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Dom Moacyr

Sacerdote para a comunidade



Nesta segunda-feira, dia 28 de julho os presbíteros da Arquidiocese de Porto Velho participam do retiro anual, cujo pregador é o Padre Edson Tasquetto Damian. O Retiro do clero é um exercício de espiritualidade, recolhimento e oração, caridade pastoral e vivência da fraternidade presbiteral; é uma oportunidade para que cada presbítero viva o chamado a prolongar a presença de Cristo, único e sumo Pastor, atualizando o seu estilo de vida, tornando-se como que a sua transparência no meio do rebanho a ele confiado, a exemplo de Paulo: “Não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim”(Gal 2,20).

A vida e o ministério dos sacerdotes desenvolvem-se sempre no contexto histórico, de vez em quando carregado de novos problemas e de recursos inéditos, em que a Igreja, peregrina neste mundo, vai vivendo. O sacerdócio não nasce da história, mas da vontade imutável do Senhor. Todavia ele vai-se confrontando com as circunstâncias históricas e, embora permanecendo sempre fiel a si mesmo, configura-se, nas opções concretas, também através duma relação crítica e duma procura de evangélica sintonia com os sinais dos tempos. Na atual fase da vida da Igreja e da sociedade, os presbíteros são chamados a viver em profundidade o seu ministério, tendo em conta as cada vez mais profundas, numerosas e delicadas exigências de ordem não só pastoral mas também social e cultural, às quais devem fazer frente. Portanto, eles estão hoje empenhados nos diversos campos de apostolado que requerem generosidade e dedicação completa, preparação intelectual e, sobretudo, uma vida espiritual amadurecida e profunda, enraizada na caridade pastoral, que é a sua via específica para a santidade e que constitui também um autêntico serviço aos fiéis no ministério pastoral. (Diretório para a vida e o ministério dos presbíteros 34).

Pastor da comunidade o sacerdote existe e vive para ela; por ela reza, estuda, trabalha e se sacrifica; por ela está disposto a dar a vida, amando-a como Cristo, dirigindo para ela todo o seu amor e a sua estima, prodigalizando-se com todas as forças e sem limites de tempo por torná-la, à imagem da Igreja esposa de Cristo, cada vez mais bela e digna da complacência do Pai e do amor do Espírito Santo.(55).

Por ocasião do dia do padre, a ser comemorado no próximo dia 4 de agosto, festa de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, o cardeal Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, enviou uma mensagem saudando os padres de todo o mundo. “A Igreja hoje sabe que há uma urgência missionária, não apenas “ad gentes”, mas também nas regiões e ambientes em que há séculos a fé cristã foi pregada, implantada e as comunidades eclesiais estabelecidas. Trata-se de uma missão ou evangelização missionária dentro do próprio rebanho, que tenha por destinatários aqueles que nós batizamos mas, por diversas circunstâncias, não conseguimos evangelizar suficientemente ou perderam o primeiro fervor e se afastaram.  A cultura pós-moderna da sociedade atual, uma cultura relativista, secularizada, agnóstica e laicista, também exerce uma forte ação erosiva sobre a fé religiosa de muitos”.

A Igreja é por natureza missionária. “O semeador saiu a semear” (Mt 13,3), diz Jesus. Saiu de casa e não se limitou a jogar da janela a semente. Assim, a Igreja sabe que não pode permanecer em casa e limitar-se a acolher e evangelizar os que a procuram em suas comunidades e igrejas. É preciso levantar-se e ir em busca, lá onde as pessoas e as famílias residem, vivem e trabalham. Ir também a todos os serviços, organizações, instituições e âmbitos da sociedade humana. Para esta missão, todos os membros da comunidade eclesial são chamados, pastores, religiosos e leigos.Por outro lado, a Igreja reconhece que os presbíteros são a grande força propulsora da vida cotidiana das comunidades locais. Quando os presbíteros se movem, a Igreja se move. Caso contrário, será muito difícil realizar a missão.

