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Dom Moacyr

Porto Velho acolhe o 12º Intereclesial das CEBs



A cidade hospitaleira de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, que tem como característica ser progressista e está em plena expansão, torna-se cenário nesta semana de um evento eclesial de grande importância para o Estado e para todo o país. Trata-se do 12º. Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base que tem como tema CEBs, Ecologia e Missão e o lema: Do ventre da terra o grito que vem da Amazônia.

Nossa cidade acolhe, abraça e vive o Intereclesial recebendo de braços abertos todos os representantes das 272 dioceses do Brasil que abrange quase 9 mil paróquias e mais de 100 mil comunidades eclesiais de base. O número até o presente confirmado é de 2.903 participantes, sendo 2.531 delegados, 94 representantes dos povos indígenas, 61 pessoas da América Latina, 32 jornalistas e comunicadores, 53 bispos, 35 convidados, 97 assessores. Esses números representam 90% dos participantes, os demais ainda estão sendo credenciados.

A Igreja de Porto Velho tem como objetivo “Evangelizar, a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, inculturando-se no meio urbano, rural, ribeirinho e dos povos da floresta, preservando a criação, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, “para que todos tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10)

Dentre os esforços pastorais que frutificam nas paróquias e favorecem o encontro com Cristo Vivo o documento de Aparecida destaca: o processo de renovação pastoral mediante diversos métodos de nova evangelização que se transformam em comunidade de comunidades evangelizadas e missionárias, inclusive o florescimento de comunidades eclesiais de base. (DAp 99e)

Nossa Igreja é comunhão no amor, pastora da criação, seguidora de Cristo e servidora da humanidade. O que nos une é o reconhecimento de que somos irmãos e irmãs, obedientes a Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, todos os membros unidos à mesma Cabeça, por isso, somos chamados a cuidar uns dos outros (1 Cor 13; Cl 3,12-14). (DAp 161-163)

Dessa forma o amor circula e há um clima impregnado de boa energia e entusiasmo, que nasce da alegria de servir, na diversidade dos ministérios e pastorais, nos dons de cada um que se complementam e na vitalidade missionária. Somos Igreja-comunhão, Igreja-povo de Deus, e não há como separar comunhão de missão. Neste chão da Amazônia onde nascemos e que Deus nos colocou para viver e dar vida é um lugar de comunhão e para a comunhão rumo à missão permanente.

O 12º. Intereclesial das CEBs de Porto Velho de 21 a 25 de julho de 2009 é um lugar de comunhão, para a comunhão, lugar de encontro com Jesus Cristo, lugar de formação para os discípulos missionários. É a Festa da Comunhão, do Serviço e da Fraternidade que caracteriza todos os Intereclesiais. O Espírito de Deus continua conduzindo firmemente a Igreja chamada a ser sinal do Reino de Deus para o mundo.

Neste 12º. Intereclesial que tem como protagonistas os delegados, verdadeiros apóstolos enviados pela Igreja Particular, bispos, padres e convidados, assessores, famílias acolhedoras e os milhares de leigos, missionários e missionárias, voluntários das equipes de serviço, juntos vamos viver a experiência de como é bom ver e ouvir, lembrar e sentir. Mestre onde moras? – Vinde e vede. O VER é a primeira parte dentro da metodologia do encontro.

Por que é bom lembrar? Prá gente nunca esquecer como nasceram nossas pequenas comunidades, a história de fé do nosso povo das pequenas comunidades dos bairros e municípios,regiões rurais e ribeirinhas, o jeito de Deus em nos guiar e a nossa resposta nas alegrias e no sofrimento.

Segundo o Ministro Nelson Jobim, da Defesa, no ano passado, após sobrevoar Rondônia falou sobre o desmatamento: “Eu achava que era exagero da mídia, mas não imaginava ver o que vi. Há um completo desconhecimento no resto do país sobre o que está acontecendo em Rondônia”.

