Sábado, 2 de abril de 2016 - 22h03
Neste 2º Domingo de Páscoa, denominado Domingo “in Albis”, celebramos o Domingo da Divina Misericórdia e encerramos a Oitava de Páscoa. Dia especial para refletirmos na força da comunidade cristã e na missão de levar a todos a paz, fundada no perdão que Cristo quis unir com o Sacramento da reconciliação.
Tempo propício para crescermos na consciência de quem somos, para viver “o mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre perdoa, porque sempre ama”.
Com o papa João Paulo II reconhecemos “quanta necessidade tem a humanidade de conhecer a eficiência da misericórdia de Deus nestes tempos marcados por crescente incerteza e conflitos violentos”!
A crise no Brasil, em um momento de complexidade e desconstrução da democracia, vem carregada de sofrimento, desconfianças e conflitos. Para dom Leonardo Steiner, este é um momento “fecundo da democracia”.
Por isso, a Igreja, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tomou a iniciativa de buscar instituições e pessoas que ajudem na manifestação contrária à violência. Juntamente com o Ministério da Justiça, Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos e o Instituto dos Advogados Brasileiros, ressaltou a necessidade de diálogo nas diferenças de pensamento e de respeito à pessoa humana, através da Conclamação ao povo Brasileiro:
Considerando as graves dificuldades institucionais, econômicas e sociais da atual conjuntura nacional, que geram inquietação e incertezas quanto ao futuro; que nenhuma crise, por mais séria que seja, pode ter adequada solução fora dos cânones constitucionais e legais em decorrência do primado do Direito; que as divergências naturais, numa sociedade plural, não devem ser resolvidas, senão preservando-se o respeito mútuo, em virtude da dignidade da pessoa humana;
Considerando que, em disputas políticas, necessariamente haverá aqueles que obtêm sucesso e aqueles que não alcançam seus objetivos; que, nestes casos, o êxito não pode significar o aniquilamento do opositor, nem o insucesso pode autorizar a desqualificação do procedimento; que, sejam quais forem os grupos políticos, suas convicções e valores não devem ser colocados acima dos interesses gerais do bem comum do Estado, que tem o dever de priorizar os grupos mais vulneráveis da população; considerando, por fim, que às entidades subscritas cabe desenvolver o seu mais ingente esforço para assegurar a prevalência das garantias constitucionais, norteadas por nossa Carta Cidadã de 1988 no artigo 3º:
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária; II. Garantir o desenvolvimento nacional; III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV. Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Conclamam todos os cidadãos e cidadãs, comunidades, partidos políticos e entidades da sociedade civil organizada, a fazer sua parte e cooperar para este mesmo fim, adotando, em suas manifestações, a busca permanente de soluções pacíficas e o repúdio a qualquer forma de violência, convictos de que a força das ideias, na história da humanidade, sempre foi mais bem sucedida do que as ideias de força.
Se assim o fizermos, a História celebrará a maturidade, o equilíbrio e a racionalidade de nossa geração que terá sabido evitar a conflagração, que somente divide e não constrói, fazendo emergir dos presentes desafios, ainda mais fortalecidas, as Instituições, a República e a Democracia. Brasília, 31 de março de 2016 (assinam: Dom Leonardo Ulrich Steiner (CNBB); Dr. Eugênio Aragão,
(Ministério da Justiça); Dr. Aurélio Veiga dos Rios (Ministério Público Federal); Dr. Técio Lins e Silva, (Instituto dos Advogados Brasileiros).
O livro do Apocalipse, na liturgia de hoje, apresenta Cristo como Senhor da História e renovador do Universo. Os tempos são nele resumidos e recapitulados (Ap 1,9-11a.12-13.17-18). O legado que o Ressuscitado deixa para sua Igreja: a paz, como dom e como missão. Este Senhor da História foi morto e sua morte aconteceu por causa de sua total solidariedade com a história humana, na qual ele se integrou, numa práxis autêntica, conscientizadora e libertadora, procurando restituir ao homem seu Deus, e a Deus, sua Lei e seu povo (Konings).
