Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Dom Moacyr

Trabalho, Reforma Política e Eleições Limpas!


Trabalho, Reforma Política e Eleições Limpas! - Gente de Opinião

     Neste 2º domingo pascal, denominado domingo “in albis”e caracterizado pelo tema da fé batismal, estamos celebrando a canonização dos Beatos João XXIII e João Paulo II, que acontece hoje, em Roma.
 
     O Reitor do Seminário Maior João XXIII, da Arquidiocese de Porto Velho, Pe. Geraldo Siqueira de Almeida convida-nos para a missa solene em honra de nossos papas santos, neste domingo, na Igreja Nossa Senhora de Nazaré do Bairro Eldorado, às 16h, seguida de quermesse em prol do Seminário.
 
 


 
Com a proximidade do Dia do Trabalho e da celebração de São José Operário, um 2º convite motiva-nos a participar da 15ª Romaria do Trabalhador, que acontece em Porto Velho no dia 1º de maio. A caminhada começa na Igreja Santa Luzia, às 16h, encerrando com a celebração eucarística e quermesse na Igreja São José Operário. O tema está em sintonia com a CF 2014: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1) e um tríduo (19h30) prepara a caminhada com palestras e celebração.
 
De São José Operário, o papa Francisco faz a seguinte reflexão:     Jesus entra em nossa história, está entre nós, nascido de Maria pelo poder de Deus, mas com a presença de São José, o pai legal, de direito, que cuida d’Ele e também lhe ensina seu trabalho. Jesus nasce e vive em uma família, na Sagrada Família, aprendendo com São José o ofício de carpinteiro, na carpintaria em Nazaré, dividindo com ele seus compromissos, esforços, satisfação e as dificuldades do dia a dia. Isso nos lembra a dignidade e a importância do trabalho.Trabalho, Reforma Política e Eleições Limpas! - Gente de Opinião
 
     O trabalho, para usar uma imagem concreta, nos “unge” de dignidade, nos plenifica de dignidade, torna-nos semelhantes a Deus, que trabalhou e trabalha, age sempre e dá a capacidade de manter nossa família, contribuir para o crescimento da nação. São José também teve momentos difíceis, mas nunca perdeu a confiança e soube superá-los, na certeza de que Deus não nos abandona
 
     A Romaria do Trabalhador acontece no momento em que nossa cidade sofre a maior enchente da sua história. Dois Gestos Concretos foram assumidos por todas as comunidades e paróquias e serão reforçados durante todo o percurso da romaria: a doação de alimentos, produtos de higiene pessoal e de limpeza aos desabrigados e a Coleta de assinaturas em apoio ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular em vista da Reforma Política.
 
A cartilha sobre o Projeto de Lei de Iniciativa Popular de Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, intitulada “Por um sistema político identificado com as reivindicações do povo”, foi lançada no dia 22 de abril durante entrevista coletiva à imprensa, na Câmara dos Deputados, pelos membros da Coalização Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas.
 
A Cartilha explica o que é a Coalização pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, constituída por 95 entidades, entre elas a CNBB, bem como os principais pontos da proposta: a proibição de doações de recursos financeiros de empresas para financiar campanhas eleitorais; a mudança no sistema de votação, sendo feito em dois turnos, no qual, no primeiro, o eleitor votaria em um programa, em ideias e, no segundo turno, escolheria as pessoas que irão colocar em prática o projeto; a equiparação entre o número de homens e mulheres no meio político, sendo que, para cada candidato homem, teria uma mulher; e a regulamentação do artigo 14 da Constituição de 1988, que trata dos instrumentos de participação popular. 
 
     Logo na Introdução, a Cartilha reflete pontos importantes: opovo brasileiro obteve importantes avanços políticos, econômicos, sociais, ambientais e na luta contra todo tipo de discriminação. Todavia, persistem graves problemas a serem resolvidos. Eles se expressam, de forma aguda, na crise urbana, na baixa qualidade do transporte público das grandes cidades, na violência crescente, na carência de esporte e lazer para a juventude, na deficiência da educação, na precariedade da saúde pública, na falta de terras para os trabalhadores sem-terra, entre outros tantos problemas.
 
     E por que tais antigos problemas não são resolvidas? Porque a solução delas depende da aprovação de um conjunto de reformas, entre as quais, a reforma urbana, reforma agrária, reforma tributária e democratização dos meios de comunicação. E a aprovação destas reformas depende da aprovação do Congresso. Todavia a atual composição do Congresso Nacional impede que tais reformas sejam aprovadas. Isto porque ele representa os interesses da minoria da sociedade e as reivindicações da maior parte da população não são ouvidas. E isto só será possível com uma forte pressão popular sobre os congressistas.
 
