Sábado, 15 de outubro de 2016 - 19h01
A liturgia nos oferece uma mensagem forte de luta e resistência. Está centrada no grito do oprimido e na resposta de Deus. Mais que persistência na oração, uma “incessante, persistente e impaciente luta pela justiça”.
No momento em que temos de enfrentar “o encurralamento da democracia no mundo e, particularmente, entre nós no Brasil”, o Cardeal Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia e da REPAM, em entrevista a Radio Vaticano, afirma que no atual contexto brasileiro, “a Igreja Católica é chamada a dar a sua orientação neste momento de crise conjuntural” e “indicar rumos”.
Para o diretor do Ibase, sociólogo Cândido Grzybowski, estamos numa conjuntura mundial de limitação da democracia, do cerceamento de seu poder, de permanente tensionamento e busca do melhor possível nas circunstâncias dadas.
Em julho, a CNBB, através do bispo responsável pela Pastoral da Saúde, dom Roberto Paz, já nos alertava sobre os perigos da Proposta de Emenda à Constituição 241/2016, que foi aprovada no dia 10 de outubro.
O texto de dom Paz, intitulado “uma PEC devastadora e brutal, a 241”, fala dos desdobramentos perversos na seguridade social e na saúde, e insiste que é preciso manifestar “repúdio e indignação, pensando como sempre nos mais pobres que serão as vítimas principais desta política antipopular contra a vida”.
O projeto cria um teto de despesas primárias federais, reajustado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e, na prática, congela os gastos em saúde e educação por 20 anos.
Neste mês missionário de outubro, viver a própria missão significa “ser o fermento de Deus no meio da humanidade”, buscando sempre “respostas que deem esperança e vigor para o caminho” do povo de Deus e transformando nossa Igreja Missionária em “lugar da misericórdia onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo o Evangelho” (EG 114).
“Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra”? Questiona-nos Jesus através de uma parábola que trata da impotência de uma pobre mulher diante da prepotência de um juiz corrupto (Lc 18,1-8).
Um juiz iníquo e uma viúva teimosa. Um juiz poderoso e incrédulo. Uma pobre mulher e vencedora. Dois personagens que apresentam um contraste entre suas atitudes, no evangelho de hoje. Duas atitudes que, aliadas às de Josué, Moisés e Paulo, iluminam a nossa caminhada de evangelizadores, neste mês das missões (VP).
O missionário é aquele que, como a viúva, insiste no cumprimento da justiça de Deus. Por ser viúva em uma sociedade patriarcal e machista, ela encarna a impotência dos pobres e marginalizados diante dos poderes do mundo (T.Hughes). Faz lembrar a denúncia do profeta Miquéias, que estudamos no Mês da Bíblia: “Ai daqueles que, deitados na cama, ficam planejando a injustiça e tramando o mal! É só o dia amanhecer, já o executam, porque têm o poder em suas mãos” (Mq 2,1).
Não permaneçamos cegos e surdos quando “modificações constitucionais e infraconstitucionais que visam retirar direitos sociais e comprometer a prestação de serviços essenciais à sociedade estão sendo votadas no Congresso Nacional: PLP-257/2016, PEC-241/2016, PLS 204/2016, PEC 143/2015 e 31/2016, além de contrarreformas da Previdência e a Trabalhista, aumento de tributos e impressionante avanço das privatizações de setores estratégicos, como o petróleo.
Para a Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, o mais grave é que tais medidas econômicas que aprofundam o inaceitável cenário de escassez vigente em nosso rico país estão sendo justificadas por questionáveis premissas, como a necessidade de garantir a sustentabilidade da dívida pública que nunca foi objeto de uma auditoria, e o equacionamento da chamada crise fiscal, apresentada por meio de estrondoso déficit que teria alcançado R$111,2 bilhões em 2015 e projetado para R$170,5 bilhões em 2016 (IHU).
De nossa parte, “essa conjuntura exige atuante dedicação cidadã junto a parlamentares, a fim de denunciar os graves questionamentos que recaem sobre essas justificativas e cobrar a responsabilidade do voto nesses projetos que provocarão danos sociais, patrimoniais e morais à sociedade e ao país”.
É inaceitável a aprovação desses projetos justificados por premissas que devem ser desmascaradas, conclui Fattorelli.
A agenda dominante é de ajuste para poder pagar os especuladores financeiros e nada de atender demandas cidadãs. O centralismo brasileiro se manifesta em sua perversidade plena na partilha dos recursos públicos, com migalhas sendo destinadas aos governos de nossas cidades. Assim, o momento é de resistir apesar de tudo. (Ibase).
A força e o exemplo da parábola do Evangelho que estamos refletindo neste domingo, nos incentiva, em meio ao mundo de estruturas injustas, “a viver uma fé não fatalista e não conformista, uma fé e oração ativa, combativa e persistente, comprometida e implicada com a luta pelos direitos das pessoas mais excluídas” (CEBI).
Em uma época de tanto desânimo, tanta falta de perspectivas, quando se chega a falar no fim das utopias, devemos sempre orar para que não sucumbamos à tentação do desânimo e jamais desistamos, pois a oração não nos dispensa de lutar, mas permite que as armas da nossa luta sejam aquelas do Evangelho.
O Livro do Êxodo apresenta a história de como Moisés conseguiu a vitória de seu general Josué sobre os amalecitas (ano 740 a.C.). É Deus que combate no lugar do povo. Aarão e Hur são os responsáveis por manter as mãos de Moisés levantadas.
Cada personagem tem o seu papel na história. Josué representa a luta política e Moisés, a espiritualidade. São dois modos de agir que precisam estar unidos no trabalho missionário (Ex 17,8-13). O tema é atual e merece nossa reflexão, de modo a encontrarmos novos caminhos de ação libertadora. Sem espiritualidade, o caminho da luta enfraquece.
Paulo Apóstolo, o grande missionário, escreve a Timóteo reforçando a missão de pregar a Palavra de Deus com esperança e sede de justiça. Cada um de nós deve anunciar a Palavra de Deus com coragem; levá-la a quem não a conhece; questionar quem não a pratica; animar aqueles que perderam a esperança; educar na justiça (2Tm 3,14-4,2).
No próximo domingo (dia 23), celebraremos o Dia Mundial das Missões. Nosso gesto concreto será a partilha através da Coleta em favor das Obras Missionárias, dos missionários e do Fundo Universal de Solidariedade para apoiar projetos em todo o mundo.
Os jovens do Brasil preparam a celebração do 30º Dia Nacional da Juventude (30/10) que tem como tema: “Juventude e nossa Casa Comum” e o lema retirado do Livro do Profeta Isaías: “Vou criar novo céu e nova terra” (Is 65,17), em sintonia com a Encíclica “Laudato Si”.
Ao longo desse processo de caminhada do DNJ, os jovens são chamados a assumir ações concretas com toda juventude em defesa de toda forma de vida, com perspectiva de missão, recordando sempre que o Papa Francisco nos pede uma “Igreja em saída”, preocupada com as “periferias existenciais”, onde a vida é sempre ameaçada e excluída como nas áreas rurais de Rondônia, “nas favelas e periferias, com povos indígenas e quilombolas, onde com violência se pratica de forma consentida o extermínio, particularmente de jovens”.
Ações concretas para que “a democracia seja uma forma de radicalizar a política como espaço público e bem comum”, “um espaço político de luta criativa” em favor da “soberania cidadã” (Ibase).
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