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Gente de Opinião

Dom Moacyr

Trabalho, participação e serviço!



 
Solidários com todos os trabalhadores, sobretudo, os desempregados, a Igreja celebra no dia 1º de maio suas lutas, muitas vezes a custo da própria vida, para ver respeitada e valorizada sua condição de operários, confirmando seu compromisso “em favor dos direitos sociais do povo, dos direitos trabalhistas e dos esforços para consolidar as suas organizações” (CNBB).
 
     A Arquidiocese de Porto Velho convida todas as comunidades e paróquias, trabalhadores e trabalhadoras com suas famílias, jovens e crianças para participarem, sob a inspiração e o patrocínio de São José Operário,da 16ª ROMARIA DO TRABALHADOR, sexta-feira, 1º de maio, trazendo seus clamores e aspirações, para este momento de fé e esperança, em prol da construção da sociedade que desejamos (CF 2015) e de relações justas no mundo do trabalho.
 
     As caravanas se concentrarão na paróquia Santa Luzia a partir das 15h30 e a caminhada terá início às 16h, seguindo até a Igreja São José Operário e encerrando com a celebração da missa e quermesse de confraternização.
 
     Enquanto os empresários comemoram a nova lei das terceirizações, os trabalhadores têm pouco a festejar. O texto-base do projeto de lei 4330/04 aprovado no Plenário da Câmara no inicio do mês, teve suas alterações e destaques finais aprovados na noite de 22 de abril, seguindo agora para o Senado. O projeto, que autoriza as terceirizações em toda a cadeia produtiva de uma empresa, é um retrocesso à legislação trabalhista, enfraquece os sindicatos e torna o trabalho assalariado mais precário ainda.
 
Portanto, 1º de maio neste ano, é dia de participação e compromisso, porque, como já pregava Dom Celso Queirós, “cada nova etapa na história do trabalho renova para os operários a necessidade de lutar de novo pelo reconhecimento de sua dignidade e de seus direitos dentro de novas situações”.
 
     Ao avaliar a realidade brasileira, “marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática do País”, os bispos reunidos na 53ª Assembleia da CNBB (15-24/04), emitiram uma Nota sobre o momento nacional, orientando que esta não é uma hora “de acirrar ânimos, nem de assumir posições revanchistas ou de ódio que desconsiderem a política como defesa e promoção do bem comum”.
 
     Diante da urgência de “resgatar a ética pública que diz respeito à responsabilidade do cidadão, dos grupos ou instituições da sociedade pelo bem comum” a Nota destaca que “a retomada de crescimento do País, uma das condições para vencer a crise, precisa ser feita sem trazer prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres”.
 
     A lei que permite a terceirização do trabalho, não pode, em hipótese alguma, restringir os direitos dos trabalhadores. É inadmissível que a preservação dos direitos sociais venha a ser sacrificada para justificar a superação da crise. A credibilidade política, perdida por causa da corrupção e da prática interesseira com que grande parte dos políticos exerce seu mandato, não pode ser recuperada ao preço da aprovação de leis que retiram direitos dos mais vulneráveis. Lamentamos que no Congresso se formem bancadas que reforcem o corporativismo para defender interesses de segmentos que se opõem aos direitos e conquistas sociais já adquiridos pelos mais pobres. Muitas destas e de outras matérias que incidem diretamente na vida do povo têm, entre seus caminhos de solução, uma Reforma Política que atinja as entranhas do sistema político brasileiro. Apartidária, a proposta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB é signatária, se coloca nessa direção.
 
     A Conferência dos Religiosos do Brasil, por ocasião de seu Congresso (07-10/04), também se posicionou contra as atitudes que ferem a democracia e a legitimidade das eleições. Convocando a todos para que se mantenham firmes expressa a urgência de uma reação pacífica e contundente contra as práticas repressoras: a redução da maioridade penal, a perda de conquistas trabalhistas, a lentidão da nossa justiça, a corrupção e, por vezes, a manipulação midiática que distorce os fatos e imprime uma abordagem parcial dos mesmos.
 
