Domingo, 2 de agosto de 2015 - 05h04
Agosto, mês vocacional, é um convite à avaliação do próprio projeto de vida e uma reflexão sobre o sentido da vida e da missão de cada pessoa.
Diante do tribunal, Sócrates disse: “Uma vida sem exame é indigna de um ser humano” (Apologia 38a). Nisso concordava Marco Aurélio, quando punha, entre as “maneiras de um homem se aviltar”, o “deixar-se viver, sem propor-se um fim” (Pensamentos II, 16). Nicolás Dávila afirma: “Só vive a vida quem a pensa. Os outros é a vida que os vive” (Escolios I).
A questão do sentido diz respeito a todo homem e mulher em sua condição de ser humano, contudo, ela é mais sentida pelos jovens e pelos intelectuais, os sensores mais agudos de uma época. Como caminhar sem saber qual é o destino dos próprios passos? O coração humano pede luz e vive de luz.
Para responder a esta questão, meu confrade da Ordem dos Servos de Maria, Frei Clodovis Boff escreveu “O livro do sentido: crise e busca de sentido hoje”, editado pela Paulus. O livro, primeiro de uma trilogia, analisa a situação da falta e da busca de sentido hoje; examina onde se encontra o sentido da vida e como encontrar e viver o sentido da vida.
Para o autor, a resposta que cada um dá à questão do sentido é, na maior parte das vezes, existencial. A vida responde à vida. Mas chega um momento em que, diante dessa questão, a vida pede uma resposta pessoal pensada e, às vezes também, argumentada. Isso vale principalmente numa cultura como a nossa, pluralista, crítica e não raro niilista. Eliminamos a dimensão transcendente da vida, de modo que nada mais tem transcendência, valor e encanto.
Pessoas que não encontram um sentido para suas vidas e não vivem sua vocação e missão, muitas vezes caem no vazio existencial, tédio e depressão. Pessoas que buscam e encontram um sentido na vida, transformam-no em força motivadora para conduzirem sua vocação e missão específica.
Ao longo deste mês de agosto, em cada semana refletiremos uma realidade vocacional: na 1ªsemana, os Mistérios Ordenados (dia 4, dia de São João Maria Vianney e Dia do Padre); na 2ª, a Semana da Família (Dia dos Pais: 9/8); a 3ª semana é dedicada à Vida Consagrada; e na 4ª semana, celebramos os Catequistas e a vocação laical.
Na arquidiocese de Porto Velho, a abertura do mês vocacional acontece hoje, em Ariquemes, a partir das 8h no Espaço Alternativo, av. Tancredo Neves, com a chegada das caravanas de todos os municípios, Caminhada Vocacional (II Romaria das Capelinhas) com a dramatização e o Terço Missionário; em seguida, Missa, almoço e show cultural na Paróquia São Francisco. O encerramento do mês vocacional será no dia 30 de Agosto, das 8 às 18h no Santuário Nossa Senhora Aparecida (Bairro JK). Será um Dia Missionário e Vocacional reunindo jovens, famílias, vocacionados, seminaristas, comunidades em torno do tema “Vinde e Vede” e do lema “Nossa missão é amar, nossa alegria é servir”. Para esse dia, consta na programação, visitas missionárias às famílias, testemunhos, cantos e celebrações, confissões e palestras, partilha das refeições.
Na liturgia deste domingo, Jesus questiona o projeto de vida e as razões de seus seguidores; sobretudo, a forma como compartilhamos o pão e a mesa com os irmãos, filhos e filhas de Deus.
O texto do Evangelho está situado em Cafarnaum, no “dia seguinte” ao episódio da multiplicação dos pães e dos peixes. A multidão que tinha sido alimentada pelos pães e pelos peixes multiplicados busca e encontra novamente Jesus, que profere um discurso após ser confrontado (Jo 6,24-35).
Trata-se do início do “sermão do Pão da Vida”. Ele mesmo os ensinou a pedir a Deus “o pão de cada dia” para todos. Mas o ser humano necessita de algo mais. Jesus quer oferecer-lhes um alimento que possa saciar para sempre a sua fome de vida. As pessoas intuem que Jesus lhes está a abrir um horizonte novo, mas não sabem que fazer, nem por onde começar.
