Duas Romarias estão sendo preparadas: a 10ª Romaria da Terra e das Águas, que envolve todo o Estado de Rondônia vai acontecer em Machadinho do Oeste, no dia 23 de agosto e tem como tema: “Terra, floresta e água, dádivas de Deus para viver e conviver” e como lema: “Somos testemunhas (At 3,15) de um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1).
Trata-se de uma Romaria Ecumênica, convocada pela Arquidiocese de Porto Velho, pelas Dioceses de Guajará Mirim e de Ji-Paraná e pelo Sínodo da Amazônia da Igreja Luterana (IECLB) que propõem uma reflexão sobre o uso e a partilha dos dons da nossa Amazônia abençoada pela Criação: a terra, as águas e a riqueza de vida das florestas, dádivas que Deus criou para todos e que representam um desafio para cuidar e administrar conforme a vontade divina, com a missão de colaboradores de sua obra e construindo o “novo céu e a nova terra” que Cristo inaugurou no meio de nós.
A região onde será realizada a Romaria enfrenta o contexto de um projeto avançado de criação da nova usina de Tabajara, no Rio Machado, que deve atingir mais de 500 famílias, e a proposta de uma PCH na cachoeira do Rio Machadinho. Também enfrenta diversos conflitos agrários motivados pela ocupação e uso da terra no Vale do Jamari e na região de Machadinho. É uma situação de desafio para os ribeirinhos, indígenas e seringueiros, que tem nos rios e florestas os principais meios de produção e de vida.
Organizada pela Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, de Machadinho do Oeste, pela Comissão Pastoral da Terra/RO, Projeto Pe. Ezequiel de Ji-Paraná e pelo CIMI/RO, a caminhada do dia 23 de agosto terá início na cidade seguindo até à cachoeira do Rio Machadinho, local da celebração, manifestações, testemunhos e confraternização.
É fundamental a participação das CEBs nas Romarias da Terra e da Água. Na Amazônia, cenário de tantos contrastes, de sofrimentos para os pobres, excluídos e “descartados” do mundo globalizado e sem alma, as pequenas comunidades eclesiais serão como o Bom Samaritano a debruçar-se sobre o caído, curar-lhe as feridas, devolver-lhe a dignidade de viver, na certeza de que nunca estará sozinho nas estradas deste mundo desigual, pois haverá sempre uma comunidade em seu caminho, que fez a opção por Cristo em solidariedade com os pobres, para caminharem juntos rumo a um mundo fraterno, a utopia do Reino de Deus, reconstruindo a Amazônia como o lugar onde Deus viu que tudo era bom e que continua a ser este lugar acolhedor de tantos irmãos e irmãs que aqui chegam buscando um lugar para viver com dignidade (TB/12ºIntereclesial).
Num lugar de fronteiras, de desacertos, confrontos e conflitos, as Cebs insistirão na necessidade de mudanças e transformações destes cenários tão agressivos e proporão um mundo novo, pois não existe profecia que não seja para isso, anunciar uma boa nova que traga não só esperança, mas realização concreta de uma justa reparação aos deserdados da terra e concretize um novo céu e uma nova terra: o céu nós já temos, pois é promessa de Jesus aos que o seguirem; a terra, a nova terra é uma conquista, com muita luta feita de união, coragem, esperança e fé (R.Possidônio).
A 2ª. Romaria é missionária e está intimamente ligada ao mês vocacional (Agosto), que nos motiva a refletir sobre a cultura vocacional e o compromisso dos seguidores de Jesus, agentes de pastoral, vocacionados e pastores.
Organizada pelo Seminário Maior João XXIII e pelo Grupo Missionário de Apoio ao Seminário (GMAS)a Caminhada dos jovens, famílias, seminaristas, comunidades, pastorais, serviços e movimentos da arquidiocese de Porto Velho, denominada “Romaria das Capelinhas Missionárias”, vai acontecer no domingo, dia 2 de agosto, na paróquia São Francisco de Assis de Ariquemes/RO, com o lema: “Somos Igreja na Amazônia: terra de vocação e missão”.
A concentração e a acolhida das caravanas dos municípios da Arquidiocese acontecerão no Espaço Alternativo, Av. Tancredo Neves, às 8h. Em seguida, a festiva e piedosa peregrinação em direção à Paróquia São Francisco de Assis, com a oração e dramatização do terço missionário e encerramento com a Santa Missa e almoço beneficente em prol do Seminário Arquidiocesano.
