Domingo, 18 de dezembro de 2016 - 06h03
A Celebração deste Natal vem novamente iluminar os acontecimentos, as famílias, o povo de Deus a caminho de Belém. As pessoas simples descobrem a maneira de entender os sinais de Belém. Pode mudar a senha, mas a mensagem continua a mesma.
É a mensagem do Evangelho que continua arraigada como semente no coração das crianças pobres que teimam em nascer, nas mulheres que aceitam carregar a gravidez da esperança, nos pastores que permanecem vigilantes também à noite, e na sabedoria daqueles que sabem perceber as advertências de Deus.
No dia 13 de dezembro de 1968 foi promulgado o Ato Institucional nº5 (AI-5) que marcou o período da ditadura militar brasileira (1964-1985) como o momento mais duro do regime; vigorou até 1978 com ações arbitrárias de efeitos duradouros.
No dia 13 de dezembro de 2016, o Senado aprovou em 2º turno, a Proposta de Emenda Constitucional 55 (PEC 241 aprovada na Câmara de Deputados) que congela os gastos públicos por 20 anos e, que, na verdade, pretende reduzir apenas os gastos sociais – saúde, educação, assistência social, etc.. em detrimento aos pobres e excluídos da sociedade.
O maior gasto público do país é com a dívida pública e seus juros (42%, segundo os cálculos da Auditoria Cidadã da Dívida). Não há nesta PEC nenhuma referência à limitação destes gastos, analisa o coordenador do ISER, sociólogo e professor da UFRJ, Ivo Lesbaupin. Os juros da dívida pagos em 2015 foram 500 bilhões de reais. Quem os recebeu? Apenas a camada mais rica da sociedade que com a PEC 55 vai continuar a receber estes juros.
Hoje, pela Constituição, o Estado é obrigado a atender ao conjunto dos cidadãos, especialmente dos mais pobres: com a PEC 55, esta obrigação vai cair. Mas continuará a obrigação de pagar os juros aos mais ricos. A PEC 55 é uma proposta de emenda à Constituição em favor da elite abastada da sociedade.
É contra esta injustiça que se levanta a Nota (publicada recentemente) da CNBB, afirma o coordenador do ISER; é uma defesa da Constituição, uma defesa da cidadania, uma defesa dos direitos dos mais pobres.
O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) em seu estudo “Perfil da Desigualdade e da Injustiça Tributária” demonstra que o Brasil tem um dos mais injustos sistemas tributários do mundo e uma das mais altas desigualdades socioeconômicas entre todos os países: 700 mil pessoas (0,36% da população) têm patrimônio igual a 45% do PIB no país e pagam, quase sempre, impostos mais baixos que os dos assalariados.
No coração de Deus, ocupam lugar preferencial os pobres, tanto que até Ele mesmo “Se fez pobre” (2Cor 8,9). Todo o caminho da nossa redenção está assinalado pelos pobres. Esta salvação veio a nós, através do “sim” duma jovem humilde, duma pequena povoação perdida na periferia dum grande império. O Salvador nasceu num presépio, entre animais, como sucedia com os filhos dos mais pobres; cresceu num lar de simples trabalhadores, e trabalhou com suas mãos para ganhar o pão (EG 197).
Próximos à solenidade do Natal, reconheçamos os sinais de Belém, ao nosso redor, para que sejamos homens e mulheres de esperança, colaborando para a vinda deste Reino feito de luz e destinado a todos.
A verdadeira busca de Deus só acontece na medida em que caminhamos como família. Jesus Cristo quis nascer numa família.
Cada família tem diante de si o ícone da família de Nazaré, com o seu dia-a-dia feito de fadigas e até de pesadelos, como quando teve que sofrer a violência incompreensível de Herodes, experiência que ainda hoje se repete tragicamente em muitas famílias de refugiados descartados.
Como Maria, as famílias são exortadas a viver, com coragem e serenidade, os desafios familiares tristes e entusiasmantes, e a guardar e meditar no coração as maravilhas de Deus. No tesouro do coração de Maria, estão também todos os acontecimentos de cada uma das nossas famílias, que Ela guarda solicitamente. Por isso pode ajudar-nos a interpretá-los de modo a reconhecer a mensagem de Deus na história familiar (AL 30).
