A Igreja, ao transferir a Festa da Assunção de Nossa Senhora (15/08) para o domingo, celebra a vitória de Cristo sobre todos os poderes que tentam impedir o Reino de Deus. Maria colabora no mistério da redenção, associando-se a seu Filho (LG 56). Sua assunção é figura do que acontecerá com todos os seguidores de Jesus no fim dos tempos (VP). Enquanto peregrina neste mundo, a Igreja tem Maria como um sinal “até que chegue o Dia do Senhor” (LG 68).
Tendo Maria como sinal, celebramos a vitória da Igreja inteira sobre a morte e o pecado. Esta festa tem uma dimensão de solidariedade dos fiéis com aquela que é a primeira e a Mãe dos fiéis (Konings).
O significado do dogma da Assunção, que foi definido pelo Papa Pio XII, através da Bula Munificentissimus Deus (01/11/1950), extrapola os limites da Igreja para se projetar sobre as sociedades modernas. É uma mensagem dirigida não só a Igreja, mas também ao mundo de hoje.
O Mistério da Assunção comporta a afirmação, por um lado, da espiritualidade e da imortalidade da alma (vitória sobre a matéria) e, por outro, da ressurreição geral dos corpos (vitória sobre a morte). Em resumo, esse dogma seria a afirmação da redenção total do ser humano. O reforço da esperança cristã que a Igreja ganha com essa verdade reflui beneficamente sobre a vida social, como a ação do fermento sobre a massa.
À pergunta: o que nos quer dizer Deus com a Assunção de Maria em corpo e alma no céu, Clodovis Boff responde no livro “Mariologia Social” (Paulus) que a “potencia da ressurreição” de Jesus (Fl 3,10) está em ação no mundo e já dando os primeiros frutos. Ora, a Assunta é o fruto mais excelente da vitória pascal de Cristo. A Ressurreição do Filho puxa a da Mãe. Maria constituiu as primícias do senhorio de Cristo sobre a morte. Ela é o primeiro elo da terra que se enlaça à “Âncora lançada para além do véu” (Hb 6,19), que é pessoalmente “Cristo Jesus nossa esperança” (1Tm 1,1). Ela é a seguidora imediata de Jesus na glória, “a primeira depois do Único” em seu Reino. Portanto, o que tem em particular a Assunção, como a Páscoa de Maria, em relação à Páscoa de Cristo é que ela reforça e confirma a nossa própria Páscoa.
Maria “proclama que Deus realizou uma tríplice inversão das falsas situações humanas, para restaurar a humanidade na salvação, obra de Cristo. No campo religioso, Deus derruba as autossuficiências humanas; confunde os planos dos que nutrem pensamentos de soberba, erguem-se contra Deus e oprimem os homens. No campo político, Deus destrói os injustificáveis desníveis humanos, abate os poderosos dos tronos e exalta os humildes; repele aqueles que se apoderam indevidamente dos povos e aprova os que os servem para promover o bem das pessoas e da sociedade, sem discriminações. No campo social, Deus transtorna a aristocracia estabelecida sobre ouro e meios de poder, cumula de bens os necessitados e despede de mãos vazias os ricos, para instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade e entre os povos” (Missal/Paulus, p.1346).
O cântico de Maria, no Evangelho de hoje, é o cântico dos pobres que reconhecem a vinda de Deus para libertá-los através de Jesus (Lc 1,39-56). Cumprindo a promessa, Deus assume o partido dos pobres, e realiza uma transformação na história, invertendo a ordem social: os ricos e poderosos são depostos e despojados, e os pobres e oprimidos são libertos e assumem a direção dessa nova história (BP).
Qual é, portanto, o significado da Assunção no plano da vida social de hoje? O imenso valor da vida humana, destinada a participar, como Maria assunta, da vida eterna de Deus. A dignidade do corpo humano e ainda do “corpo” das realizações históricas e da matéria em geral. A grandeza que ganham os pobres e as mulheres à luz d’Aquela que foi exaltada, por ter sido precisamente pobre e mulher. E, por fim, a força particular que tem para as lutas sociais a esperança cristã enquanto confirmada pela Assunção da Virgem Maria (C.Boff).