     As manifestações de junho do ano passado trouxeram à luz do dia a crise de representação política que enfrentamos. E evidenciou a necessidade de uma Reforma Política Democrática que erija um sistema de representação política mais identificada com a maioria da sociedade, capaz de ouvir as reivindicações das ruas e aprovar as reformas que o País necessita. Esta aspiração ficou expressa na pesquisa feita a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil. Seu resultado indicou que 85% dos entrevistados se manifestaram a favor de uma Reforma Política, 78% se manifestaram contra o financiamento de campanha por empresas, 90% apoiaram uma punição mais rigorosa ao “caixa dois” de campanha, 56% defenderam que a eleição seja feita em torno de propostas e listas de candidatos e 92% opinaram a favor de um projeto de lei de reforma política de iniciativa popular.
 
     A Reforma Política foi colocada, definitivamente, na pauta política deste ano em virtude da votação em curso no STF sobre a inconstitucionalidade do financiamento de campanhas eleitorais por empresas. 04 ministros já se manifestaram pela inconstitucionalidade e a avaliação de que o STF sinaliza que deverá aprovar esta medida.Cabe ressaltar que se trata de uma proposta que se contrapõe a uma Reforma Política Democrática ao propor a constitucionalização do financiamento de campanha por empresas na contramão das reivindicações populares e da tendência do STF de aprovar sua inconstitucionalidade.
 
     Todavia o problema reside em aprovar uma Reforma Política capaz de construir um sistema político mais democrático e representativo no País. No entanto existem várias alternativas colocadas, sendo que elas são polarizadas em torno de duas vertentes. As que pretendem ampliar a participação popular nas esferas de poder. Outras que visam reduzir esta representação para assegurar a “governabilidade” das elites.
 
     A Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas defende uma proposta visando a ampliação da participação popular nas instâncias de poder. Existe um grande número de problemas em nosso sistema eleitoral que necessita de mudanças. Todavia a Coalizão optou por elaborar um projeto voltado para as questões estruturantes para uma Reforma Política Democrática e que pudesse ser aprovado sem necessidade de emendas constitucionais.
 
     Para a Coalizão os problemas estruturantes do sistema político brasileiro ou seja, não há como avançar no processo democrático sem removê-los, são: o financiamento de campanhas por empresas e a consequente corrupção eleitoral; o sistema eleitoral proporcional de lista aberta de candidatos; a sub-representação das mulheres; a falta de regulamentação dos mecanismos da democracia direta.
 
     A Coalizão é uma articulação da sociedade brasileira visando uma Reforma Política Democrática. É composta atualmente por 66 entidades, movimentos e organizações sociais, entre as quais a OAB, CNBB, Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política, a FENAJ, a UNE, CTB, CUT, UBES, MST, UBM, União dos Vereadores do Brasil, Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação, Conf. Nac. dos Trabalhadores em Est. de Ensino.
 
     A Coalizão defende a necessidade do povo brasileiro se unir na luta pela ampliação das conquistas democráticas realizando um conjunto de reformas estruturais entre as quais a reforma urbana, a reforma agrária e democratização dos meios de comunicação além de medidas relacionadas com a melhoria dos serviços públicos entre as quais a saúde, educação e transporte coletivo urbano. Todavia considera que não há como realizar essas reformas sem antes aprofundar o processo de democratização do poder político no Brasil através de uma Reforma Política Democrática, com ampla participação popular.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Pentecostes: Comunidades de rosto humano!

Pentecostes: Comunidades de rosto humano!

Palavra de Dom Moacyr Grechi – Arcebispo Emérito de Porto Velho

Páscoa do povo brasileiro - Por Dom Moacyr Grechi

Páscoa do povo brasileiro - Por Dom Moacyr Grechi

Hoje reafirmamos a nossa fé na ressurreição de Cristo; somos uma Igreja Pascal. Na oração do Credo, proclamamos a ressurreição dos mortos e a vida ete

Verdade libertadora! Por Dom Moacyr Grechi

Verdade libertadora! Por Dom Moacyr Grechi

  A Igreja, convocada a fortalecer o povo de Deus na atual conjuntura, é chamada a estar ao lado daqueles “que perderam a esperança e a confiança no B

Lugar seguro para viver! - Por Dom Moacyr Grechi

Lugar seguro para viver! - Por Dom Moacyr Grechi

  Diante do aumento da violência agrária que atinge trabalhadores rurais, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pescadores artesanais, defensores de di

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)