Falando do impacto do desmatamento, Dom Erwin afirma: Os povos indígenas morrem, se morre o lar em que vivem. Os ribeirinhos morrem quando não há mais mata e ainda, por cima, os rios estão poluídos. A agropecuária é sustentada pelos agrotóxicos, que poluem os mananciais e contaminam os alimentos. O espectro da morte nos rodeia a todos.

Onde realmente Jesus mora? Que lugar ele ocupa neste meio ambiente que não estamos cuidando? Nossa cidade é humanizadora? Nossa comunidade é acolhedora? Que gritos estão ecoando? Sabemos ouvir o clamor dos irmãos que aqui chegam? Com alegria e orgulho vamos mostrar o nosso jeito amazonida de acolher e de ser Igreja.

É bom caminhar. Nesta segunda parte do encontro o JULGAR: “Eu vos conduzirei numa terra onde corre leite e mel” “uma terra sem males”! Lemos no Texto-base: “O Intereclesial das CEBs, preparado e realizado no coração da Amazônia, é um momento histórico”, os intereclesiais “ são estrelas que nos guiam, nos provocam a nos colocar a caminho como se colocaram a caminho os sábios e sábias que viram no céu a estrela, perceberam o novo despontando no antigo. Então silenciamos, aguçamos a vista, colocamos em alerta nossos ouvidos, abrimos nossas mentes, nosso coração para a Palavra de Deus que somos convidados a ouvir, a escrever hoje a partir da Amazônia. (Téa Frigério)

Que sinais positivos de uma nova Amazônia estamos percebendo? É possível um novo projeto para o Brasil? Há sinais de esperança? Lemos no Texto-Base: A ameaça se faz presente.. o “Planeta Amazônia” não é uma questão regional, ..até o Bradesco já se auto-intitula “O Banco do Planeta”... O Projeto Amazônia. ..apresenta a grande região como o diferencial que poderá transformar o país, sugerindo um modelo que usa a Amazônia para objetivos coletivos nacionais, mas esquiva-se de encaixar a extensão dos benefícios aos amazônidas como alvo prioritário. É, na verdade, um Projeto Brasil na garupa das ‘amazonidades’. Nele, os amazônidas não são protagonistas, são talvez figurantes, embora indispensáveis. (Armando Dias Mendes)

Nós até podemos caminhar sozinhos, porém “o caminhante inteligente sabe que a grande viagem é a da vida, e ela requer companheiros e companheiras”, conforme disse D. Helder Câmara. É bom lembrar que “Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares não importantes, conseguem mudanças extraordinárias” (Ditado Africano).

É bom lutar e alimentar os sonhos de um novo mundo possível. Na terceira parte, o AGIR: “.. De cada lado do Rio de água viva estão plantadas as árvores da vida; elas darão frutos doze meses por ano, todo mês elas frutificam, suas folhas servem para curar as nações” (Ap. 22,2)
As árvores da vida dão fruto abundante: multiplica-se a solidariedade. “ É aqui (e agora)que eu creio em céus novos e numa terra nova”. (Is 65,17-25). Frei Carlos Mesters que vai estar no encontro, escreve que o Apocalipse leva a lutar pelo fim deste mundo injusto, para que possa, enfim, aparecer o Novo Céu e a Nova Terra. Por isso, vale a pena continuar a luta pela vida, pela justiça, pela integridade da criação.

Leonardo Boff em um texto sobre o cuidado com a terra diz que a crise ecológica não precisa se transformar numa tragédia, mas numa oportunidade de mudança para um outro tipo de sociedade mais respeitadora e includente na qual existe o afeto e a compaixão que nos mobilizam para salvar a Mãe Terra e seus ecossistemas; respeitar as diferenças culturais, pois todas elas mostram formas diversas de sermos humanos, colocar-se no lugar do outro e tentar ver com os olhos dele. Com Dom Casaldaliga, sonhamos com a “outra Igreja possível”, ao serviço do “outro Mundo possível”. Queremos ser Igreja da opção pelos pobres, comunidade ecumênica viver, à luz do Evangelho, a paixão obsessiva de Jesus, o Reino, fazer da corresponsabilidade eclesial a expressão legítima de uma fé adulta.

Fonte: Pascom

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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