“Vós, caros irmãos presbíteros”, continua o cardeal Hummes,”sois a grande riqueza, o dinamismo, a inspiração pastoral e missionária, lá na base, onde vivem em comunidade nossos batizados.  Sem vossa determinante decisão de remar mar a dentro (“Duc in altum”) para a grande pesca, à qual o próprio Senhor vos convoca,  pouco ou nada acontecerá em âmbito de missão urgente, seja “ad gentes” seja nos territórios de antiga evangelização. Mas, a Igreja tem certeza de poder contar convosco, porque sabe e reconhece explicitamente que a imensa maioria de nossos sacerdotes, não obstante as fraquezas e limitações humanas, que todos temos, são sacerdotes dignos, que doam cada dia sua vida ao Reino de Deus, que amam Jesus Cristo e o povo que lhes foi confiado, sacerdotes que se santificam no exercício diuturno de seu ministério, que perseveram até o fim na messe do Senhor. Há, sim, uma pequena parcela de sacerdotes, que se desviou, às vezes muito gravemente. A Igreja procura reparar o mal feito por eles. Mas, por outro lado, alegra-se e orgulha-se da imensa maioria de seus presbíteros, que são bons e sumamente louváveis”.

O ministério pastoral é, de fato, uma empresa fascinante mas árdua, sempre exposta à incompreensão e à marginalização e, hoje, sobretudo ao cansaço, à desconfiança, ao isolamento e, por vezes, à solidão. Para vencer os atuais desafios, precisamos ter o cuidado de reservar o primado absoluto à vida espiritual, ao estar sempre com Cristo e ao viver com generosidade a caridade pastoral, intensificando a comunhão com todos, em primeiro lugar, com os outros presbíteros. O Retiro espiritual do clero significa estar com Cristo na oração; o sacerdote foi, por assim dizer, “concebido” na longa oração durante a qual o Senhor Jesus pediu ao Pai pelos seus apóstolos e, por todos aqueles que no decurso dos séculos iriam participar da sua missão (Lc 6, 12; Jo 17, 15-20). A mesma oração de Jesus no Getsemani (Mt 26, 36-44), toda orientada para o sacrifício sacerdotal do Gólgota, manifesta dum modo paradigmático como o nosso sacerdócio deva ser profundamente vinculado à oração: enraizado na oração.

Na Carta do 12º Encontro Nacional de Presbíteros (fevereiro de 2008), os padres confirmam a  necessidade de uma conversão pessoal e pastoral que os possibilite a serem Presbíteros-discípulos abertos para acolher o chamado do Deus Trindade e compassivos aos clamores dos irmãos e irmãs, que solicitam posturas semelhantes às do Bom Samaritano. A renovação da Igreja exige que sejamos autênticos discípulos de Jesus Cristo, porque só um presbítero apaixonado por Jesus poderá renovar uma paróquia e toda a sua ação pastoral (cf. DA 201). Presbíteros-profetas que, em comunhão, assumam continuamente os valores fundamentais da vida, do projeto de Deus e da dignidade humana e denunciem tudo o que destrói a imagem de Deus nos irmãos e irmãs mais pobres. Neste sentido, surge o grande desafio de “trabalhar para que nossa Igreja Latino-americana e Caribenha continue sendo, com maior afinco, companheira de caminho de nossos irmãos mais pobres, inclusive até o martírio” (DA 396). Presbíteros-missionários movidos pelo Mestre Jesus na perspectiva do Reino de Deus para que possam cuidar do povo, procurando os afastados e construindo relações fraternas. Isto implica que a Igreja saia de uma pastoral de manutenção com estruturas pesadas e ultrapassadas e passe para uma pastoral renovada, missionária, ministerial, servidora do povo, acolhedora e misericordiosa (cf. DA 365).

Fonte: Pastoral da Comunicação

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