Nosso tributo e homenagem ao arcebispo emérito de Porto Velho, dom José Martins da Silva, que faleceu em Minas Gerais, no dia 29 de janeiro, na cidade de São Gotardo. Velado em Santa Rosa (MG), seu corpo foi transladado para Tiros, sua cidade natal, onde ocorreu o sepultamento após a celebração de exéquias.
Ele, que tinha por lema “Na força do Senhor” e era da Congregação dos Missionários Sacramentinos (SDN), foi ordenado bispo em 1978 (Manhuaçu, MG) e assumiu como 1º bispo-prelado de Ji-Paraná, onde permaneceu até 1982.
Durante os 15 anos que esteve como arcebispo de Porto Velho, até a data de sua renúncia, em 1997, Dom José foi o grande incentivador das CEBs (400 na década de 90), da catequese renovada e formação de leigos, do processo de transformação de uma pastoral itinerante e sacramentalista para uma pastoral evangelizadora e de conjunto. Multiplicou as paróquias, apoiou a CPT, mediou conflitos diante do crescimento populacional na cidade e esvaziamento da área rural, quando “Porto Velho era abrigo dos migrantes sem terra e sem trabalho” (L.Moser) na década de 80, fortalecendo as lutas e sempre presente quando a população era despejada, não desistia e reagia.
Em sua trajetória episcopal, além de sua atuação nos trabalhos sociais da Igreja e na ação missionária, foi membro da Comissão Pastoral da CNBB, membro do Tribunal Eclesiástico do Reg. Leste 2, presidente do Dep. Missionário do CELAM. Por todo o bem realizado na Igreja, na comunhão e colegialidade episcopal, nossas preces a dom José Martins da Silva, que “combateu o bom combate, terminou a corrida, conservou a fé” (2ª Tm 4,7-8).
Fevereiro traz ainda outras motivações para nosso itinerário espiritual e crescimento na fé. O período do Carnaval, no contexto da visão de mundo cristão, pode ser vivido de diversas maneiras, marcado pela verdadeira alegria.
Para muitas famílias, é tempo forte de retiro e oração, pois, surgiu em função da quaresma. Dispensa-se o prazer irresponsável, bebidas e drogas, para se celebrar a vida.
Papa Francisco, em sua Mensagem para a Quaresma, leva-nos a refletir na integração desse momento e nos valores que a quaresma aponta. Perante à “indiferença para com o próximo e para com Deus” temos “necessidade de renovação”, para não nos fecharmos em nós mesmos. Na comunidade eclesial, somos chamados “a atravessar o limiar que a põe em relação com a sociedade, com os pobres e os incrédulos”. E a transformar “nossas paróquias e comunidades” em “ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença”. Que “o sofrimento do próximo” constitua um apelo a nossa conversão, recordando-nos a fragilidade da nossa vida e a nossa dependência de Deus e dos irmãos.
O papa pede ainda que nos unamos em oração (“24 horas para o Senhor”) nos dias 13 e 14 de Março, em comunhão com toda Igreja terrena e celeste e levemos ajuda, com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de nós como a quem está longe. A Campanha da Fraternidade, com o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” visa tornar nosso coração mais solidário e misericordioso, mediante um “coração forte, firme e aberto a Deus” (abertura: 18/02).
Nesta semana, vamos celebrar Nossa Senhora de Lourdes (11/02), padroeira da paróquia de Itapuã e vamos orar de modo especial pelos enfermos. A mensagem do papa Francisco para o 23º Dia Mundial do Doente tem como tema: “Sabedoria do coração” (Sapientia cordis), inspirado numa frase do livro de Jó: “Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo” (Jó 29,15).
Sabedoria do coração “é dom de Deus”, que se traduz no serviço ao irmão; em viver “a dimensão de serviço aos necessitados”. É “uma disposição infundida pelo Espírito Santo na mente e no coração de quem sabe abrir-se ao sofrimento dos irmãos e neles reconhece a imagem de Deus”. Por isso, oramos: Senhor, “ensina-nos a contar assim os nossos dias, para podermos chegar à sabedoria do coração” (Sl 90/89, 12).
Recordando “os cristãos que dão testemunho” e as “pessoas que permanecem
junto dos doentes que precisam de assistência contínua”, o papa expressa que este é o “grande caminho de santificação” e “apoio à missão da Igreja”.
