Homenageamos e abençoamos todas as mães, neste segundo domingo de maio, de modo especial, aquelas que choram a ausência de seus filhos, vítimas da violência, desaparecidos, presos, assassinados por conflitos de terra, mortos prematuramente em acidentes. As mães são a imagem do amor divino, portanto, neste mês dedicado a Maria, mãe de Deus e nossa, agradecemos ao Senhor por ter colocado na existência de cada um de nós a presença de nossas mães.
A Arquidiocese de Porto Velho prepara-se para celebrar a Festa de Pentecostes no dia 24 de maio, dia da padroeira de Porto Velho, Nossa Senhora Auxiliadora. Com o tema: “O Espírito me consagrou para servir” (Lc 4,18)somos convocados “a um novo alento de esperança” e a descobrir a presença do Espirito de Deus através do “nascimento da comunidade eclesial” (DAp 374).
Nossas Comunidades Eclesiais de Base são dom e obra do Espírito Santo, permitem-nos chegar a um conhecimento maior da Palavra de Deus, ao compromisso social em nome do Evangelho, ao surgimento de novos serviços (DAp 311;178). A dignidade de nos reconhecermos como família nos aproxima e nos torna mais fraternos e solidários, nesta Igreja de Deus, morada dos povos (DAp 524-525); nesta Igreja da Amazônia assumimos a compaixão de Cristo, em relação à vida ameaçada, como principio de toda a ação evangelizadora, e retomamos a convicção fundamental de que Deus não a quis para si mesma, mas em função do reino da vida e da paz (doc N1).
Nestes dias, “é bom escutar o que o Espirito diz” (Ap 2,7), pois é Ele que forja na Igreja, missionários decididos e valentes como Pedro (At 4,13), indica os lugares que devem ser evangelizados e escolhe aqueles (At 13,2) que devem fazê-lo (DAp 149-150). Tudo que sustenta a esperança num mundo em desespero é um desdobramento da Boa Nova.
A fundação da Igreja na festa de Pentecostes e a gratuidade da salvação ligam ação e anúncio missionário de modo especial ao Espírito Santo. A Igreja da Nova Aliança fala todas as línguas e supera a dispersão de Babel (AG 4).
Devemos, reflete o teólogo Paulo Suess, ser esperança do pão no tempo de fome, esperança de sentido, num mundo absurdo, esperança pela nossa presença, testemunho e serviço. A missão faz parte do nosso ser eclesial; vai dos contextos concretos das Igrejas locais até os confins do mundo.
O anúncio missionário é pascal e pentecostal. Significa anunciar a justiça da ressurreição nos diferentes contextos sociais e culturais. É um anúncio em defesa da vida em todas as suas dimensões e a operacionalização deste anúncio acontece através de múltiplos sinais de justiça e imagens de esperança.
Portanto, “ser cristão não é em primeiro lugar um assunto doutrinal, mas uma questão de amor” (Pagola). Jesus, no Evangelho de hoje (6º domingo da páscoa) afirma: “Como o Pai me amou, assim também eu amei vocês” (Jo 15,9-17). Significa que, ao longo dos séculos, os discípulos conhecerão incertezas, conflitos e dificuldades de toda ordem. O importante será sempre não desviar-se do amor. Em qualquer época e situação, o decisivo para o cristianismo é não sair do amor fraterno.
O apóstolo João fala do amor que circula entre o Pai, Jesus e a comunidade cristã, criando comunidade de amor. Conservar-se no amor não é situação passiva, mas dinamismo que gera comunidade fraterna. De fato, Jesus dirige-se à comunidade cristã como um todo; permanecer nele e no Pai não significa isolar-se, mas expandir-se, criando laços entre as pessoas. O amor a Jesus e ao Pai leva a gerar comunidade de irmãos.