Estamos nos preparando para mobilizações importantes, cujos temas apontam para a “Vida em primeiro lugar”, uma exigência do Reino de Deus: a primeira vai acontecer no próximo domingo, dia 23 de agosto, em Machadinho do Oeste. Trata-se da 10ª Romaria da Terra e das Águas, que tem como tema: “Terra, floresta e água, dádivas de Deus para viver e conviver” e como lema: “Somos testemunhas (At 3,15) de um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1).
Convocada pela Arquidiocese de Porto Velho, Dioceses de Guajará Mirim e Ji-Paraná e pelo Sínodo da Amazônia da Igreja Luterana (IECLB) e organizada pela Paróquia N.Sra. Aparecida de Machadinho, CPT/RO, Projeto Pe. Ezequiel de Ji-Paraná e pelo CIMI/RO, a 10ª Romaria da Terra e das Águas é ecumênica e está em sintonia com toda a ação evangelizadora da Igreja. Sendo um dos momentos de forte expressão popular vai reunir o povo de Deus peregrino das comunidades eclesiais, paróquias, dioceses de Rondônia, Acre e sul do Amazonas, que, nesta semana, se deslocam em caravanas para a grande caminhada rumo à cachoeira do Rio Machadinho, a fim de celebrar a sua fé e luta na busca de uma convivência menos conflitiva e mais pacífica.
A 2ª mobilização é nacional: trata-se da 21ª edição do Grito dos Excluídos, que acontece anualmente no dia 7 de Setembro. O lema chama a atenção para a situação de violência que vitimiza, sobretudo os jovens das periferias, e alerta para o poder que os meios de comunicação exercem na manipulação da sociedade, questionando: “Que país é este que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”.
A proposta do Grito surgiu da esperança e do espírito profético dos cristãos que, aliados aos movimentos sociais, buscaram continuar pautando a reflexão proposta pela CF/1995, cujo tema era "Fraternidade e Exclusão”. Assim, nestes 21 anos de história, o Grito vem se desenvolvendo como um processo e compromisso coletivos. A missão profética, contudo, sempre se renova porque, infelizmente, ainda temos situações que clamam o pronunciar-se das forças sociais sustentadas pelo compromisso com a dignidade da vida e da construção de um projeto popular para o Brasil.
As intuições destes anos de caminhada continuam muito vivas e presentes para as forças sociais. Foram incorporadas por novos atores sociais com os quais somos chamados a dialogar. Temos a tarefa de reforçar o processo, unir os generosos e os bem-aventurados (Mt 5,1-12) que vivem a cada dia o compromisso da superação da miséria e exclusão. Os tempos atuais exigem a atualização das metodologias sem que esta arrefeça o compromisso social e luta pelos direitos. A crise que o Brasil atravessa e que vai além da economia, cobra esta atitude.
A 3ª mobilização é local, envolve a Juventude e faz parte da programação do mês vocacional: trata-se do Evento “Vinde e Vede”, que vai acontecer no dia 30 de agosto, das 8h às 18h, no Santuário N. Sra. Aparecida de Porto Velho.
O tema “Nossa missão é amar, nossa alegria é servir” está em sintonia com a CF/2015, com as diretrizes arquidiocesanas e com o apelo do papa Francisco na Exortação “Evangelii Gaudium”:
“Os cristãos têm o dever de anunciar o Evangelho, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo..” (EG 14). A alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária (21). Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas, todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho (20). O anúncio, portanto, deve ser encarnado, pois as obras de amor ao próximo são a manifestação externa mais perfeita da graça interior do Espírito. A misericórdia é a maior de todas as virtudes (37).
No Vinde e Vede jovens e famílias da Catequese, Pastoral da juventude e Pastoral Familiar, vocacionados e agentes de pastoral, religiosos e comunidades são convocados para este dia de reflexão, cantos, oração, animação, experiência missionária de visita às casas, confissão, celebração e confraternização com almoço partilhado.
Hoje, iniciamos a semana dedicada à vida consagrada. Nossa homenagem e preces aos religiosos, presentes na Arquidiocese de Porto Velho. Missionários inseridos na Pastoral de Conjunto continuam dando testemunho do Evangelho e de uma vida encarnada na realidade e nas lutas das Comunidades Eclesiais de Base, dos povos indígenas, ribeirinhos e migrantes.