Quinta-feira, 5 de janeiro de 2012 - 12h27
Neste novo ano, continuaremos acreditando na força das minorias, na comunhão das Comunidades Eclesiais de Base. Continuaremos tendo fé na convergência das lutas sociais, dos explorados pelo capital, da reorganização dos movimentos sociais e novas formações políticas associadas à classe trabalhadora para a construção de um contra-poder com menos desigualdades e mais fraternidade.
O Papa Bento XVI em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz destaca que “uma escuridão parece ter coberto este tempo e não nos permite ver com clareza a luz do dia”. Reconhece que, em 2011, “houve um aumento no sentimento de frustração devido à crise que atingiu a economia e o trabalho”. Devemos, no entanto, “levantar os olhos para Deus”, acolher este “inicio de um novo ano” como "dom de Deus à humanidade”, defender o bem comum, tendo “olhos capazes de ver “coisas novas” (Is 42,9;48,6).
Na mensagem intitulada “Educar os jovens na justiça e na paz”, o Santo Padre pergunta: “Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor “mais do que a sentinela pela aurora” (v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações.
Somos convidados a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante. E a nos revestir de uma perspectiva educativa: “educando os jovens para a justiça e a paz”, convictos de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo.
As preocupações manifestadas por muitos jovens nestes últimos tempos, em várias regiões do mundo, exprimem o desejo de poder olhar para o futuro com fundada esperança; o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego estável, a capacidade efetiva de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais humano e solidário.
A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum. E quais são os lugares onde amadurece uma verdadeira educação para a paz e a justiça? Antes de tudo, a família, já que os pais são os primeiros educadores. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro. Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.
Também os jovens devem ter a força de fazer um uso bom e consciente da liberdade, pois lhes cabe em tudo isto uma grande responsabilidade: são responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz.
O rosto humano duma sociedade depende muito da contribuição da educação para manter viva esta questão inevitável. De fato, a educação diz respeito à formação integral da pessoa, incluindo a dimensão moral e espiritual do seu ser, tendo em vista o seu fim último e o bem da sociedade a que pertence. Por isso, a primeira educação consiste em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador e a ter um profundo respeito por cada ser humano e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme a esta sublime dignidade.
No nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos está seriamente ameaçado pela tendência generalizada de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, é importante não separar das suas raízes transcendentes o conceito de justiça. A justiça não é uma simples convenção humana, pois o que é justo determina-se originariamente não pela lei positiva, mas pela identidade profunda do ser humano. É a visão integral do homem que impede de cair numa concepção contratualista da justiça e permite abrir também para ela o horizonte da solidariedade e do amor.
Não podemos ignorar que certas correntes da cultura moderna, apoiadas em princípios econômicos racionalistas e individualistas, alienaram das suas raízes transcendentes o conceito de justiça, separando-o da caridade e da solidariedade. Ora a “cidade do homem” não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e, sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo.
A paz não é possível na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos povos e a prática assídua da fraternidade. A paz é fruto da justiça e efeito da caridade. É, antes de tudo, dom de Deus.
A paz, porém, não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída. Para sermos verdadeiramente artífices de paz, devemos educar-nos para a compaixão, a solidariedade, a colaboração, a fraternidade, ser ativos dentro da comunidade e solícitos em despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos.
Que em 2012 saibamos construir essa paz que nasce da justiça de cada um, e que ninguém se subtraia a este compromisso essencial de promover a justiça segundo as respectivas competências e responsabilidades. Feliz Novo Ano!
Fonte: Arquidiocese Porto Velho - Rondônia
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