“Sabedoria do coração é sair de si ao encontro do irmão; é estar com o irmão; é ser solidário com ele, sem julgá-lo”. E mesmo quando a doença, a solidão e a incapacidade levam a melhor sobre a nossa vida de doação, a experiência do sofrimento pode tornar-se lugar privilegiado da transmissão da graça e fonte para adquirir e fortalecer a sapientia cordis.
Que o Espírito Santo conceda-nos a graça de compreender o valor do acompanhamento, que nos leva a dedicar tempo a estes irmãos que, graças à nossa proximidade e ao nosso afeto, se sentem mais amados e confortados.
O cuidado mais que uma técnica ou uma virtude entre outras, representa uma arte e um paradigma novo de relação para com a natureza e com as relações humanas. É a capacidade de colocar-se no lugar do outro e sentir com ele. Quem cuida de enfermos seja em casa, seja no hospital deve ter compaixão. Atingir este estágio é uma missão a que enfermeiros e médicos devem buscar para serem plenamente servidores da vida. A tragédia da vida não é a morte, mas aquilo que deixamos morrer dentro de nós enquanto vivemos (L. Boff).
A Vigília de Oração, iniciada na sexta-feira no Vaticano e dioceses, tem por objetivo “transformar a mente e o coração, rompendo com a superficialidade e a indiferença que impedem de reconhecer em cada pessoa um irmão e uma irmã e dar esperança aos que vivem o drama do cuidado de pessoas, para que não se sintam sozinhos”, entre outros. O encerramento acontece hoje (8) com o Dia Internacional de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, convocado pelo papa Francisco.
A iniciativa, promovida pelos Pontifícios Conselhos dos Migrantes e da Justiça, tem como lema: “Acenda uma luz contra o tráfico de pessoas”. Acontece no dia de Santa Josefina Bakhita, de origem africana, raptada ainda na infância para ser escrava na Europa. Após quase 20 anos de maus-tratos, foi entregue a uma família que a levou à sua terra natal, deixando-a numa ordem religiosa, de acordo com o seu desejo. A Santa Missa faz memória das 21 milhões de vítimas do tráfico para diversos fins, como exploração sexual, trabalho forçado, tráfico de órgãos e adoções ilegais, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (Unodc).
A liturgia do 5º domingo (TC) apresenta Jesus, em meio ao povo, curando-lhe as dores (Mc 1,29-39). Ele não explica o sofrimento, mas o assume, curando-o. Através de seu próprio sofrimento, transforma-o em compaixão universal.
Se Jó nos mostra que Deus está presente onde o ser humano sofre, Jesus nos mostra que Deus conhece o sofrimento do ser humano por dentro (VP). Homem sofrido e provado por Deus, Jó não aceita falsas imagens de Deus, e ao buscá-lo face a face, experimenta um Deus que ama com amor de Pai cada uma das suas criaturas (Jo 7,1-4.6-7).
Enquanto Jó sofre até o anoitecer, Jesus cura o sofrimento até o anoitecer. “Ele assumiu nossas dores e carregou nossas enfermidades”. Ora, se é pelo pecado do mundo que as dores se transformaram num mal que oprime a alma, logo mais Jesus terá de se revelar como aquele que perdoa o pecado. Também hoje acontecem curas e outros sinais do amor apaixonado de Deus que se manifesta em Jesus Cristo. São os sinais do Reino que Jesus vem trazer presente (Konings).
Paulo Apóstolo apresenta seu testemunho de entrega a serviço do Evangelho (1ªCor 9,16-19.22-23). “Ai de mim se não anunciar o Evangelho”!
O batizado é um evangelizador por vocação. Ele precisa entender sua missão batismal e sua responsabilidade decorrente desta vocação (Mazzarolo). A consciência da novidade do Reino origina uma cadeia de atitudes de renovação, fazer as coisas ser sempre novas (Ap 21,5), tornar o homem velho uma nova criatura (2Cor 5,17; Gl 6,15). A missão exige sacrifício, doação e entrega o que constitui a cruz de cada dia. A cruz pode ser o tédio, o cansaço, o desencanto, as resistências das pessoas e lugares e todas as dificuldades inerentes à acolhida de uma proposta nova. O discípulo, que agora é um apóstolo, precisa ter claro que assumiu um compromisso, uma responsabilidade e um acordo com Cristo. Fiz-me tudo para todos, a fim de ganhar alguns a todo o custo. E tudo faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dos seus bens.