Neste tempo, nossas comunidades são chamadas a ter fé madura que não exige sinais extraordinários para perceber Jesus presente nela (Jo 20,19-31). Os cristãos sentem sua presença na ação do Espírito, que os move à implantação do projeto de Deus na história (VP).
Recordando o Gênesis, João quer dizer que aqui, no dia da ressurreição, nasce a comunidade dos seguidores de Jesus, aos quais ele confia sua própria missão. O Ressuscitado faz a comunidade cristã ser igreja de portas abertas, responsável pela criação do mundo novo. A vivência da comunidade cristã acusa o mundo de pecado: o pecado de estar contra o projeto de vida querido por Deus.
Assim fortalecida, a comunidade está pronta para a missão que o próprio Jesus recebeu: “Como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês”.
No dia da ressurreição o Senhor, aparecendo aos discípulos, saudou-os com estas palavras: “A paz esteja convosco”! E mostrou-lhes as mãos e o lado com os sinais da paixão. Oito dias mais tarde, como lemos no Evangelho de hoje, voltou a encontrar-se com eles no cenáculo e disse-lhes de novo: “A paz esteja convosco”! A paz é o dom por excelência de Cristo crucificado e ressuscitado, fruto da vitória do seu amor sobre o pecado e sobre a morte. Ao oferecer-se a si mesmo, vítima imaculada de expiação sobre o altar da Cruz, Ele derramou sobre a humanidade a vaga benéfica da Misericórdia Divina (J.Paulo II).
Jesus é a nossa paz, porque é a manifestação perfeita da Misericórdia Divina. Ele infunde no coração humano, que é um abismo sempre exposto à tentação do mal, o amor misericordioso de Deus. Tomé simboliza aqueles que não acreditam no testemunho da comunidade e exigem uma experiência particular para acreditar. Jesus, porém, se revela a Tomé dentro da comunidade. Todas as gerações do futuro acreditarão em Jesus vivo e ressuscitado através do testemunho da comunidade cristã (BP).
Os Atos dos Apóstolos testemunham a atuação da primeira comunidade cristã, suscitando admiração por causa de sua união e dos sinais que a acompanham (At 5,12-16). Muitos aderiram à comunidade, também hoje, o mundo deve perceber essa novidade no novo rumo que os cristãos imprimem à história, transformando-a de história de opressão em história de libertação (Konings). O novo povo de Deus cresce ligeiro. Com razão, o salmo responsorial comenta: a pedra rejeitada tornou-se pedra angular.
De fato, “o Senhor, que sofreu o abandono dos seus discípulos, o peso de uma condenação injusta e a vergonha de uma morte infame, faz-nos agora compartilhar a sua vida imortal, e nos oferece o seu olhar de ternura e compaixão para com os famintos e sedentos, com os estrangeiros e prisioneiros, com os marginalizados e descartados, com as vítimas de abuso e violência”.
Deixemos que “Cristo ressuscitado nos indique caminhos de esperança”. Que por todos os lados possam ser tomadas medidas para promover a cultura do encontro, a justiça e o respeito mútuo, os quais só podem garantir o bem-estar espiritual e material dos cidadãos.
O Cristo ressuscitado, anúncio de vida para toda a humanidade, reverbera através dos séculos e nos convida não esquecer dos homens e mulheres na sua jornada em busca de um futuro melhor.
Para aqueles que em nossas sociedades perderam toda a esperança e alegria de viver, para os idosos oprimidos que na solidão sentem as suas forças esvaindo-se, para os jovens aos quais parece não existir o futuro, a todos eu dirijo mais uma vez as palavras do Ressuscitado: “Eis que faço novas todas as coisas… a quem tiver sede, eu darei, de graça, da fonte da água vivificante” (Ap 21,5-6).
Esta mensagem consoladora de Jesus possa ajudar cada um de nós a recomeçar com mais coragem e esperança, para assim construirmos estradas de reconciliação com Deus e com os irmãos (papa Francisco).
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