Quarta-feira, 15 de junho de 2011 - 23h09
Celebramos a Festa de Pentecostes, reunidos, “de coração aberto ao Espírito que renova todas as coisas”, pois seu poder “que ressuscitou Cristo dos mortos, opera continuamente no mundo” (Paulo VI, Justiça no mundo).
Pentecostes é o dia da vinda do Espírito Santo e do lançamento da Igreja. A Arquidiocese de Porto Velho, ao reunir as paróquias, com suas redes de comunidades eclesiais de base para celebrar este dia, “vive um momento privilegiado do Espírito” (EN 75): são 850 CEBs e milhares de grupos de evangelização, “fruto de longa experiência, forma privilegiada de vivência comunitária da fé, verdadeiras escolas que formam cristãos comprometidos com sua fé e permitem o povo chegar a um conhecimento maior e vivência da Palavra de Deus e ao compromisso social em nome do Evangelho” (DAp 179; DGAE 102).
Repleta do Espírito Santo, a Igreja foi crescendo (At 9,31). É esse mesmo Espírito Santo, alma da Igreja, que nos ajuda a entender os ensinamentos de Jesus e o seu mistério. Ele é aquele que, hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar, ao mesmo tempo que predispõe a alma daqueles que escutam a fim de torna-la aberta e acolhedora para a Boa Nova e para o reino anunciado(EN 75).
É um fato que o Espírito de Deus tem um lugar eminente em toda a vida da Igreja; mas, é na missão evangelizadora de nossa Igreja que Ele mais age. Não foi por puro acaso que a grande balada para a evangelização sucedeu na manhã do Pentecostes, sob a inspiração do Espírito. Pode-se dizer que o Espírito Santo é o agente principal da evangelização: é ele, efetivamente que impele para anunciar o Evangelho, como é ele que nos mais íntimo das consciências leva a aceitar a Palavra da salvação (AG 4). Mas pode-se dizer igualmente que ele é o termo da evangelização: de fato, somente ele suscita a nova criação, a humanidade nova que a evangelização há de ter como objetivo, com a unidade na variedade que a mesma evangelização intenta promover na comunidade cristã. Através do Espírito Santo, o Evangelho penetra no coração do mundo, porque é ele que faz discernir os sinais dos tempos, os sinais de Deus, que a evangelização descobre e valoriza no interior da história (EN 75).
Pentecostes: festa missionária
Para a Igreja que nasce na celebração de Pentecostes, esta é uma festa missionária: a festa da convocação e do envio sob a ação do Espírito, festa do dom do novo mandamento, a Igreja começa “a falar em outras línguas” (At 2,4) e inicia a sua missão, revestida “da força do alto” (Lc 24,49).
É o Espírito que “forja missionários” e “indica os lugares que devem ser evangelizados e escolhe aqueles que devem fazê-lo”(DAp 150).
Nascida da missão, a Igreja é por sua vez enviada por Jesus; sendo enviada e evangelizadora, ela envia os evangelizadores (EN 15). Em virtude do Batismo e da Confirmação somos chamados a ser evangelizadores, isto e, discípulos missionários de Jesus Cristo e entramos na comunhão trinitária na Igreja (DAp 153).
Pentecostes continua na missão dos discípulos missionários. Neste tempo do Espírito Santo, Ele está no início de todas as caminhadas que geram vida (P.Suess). Essa missão de Deus reverte objetivamente a desintegração da humanidade causada pelo pecado e a reintegra numa perspectiva histórica e escatológica da vida plena, que é o Reino.
Pentecostes é uma grande festa missionária porque marca a transformação da Igreja de uma seita judaica a uma comunidade universal, missionária, mas não proselitista, comprometida com a construção do Reino de Deus “até os confins da terra”. Fortalecidos pela memória do primeiro Pentecostes, queremos reavivar hoje a expectativa de uma renovada efusão do Espírito Santo. Assídua e concorde na oração com Maria, Mãe de Jesus, a Igreja não cessa de invocar: envia o teu Espírito, ó Senhor, e renova a face da terra!
Pentecostes: Dom de Deus pela vida no Planeta
O Evangelho deste domingo (Jo 20,19-23) descreve o dom do Espírito feito pelo Cristo ressuscitado. “O mundo é renovado conforme a obra de Cristo, que nós, no seu Espírito, levamos adiante” (J.Konings).
Diante de nós, vemos avançar a crise ambiental que coloca em risco a existência do planeta; no Brasil, a forte ofensiva ruralista contra os avanços conquistados pelo Brasil em sua política ambiental; na Amazônia, assassinatos no campo que não são fatos isolados e que evidenciam a violência e a gravidade dos conflitos agrários.
Esta situação dos conflitos agrários, segundo Dom Casaldáliga, caracteriza-se por um Brasil hegemônico, que está a serviço do agronegócio, depredador, monocultural, latifundiário, excluidor dos povos indígenas e do povo camponês; fiel à cartilha do capitalismo neoliberal; uma oligarquia política tradicionalmente dona do poder e da terra. Do outro lado, está o povo da terra: indígenas, agricultores, camponeses da agricultura familiar, ribeirinhos, extrativistas, sem terra consciente de seus direitos e organizado em diferentes instâncias de sindicato, de associação e respaldado por grupos militantes solidários do movimento popular, das pastorais sociais, de intelectuais e artistas, de universitários, de organizações não governamentais. E há um terceiro grupo ainda que é uma maioria média desinformada ou mal informada, que não vincula as lutas do campo com as lutas da cidade, no dia a dia da sobrevivência; que não percebe ainda que a reforma agrária é uma luta de todos.
A Amazônia está se convertendo na última fronteira de exploração de recursos naturais. O 12º Intereclesial das CEBs de Porto Velho (21-25/7/2009), enfatizouo empenho dos integrantes das Comunidades nos movimentos ecológicos e o compromisso em superar os desafios expressos nos cinco clamores da Amazônia (grito dos povos indígenas, ribeirinhos, migrantes; o grito da terra; das águas e das florestas). O Intereclesial, podemos afirmar, foi um Pentecostes que irrompeu para dentro das CEBs para que pudessem se abrir e acolher os gritos que vem da Amazônia, da questão ecológica, gritos esses que continuam ecoando em todos os recantos do país.
“Pentecostes: Dom de Deus pela vida no Planeta” significa a reafirmação de nosso compromisso de respeitar a Mãe Natureza, criação de Deus, que ao ser desrespeitada, torna-se fonte de morte e não de vida para o ser humano que com ela não soube se relacionar.
Devemos reaprender a amar de forma desinteressada e incondicional a Terra, todos os seres, especialmente os humanos, os que sofrem, respeitá-los em sua diferença e em suas limitações.
Deus não planta árvores, Ele planta sementes. Assim também as Comunidades Eclesiais de Base são tão escondidas e pequenas, que nós nem damos valor a elas, humanamente falando. Mas tem um provérbio africano, que fala justamente sobre a ação das comunidades de base urbanas, das florestas e rios, que são formadas de gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares não importantes, mas conseguindo mudanças extraordinárias. Elas são formiguinhas que, pouco a pouco, com seu testemunho pessoal e de comunidade, conseguem grandes feitos, como mudar a mentalidade dentro da Igreja.
Fonte: Pascom
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