     A 16ª ROMARIA DO TRABALHADOR celebra ainda os 90 anos da criação da Prelazia de Porto Velho com o tema: “Participar e servir: 90 anos de pertença missionária”. Criada no dia 1º de maio de 1925, através da Bula “Inter Nostri” pelo papa Pio XI e entregue à responsabilidade dos padres salesianos, a Prelazia de Porto Velho compreendia desde a paróquia de Humaitá, da qual fazia parte a cidade de Porto Velho até uma parte da Diocese de São Luiz de Cáceres, que constituía o Município de Santo Antônio do Rio Madeira, no Estado do Mato Grosso. Em 1929, foi desmembrada a Diocese de Guajará Mirim; em 1946 foi nomeado o primeiro bispo prelado, de Porto Velho, Dom João Batista Costa. No ano de 1961, foi criada a Diocese de Humaitá; em 1978, a de Ji-Paraná. O Papa João Paulo II elevou a prelazia de Porto Velho à dignidade de Diocese em 1980 e de Arquidiocese em 1982.
 
     Neste domingo do Bom Pastor, elevemos a Deus a nossa gratidão pela nossa “diocesaneidade”, expressão tão cara a dom Aloisio Lorscheider e dom Gutemberg, que define a identidade da Igreja Particular de Porto Velho e a nossa pertença e dedicação à comunidade como sujeito eclesial e cristão comprometido com a missão.
 
     Nossa Igreja é amazônica, caracterizada pelos povos tradicionais, pela migração, inculturação, pastoral de conjunto (antes sacramentalista e itinerante), religiosidade, missionariedade, conflito de terra, êxodo rural, luta por justiça.
 
O Concílio Vaticano II afirma: “A Igreja fixa raízes mais firmes em qualquer sociedade quando as várias comunidades de fiéis tiram dentre os seus membros os próprios ministros da salvação, na ordem dos bispos, presbíteros e diáconos, servindo a seus irmãos. Deste modo, as jovens Igrejas hão de paulatinamente adquirir uma estrutura diocesana com o clero próprio” (AG 16).
 
     Hoje, Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o papa Francisco lembra em sua mensagem, cujo tema é “O êxodo, experiência fundamental da vocação”, que devemos orar “para que o dono da messe mande trabalhadores para a sua messe” (Lc 10,2). Se a Igreja “é, por sua natureza, missionária” (AG 2), a vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão. Assim, diz o papa, ouvir e seguir a voz de Cristo Bom Pastor, consagrando-Lhe a própria vida, significa permitir que o Espírito Santo nos introduza neste dinamismo missionário, suscitando em nós o desejo e a coragem de oferecer a nossa vida pela causa do Reino de Deus.
 
Comparando a nossa resposta à vocação que Deus nos dá a um “êxodo”, o papa expressa que este “é o caminho da alma cristã e da Igreja inteira, a orientação decisiva da existência para o Pai”. Crer significa deixar-se a si mesmo, sair da comodidade para centrar a nossa vida em Jesus Cristo; abandonar como Abraão a própria terra pondo-se confiadamente a caminho, sabendo que Deus indicará a estrada para a nova terra. Esta “saída” não deve ser entendida como um desprezo da própria vida, do próprio sentir, da própria humanidade; pelo contrário, quem se põe a caminho no seguimento de Cristo encontra a vida em abundância, colocando tudo de si à disposição de Deus e do seu Reino.
 
     Neste domingo do Bom Pastor, dia dos pastores e dia da pastoral, nossa saudação a todos os agentes de pastoral e lideranças das comunidades. Uma saudação especial ao novo administrador apostólico da Arquidiocese de Porto Velho, Dom Benedito Araújo, bispo diocesano de Guajará-Mirim.  
 
     Este  é o do­mingo das vocações “pastorais”. O evangelho traz as palavras de Jesus sobre o “bom pastor” (Jo 10,11-18). Ele conduz as ovelhas com segurança, dando a vida por elas. Ele é o pastor, o Messias! Nos Atos dos Apóstolos encontramos o primeiro pastor da jovem comunidade cristã, Pedro, defendendo o rebanho perante o supremo conselho dos judeus em Jerusalém (At 4,8-12). Dois exemplos de pastores que põem em jogo sua vida em prol de suas ovelhas. O evangelista João, em sua 1ª carta (1Jo 3,1-2) nos dá o significado de viver como filhos de Deus o que implica a prática da justiça: “Todo aquele que pratica a justiça nasceu de Deus” (2,29). A prática da justiça mostra que Deus é justo e nos torna seus filhos. Portanto, ser filho de Deus é estar em sintonia com o projeto do Pai (VP). O amor do Pai é a grande força que sustenta a caminhada da comunidade cristã, apoiando e encorajando a luta pela implantação do projeto de Deus. 
 

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