A resposta de Jesus toca o coração do cristianismo: “a obra que Deus quer é esta: que acrediteis Naquele que foi enviado”. Deus só quer que creiam em Jesus Cristo, pois é a grande dádiva que Ele enviou ao mundo. Esta é a nova exigência. A identidade cristã está em aprender a viver um estilo de vida que nasce da relação viva e confiada em Jesus, o Cristo. Ser cristão exige hoje uma experiência de Jesus e uma identificação com o Seu projeto que não se requeria anos atrás para ser um bom praticante. Para subsistir no meio da sociedade laica, as comunidades cristãs necessitam cuidar mais que nunca da adesão e do contato vital com Jesus, o Cristo (Pagola).
O livro do Êxodo é uma prefiguração do Pão celestial que Cristo nos dará na Eucaristia; fala do maná (pão material e perecível) que Moisés conseguiu para o seu povo durante o deserto (Ex 16,2-4.12-15). No Novo Testamento, Jesus oferece o Pão da Vida: uma comida que não perece, mas que permanece para a vida eterna; uma obra de Deus mesmo; uma realidade bem determinada: é Jesus em pessoa, acolhido na fé.
Paulo Apóstolo, dando continuidade à Carta aos Efésios, após convidá-los a viverem na unidade do amor e de lhes apresentar uma reflexão sobre a comunidade, Corpo de Cristo formado por muitos membros, exorta os cristãos a viverem de acordo como Homens Novos em Cristo (Ef 4,17.20-24).
O cristão é, antes de mais, alguém que encontrou Cristo, que escutou o seu chamamento, que aderiu à sua proposta. A consequência dessa adesão é passar a viver de uma forma diferente, de acordo com valores diferentes, e com uma nova mentalidade.
Nas paróquias e comunidades, hoje acontecem homenagens aos párocos, estendendo até dia 4 de agosto. Aos presbíteros de nossa arquidiocese, verdadeiros irmãos no sacerdócio e missão, nossa prece e homenagem. Lembrando as palavras do papa Francisco aos sacerdotes, por ocasião de sua vinda ao Brasil, reafirmamos a nossa vontade de sermos instrumentos para servir e louvar a Deus em seu povo:
1. Somos chamados por Deus. “Não são vocês que me escolheram, mas eu que vos escolhi”, diz Jesus (Jo 15,16). É uma caminhada de volta para a fonte de nossa chamada. É precisamente a “vida em Cristo” que garante a nossa eficácia apostólica e fecundidade do nosso serviço.
2. Somos chamados a proclamar o Evangelho. Deus quer que sejamos missionários. Não tenham medo! Os apóstolos fizeram antes de nós. Considere a pastoral decididamente a partir da periferia, começando com aqueles que estão mais longe, que não costumam frequentar a paróquia. Eles são os principais convidados.
3. Somos chamados a promover a cultura do encontro contra a cultura do descarte e da exclusão. Caríssimos bispos, sacerdotes, religiosos, e seminaristas que se preparam para o ministério, tenham a coragem de ir contra essa cultura. Sejam servidores comunhão e da cultura do encontro.
Somos padres porque Deus nos quis tais, nos chamou e assim nos amou, e ainda nos quer assim e nos ama sempre, Ele que é fiel no amor. O sentido da nossa vida, a razão verdadeira da nossa vocação não está em alguma coisa, talvez até a coisa mais bela do mundo, mas em Alguém: este Alguém é Ele, o Senhor Jesus. Somos padres porque um dia Ele nos alcançou e nos chamou (cada um de nós sabe como: na palavra de uma testemunha, num gesto de caridade que tocou nosso coração, no silêncio de um caminho de escuta e oração, até na dor de sentir que a vida nos parecia como que vazia sem Ele...).
Se algo de verdadeiro e belo fizemos, foi porque Jesus nos concedeu fazê-lo: é Ele que se deu a nós e nos tornou capazes de gestos de gratuidade que por nós mesmos não teríamos podido sequer pensar ou sonhar.
Verdadeiramente, não estamos sós no caminho do nosso ministério: és Tu, Senhor, que nos visitas sempre de novo com a Tua Palavra de vida; és Tu que nos visitas nos irmãos e nas irmãs que colocas na nossa estrada; és Tu que no pobre pedes a nós amor e em qualquer um que tenha necessidade do amor nos chamas a dar; és Tu no vértice de tudo isso e como fonte viva deste rio de vida que Te fazes presente na eucaristia, para que nos nutramos de Ti, vivamos de Ti, amemos a Ti, hoje e por toda a eternidade (D. Bruno Forte).
Possa o Cura de Ars, São João Maria Vianney, especial patrono dos sacerdotes, interceder pelos presbíteros, missionários do povo. “O sacerdócio é o amor do coração de Jesus”.
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