Nossas famílias e grupos de reflexão, reunidos nas casas, para a “Novena do Natal em família” imitam as primeiras comunidades cristãs. Este é o caminho se queremos crescer como verdadeira Igreja de Jesus Cristo.
Hoje, somos convidados a contemplar Maria e José: “Maria, a mulher cheia de graça que teve a coragem de se confiar totalmente à Palavra de Deus; José, o homem fiel e justo que preferiu acreditar no Senhor em vez de ouvir as vozes da dúvida e do orgulho humano” (papa Francisco).
A esperança deve ser cuidada. Pela sua fragilidade, podemos perdê-la a qualquer momento. Nossa esperança precisa de sinais para ser fortalecida.
Esses sinais vêm do alto. Segundo o profeta Isaías, Deus envia um sinal definitivo de sua vontade salvífica: “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,10-14).
A esperança de um povo se concretiza pelo cumprimento da promessa de Deus. É um sinal tão prodigioso que a concepção e o nascimento do Menino acontecem com ajuda da mulher justa: uma virgem, isto é, mulher toda de Deus. Prosseguindo com sua opção pelos pobres e mais fracos, desde a libertação do Egito, Deus escolhe uma jovem do povo, que espera nele a salvação. Maria é, assim, a voz de todo um povo que não perde a confiança e a esperança na promessa do Senhor (Lit. ABH).
O Evangelho nos apresenta o mesmo sinal de Deus, porém na plenitude dos tempos, uma mulher jovem chamada Maria, dará à luz um filho e José lhe dará o nome de Jesus, Emanuel, Deus presente no meio de seu povo, que o salvará (Mt 1, 18-24).
Trata-se de um plano de bondade, cuja iniciativa é sempre de Deus que realiza o seu plano de estar conosco, através da colaboração humana. Maria e José são os escolhidos para dar a Jesus uma família humana.
A José cabe a honra do homem justo, conforme nos confirma o texto do evangelho. A sua justiça vai além do âmbito da lei. José foi justo porque soube interpretar a lei a ponto de se aproximar dos méritos de uma ação de Deus na vida e na vocação de seu filho. Ele soube se abrir à Palavra de Deus, descobrindo que em sua esposa estava se realizando a profecia de Isaías.
A mesma disponibilidade que teve Maria, em ser morada da promessa do Senhor, José assumiu: “fez conforme o anjo do Senhor havia mandado”. José sustentou a esperança de um povo e de Maria.
Como Maria, que se preparou para acolher o Filho de Deus em seu ventre, a Igreja se coloca em contínua atitude de espera pela plenificação da salvação, no final dos tempos. É por isso que proclamamos: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”.
Paulo Apóstolo apresenta-se aos cristãos como o “apóstolo por vocação”, escolhido por Deus para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo (Rm 1,1-7).
Ele deixa claro, desde o início, a natureza humana do Filho de Deus, “descendência de Davi segundo a carne”, isto é, na sua eventualidade histórica; e na sua natureza divina, “autenticado como Filho de Deus com poder, pelo Espírito de Santidade que o ressuscitou dos mortos”, isto é, no poder santificador que lhe vem da ressurreição.
Além dos sinais cotidianos da ação de Deus em nossa história, somos chamados a reafirmar nossa esperança e a nos colocarmos, cada vez mais, em atitude de preparação para o encontro definitivo e salvífico com o coração do Pai.
Intensificando a preparação para a celebração do Natal, possa o amor que Deus manifesta à humanidade no nascimento de Cristo, fazer crescer em nós o desejo de servir e viver a fraternidade; que cada um seja solidário, pois sempre temos algo a partilhar com quem está ao nosso lado, com quem necessita, e com aquele que chega a nossa cidade em busca de vida e sobrevivência.
Que seja um Natal abençoado, de renovação da esperança e que nossas famílias vivam a fraternidade que vai se firmando em nossas comunidades.
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