da Pastoral Afro-brasileira, a Igreja promove a vivência do diálogo com as diversas formas de religiosidade, objetivando a realização do projeto de Cristo: uma família humana da qual Deus é o único Pai. Este é o caminho para a paz entre os povos e as nações (CNBB).
A liturgia continua falando de esperança: o objetivo é animar os cristãos em sua caminhada de fé diante dos desafios a serem enfrentados. Se os desafios são grandes, mais ainda a disposição para agir e a disponibilidade para acertar. Destacamos ainda na liturgia de hoje (Lc 21,5-19) a ação de Deus na destruição do mal e na implantação da justiça sobre a terra (VP) e o testemunho de fé.
Existem no Brasil inúmeros grupos de pessoas que, inspiradas na mensagem evangélica, atuam em movimentos populares, sindicatos, partidos políticos e outros espaços de organização social. Algumas dessas pessoas se reúnem em grupos informais de reflexão, celebração e aprofundamento. A maioria, porém, se sente isolada e necessita de meios de reflexão para a sua prática.
É nesse contexto que atua o Movimento Fé e Política, que é ecumênico, não confessional e não partidário (Conic). Está aberto a todos que consideram a política uma dimensão fundamental da vivência de sua fé, e a fé o horizonte de sua utopia política.
Porque acreditam, milhares de pessoas de todo o Brasil estão reunidas no 9º Encontro Nacional de Fé e Política (15-17/11), que tem como tema: “Cultura do bem viver: partilha e poder” e como assessores: Frei Beto, Carlos Mesters, Pastora Gabriela Chamorro, Paul Singer, dentre outros.
QuatroCampanhas chamam a nossa atenção neste mês de novembro; elas estão acontecendo ou sendo preparadas e nos convocam a participar, através de ações efetivas:
1. Campanha pela Reforma Política: A CNBB, ciente da necessidade de mudanças mais profundas na realidade política do Brasil, criou uma Comissão de Acompanhamento da Reforma Política. Recentemente, enviou aos bispos a proposta de Projeto de Lei de Iniciativa Popular para uma Reforma Política no Brasil, a Ficha para a Coleta de assinaturas (site da CNBB) e uma Carta da Comissão, assinada pelo seu presidente, Dom Joaquim Mol. Esta Carta foi apresentada ao Conselho Permanente da CNBB em 24/10, informando sobre os acontecimentos e convidando os bispos a participarem, em suas dioceses, desta Campanha. Eis os principais pontos da carta:
Várias tentativas de Reforma Política foram feitas no Congresso Nacional. Todas infrutíferas por que a maior parte dos congressistas não tem interesse em reformar o sistema político e eleitoral do nosso país. Algumas entidades organizadas na sociedade civil, percebendo a dificuldade instalada no Congresso Nacional, organizaram debates e formularam propostas de Reforma Política, com o intuito de coletarem assinaturas para um Projeto de Lei de Iniciativa Popular. Ao perceber o ambiente político modificado pelas manifestações a partir de junho e ao mesmo tempo as várias propostas de Reforma Política em circulação, mas sem a necessária conjunção de forças, a CNBB convidou um conjunto expressivo de entidades da sociedade civil, para um encontro (14/08), com vistas a unificar os objetivos e as áreas a serem reformadas (15 entidades compareceram e aceitaram a proposta).
Nesta 1ª reunião foi eleita a coordenação do movimento e definida sua tarefa: apresentar uma proposta de Projeto de Lei de Reforma Política para o Brasil, abrangendo 05 áreas, dentre elas: o afastamento do poder econômico das eleições e a regulamentação dos instrumentos da democracia direta, previstos no Art.14 da Constituição: projeto de lei de iniciativa popular, referendo e plebiscito.
No dia 3/9, num ato público foi dado ao conhecimento a proposta unificada do Projeto de Lei com o nome de "Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas", bem como a unificação dos esforços de entidades e pessoas pela urgente Reforma Política (35 entidades assinaram). A proposta de Reforma Política foi entregue ao presidente da Câmara Federal por 44 entidades, no dia 10/9. Apesar do compromisso do presidente e do apoio de mais de 130 parlamentares, a Reforma Política não foi colocada em votação.
Como a proposta foi elaborada no formato de Projeto de Lei de Iniciativa Popular, acompanhada da folha de assinaturas, precisamos desencadear uma campanha cívica, unificada, solidária pela efetivação da Reforma Política, assim como aconteceu, vitoriosamente, em vários outros momentos da história recente do Brasil, como as campanhas pelas eleições diretas, ficha limpa, recursos para a saúde. A CNBB também está mobilizando as suas bases para a coleta de um milhão e meio de assinaturas exigidas constitucionalmente para a proposta. A OAB, uma das idealizadoras da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, ao lado da CNBB, convocou a advocacia brasileira a apoiar o Projeto de Lei (PL) nº 6316/2013.
É hora de participar envolvendo a família e a comunidade.
2. Campanha Mundial de Combate à fome: A abertura acontece no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos (25 anos do assassinato de Chico Mendes). Com o tema: “Uma família humana: pão e justiça para todos”, a Campanha mundial, assumida pela Caritas Brasileira e apoiada pela CNBB, quer sensibilizar e mobilizar a sociedade sobre a fome, miséria e desigualdade no mundo e no Brasil, para que todos colaborem para uma mudança efetiva da situação. De modo especial, nossa solidariedade se estende hoje aos irmãos filipinos que estão sofrendo as consequências do tufão Haiyan (8/11).
3. Campanha para a Evangelização: EstaCampanha começa no próximo dia 24: Festa de Cristo Rei e termina no 3º domingo do Advento (15 de dezembro), quando se realiza a Coleta para a evangelização. Tem como objetivos a conscientização dos cristãos, unidos a Cristo pela graça do Batismo, para que participem da missão evangelizadora da Igreja; a colaboração de todos na missão da Igreja através do testemunho e de inserção nas pastorais, garantia de recursos materiais e apoio às estruturas da Igreja e às ações evangelizadoras nas dioceses, Regionais e em âmbito nacional. A CE acontece no tempo do Advento seguindo a sua espiritualidade, tendo como eixo central de reflexão o mistério da Encarnação. Tempo propício que nos recorda o compromisso evangelizador da Igreja. É fundamental a nossa participação.
4. Campanhada Fraternidade 2014: Com o tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1), comunidades, pastorais e paroquias preparam-se para esta Campanha, cuja abertura será no dia 05 de março de 2014. Tem por objetivo a mobilização da sociedade através da denúncia do tráfico humano e sua erradicação. Um estudo realizado pela Organização Internacional para as Migrações apontou o Brasil como um dos países fonte de vítimas de tráfico humano, ao lado da Bulgária, China, Índia, Nigéria. Entre os principais estão a Ucrânia, o Haiti e o Iêmen.