A liturgia deste domingo fala da alegria da missão e do olhar de Cristo sobre o povo (Mc 6-30-34): “Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor”.
A “construção de um povo” passa por este olhar cheio de compaixão (EG). Jesus sabe olhar, não só as pessoas concretas e próximas, mas também a massa de gente formada por homens e mulheres sem voz, sem rosto e sem importância especial. Sente compaixão, pois os leva todos dentro do seu coração.
Segundo Pagola, um dia teremos que rever ante Jesus, nosso único Senhor, como olhamos e tratamos essas multidões que se estão afastando pouco a pouco da Igreja, talvez porque não escutam entre nós o seu Evangelho e porque já não lhes diz nada os nossos discursos, comunicados e declarações. Pessoas simples e boas que se decepcionam porque não veem em nós a compaixão de Jesus.
O Senhor é meu pastor, afirmamos no Salmo 22(23). Como ovelhas que estão dispersas, temos necessidade de sermos reunidos. O Bom Pastor é aquele “que não procura julgar, mas amar” (EG 125). Os maus pastores (Jr 23,1-6) dispersam o rebanho.
Paulo Apóstolo fala que não basta nos reunirmos, pois somos comunidades de irmãos, que partilham a mesma fé e a mesma proposta de vida. Somos um “corpo”, formado por uma grande diversidade de membros, onde todos se sentem unidos em Cristo e entre si numa efetiva fraternidade (Ef 2,13-18).
Essa experiência, vivida pelos agentes da Pastoral da Terra, no IV Congresso de Porto Velho, levaram todos a se comprometer: Com o Papa Francisco reafirmamos que queremos uma mudança nas nossas vidas, nos nossos bairros, na nossa realidade mais próxima, uma mudança estrutural que toque também o mundo inteiro. Se no passado a escuridão não nos calou, mas acendeu em nós a esperançosa rebeldia profética, hoje também ela nos impulsiona a continuar a luta ao lado dos povos e comunidades do campo, das águas e das florestas, em busca de uma terra sem males e do bem viver (Carta Final).
A palavra de Deus convida-nos a viver a unidade, para que o mundo acredite. O papa Francisco em Quito, Equador (07/07) expressou que “nós todos juntos, reunidos à volta da mesa com Jesus, somos um grito, um clamor nascido da convicção de que a sua presença nos impele para a unidade (EG 4).
Vivemos num mundo dilacerado pelas guerras e a violência. Seria superficial pensar que a divisão e o ódio afetam apenas as tensões entre os países ou os grupos sociais. Na realidade, são manifestação do individualismo que nos separa e coloca uns contra os outros (EG99), manifestação da ferida do pecado no coração das pessoas, cujas consequências fazem sofrer também a sociedade e a criação inteira. É precisamente a este mundo desafiador, com os seus egoísmos, que Jesus nos envia, e a nossa resposta não é fazer-nos de distraídos, argumentar que não temos meios ou que a realidade nos supera. A nossa resposta repete o clamor de Jesus e aceita a graça e a tarefa da unidade.
O anseio de unidade supõe a doce e reconfortante alegria de evangelizar, a convicção de que temos um bem imenso para comunicar e de que, comunicando-o, ganha raízes; e qualquer pessoa que tenha vivido esta experiência adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros (EG 9). Daí a necessidade de lutar pela inclusão a todos os níveis, evitando egoísmos, promovendo a comunicação e o diálogo, encorajando a colaboração.
A história é construída pelas gerações que se vão sucedendo no horizonte de povos que avançam individuando o próprio caminho e respeitando os valores que Deus colocou no coração.
As palavras do papa aos Movimentos Sociais nos ajudam a viver esta Palavra de Deus e o compromisso com os empobrecidos em luta por seus direitos. Ele nos propõe para isso, três grandes tarefas: a 1ª é pôr a economia ao serviço dos povos. Digamos NÃO a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata. Esta economia exclui. Esta economia destrói a Mãe Terra. A 2ª tarefa é unir os nossos povos no caminho da paz e da justiça. A 3ª e talvez a mais importante que devemos assumir hoje, é defender a Mãe Terra.