A leitura dos Atos dos Apóstolos fala da graça divina que não se limita aos cristãos, mas a toda a humanidade, disposta a caminhar na justiça e no amor (At 10,25-26.34-35.44-48); destaca queCristo quer mesmo é congregar todos os seus filhos, sem discriminação, num mesmo amor pessoal.
A 1ª Carta de João proclama: “Deus é amor” (1ªJo 4,7-10), significando que o Deus invisível se revela no amor humano. A presença divina está onde existe o amor humano. Mais ainda, o ser de Deus é o amor, como origem e sentido de tudo que existe. Não vemos a Deus, mas escutamos sua palavra e podemos fazer sua vontade. Por isso o texto nos exorta a amar uns aos outros para podermos reconhecer nossa origem, nossa experiência mais original. E como podemos viver esse amor se somos tão frágeis e egoístas? A força que nos liberta do egoísmo não é iniciativa nossa, mas de Deus.
Ele nos criou capazes de amar. Não fomos nós que o amamos primeiro, mas foi ele quem nos amou antes de toda a criação e nos convida a entrar nessa sintonia de amor, nessa comunhão, que nos põe em colaboração com ele na sua obra de redenção (VP). Em que consiste o amor? O amor é a graça que sempre nos precede, que não podemos conquistar nem criar, pois nos é oferecida como dom. Somente quem fez a experiência da prioridade do amor pode falar sobre Deus.
No próximo domingo (dia 17), celebraremos a solenidade da Ascensão do Senhor e o Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o tema: “Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”.É também o domingo de abertura da Semana de Oração para a Unidade dos Cristãos (17-24/5), com o tema: “Dá-nos um pouco de tua água” (Jo 4,7), preparada em conjunto com o Pontifício Conselho da Unidade dos Cristãos e o Conselho Mundial de Igrejas.
Papa Francisco, em sua mensagem para o dia das Comunicações, destaca o tema “família” por encontrar-se no centro duma profunda reflexão eclesial e dum processo sinodal que prevê dois Sínodos, um extraordinário (já encerrado), e outro ordinário, convocado para o próximo mês de Outubro.
A mensagem é inspirada na visita de Maria a Isabel (Lc 1,39-56) e coloca a família como o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar e como “o espaço onde se aprende a conviver na diferença” (EG 66). Em família, nos apercebemos de que outros nos precederam, nos colocaram em condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e belo. Podemos dar, porque recebemos; e este circuito virtuoso está no coração da capacidade da família de ser comunicada e de comunicar; e, mais em geral, é o paradigma de toda a comunicação.
Na família compreendemos o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e construção de proximidade. Reduzimos as distâncias, superamos as limitações. Não existe a família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; preciso é aprender a enfrentá-los de forma construtiva. Por isso, a família onde as pessoas, apesar das próprias limitações e pecados, se amam, torna-se uma escola de perdão. O perdão é uma dinâmica de comunicação: uma comunicação que definha e se quebra, mas, por meio do arrependimento expresso e acolhido, é possível reatá-la e fazê-la crescer.
A família não é um objeto acerca do qual se comunicam opiniões nem um terreno onde se combatem batalhas ideológicas, mas um ambiente onde se aprende a comunicar na proximidade e um sujeito que comunica. Uma comunidade comunicadora que sabe acompanhar, festejar e frutificar. Neste sentido, é possível recuperar um olhar capaz de reconhecer que a família continua a ser um grande recurso, e não apenas um problema ou uma instituição em crise.
Às vezes os meios de comunicação social tendem a apresentar a família como se fosse um modelo abstrato ou como se fosse uma ideologia de alguém contra outro, em vez de ser o lugar onde todos nós aprendemos o que significa comunicar no amor recebido e dado. A família protagonista é aquela que, partindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos.
Ao contrário, narrar significa compreender que as nossas vidas estão entrelaçadas numa trama unitária, que as vozes são múltiplas e cada uma é insubstituível.
O papa conclui fazendo um apelo: Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro.