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Dom Moacyr

Visão nova da ordem cristã!



Um homem, modelo de transparência, se destaca neste 2º domingo do Advento. Alguém que vai indicar o caminho e apontar o libertador, que vai dar valor ao nosso presente e ficar em nosso meio. João Batista é um precursor austero, que tem por missão: proclamar o fim da “história oficial” e o início da história que Jesus vai construir com os pobres e a partir deles (Lc 3,1-6).

Sem deixar a velha ordem decidir nosso futuro, vale lembrar o filósofo e francês Jacques Maritain em sua obra “Humanismo integral: uma visão nova da ordem cristã”, que trata do protagonismo dos cristãos na criação de uma nova ordem penetrada pelo humanismo cristão e da democracia como uma “maneira humana de viver”.

Uma autêntica democracia não é o somente o resultado de um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos: a dignidade da pessoa humana, o respeito dos direitos do homem, do fato de assumir o bem comum como fim e critério regulador da vida política. Se não há um consenso geral sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade (Compêndio da Doutrina Social da Igreja n.407).

Depois de décadas de redemocratização do país, o pedido dessa semana, de impedimento de um Presidente da República “ameaça ditames democráticos, conquistados a duras penas”. Para a Comissão Brasileira Justiça e Paz, organismo da CNBB, “a ação carece de subsídios que regulem a matéria, conduzindo a sociedade ao entendimento de que há no contexto motivação de ordem estritamente embasada no exercício da política voltada para interesses contrários ao bem comum”.

O País vive momentos difíceis na economia, na política e na ética, cabendo a cada um dos poderes da República o cumprimento dos preceitos republicanos. A ordem constitucional democrática brasileira construiu solidez suficiente para não se deixar abalar por aventuras políticas que dividem ainda mais o País.

No caso presente, o comando do legislativo apropria-se da prerrogativa legal de modo inadequado. Indaga-se: que autoridade moral fundamenta uma decisão capaz de agravar a situação nacional com consequências imprevisíveis para a vida do povo?

E a Comissão de Justiça e Paz, no espírito do Natal que conclama entendimento e paz, conclui a Nota augurando que a prudência e o bem do País ultrapassem interesses espúrios e que este delicado momento não prejudique o futuro do Brasil. É preciso caminhar no sentido da união nacional, sem quaisquer partidarismos, a fim de que possamos construir um desenvolvimento justo e sustentável.

Os atuais acontecimentos no país que afetam a vida de nosso povo demonstram que estamos sempre em “advento”. Um Advento perene que pede tomada de consciência, mudanças, a partir de cada um de nós.

A semana anterior já nos alertava à vigilância, preparação e atenção aos sinais do Advento. A 1ª vela da Coroa do Advento, de cor roxa, foi acesa e a família se preparando para a “Novena do Natal”, colocando na casa os símbolos de Natal e montando o presépio, também na comunidade, demonstrando toda a força de renovação que o Natal nos proporciona.

Iniciando a 2ª semana do Advento, a conversão é o destaque. João Batista exorta-nos a mudar de vida e de mentalidade, reconstruindo a nossa vida, reconciliando-nos com Deus mediante a confissão e com os irmãos, através do perdão: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão aplainadas; as estradas curvas ficarão retas, e os caminhos esburacados serão nivelados. E todo homem verá a salvação de Deus” (Lc 3,1-6).

O Evangelho de Lucas situa no decurso da história humana o despontar do Reino de Deus, na atividade do Precursor. Mostra que “o movimento profundo da história não se desenvolve no plano das aparências da história oficial; é Jesus quem realiza o destino do mundo, dando à história o verdadeiro sentido” (BP).

O essencial não está nas mãos dos poderosos. Lucas diz concisamente que a Palavra de Deus veio sobre João no deserto, não na Roma imperial nem no recinto sagrado do Templo de Jerusalém. “Foi nesse tempo que Deus enviou a sua palavra a João, filho de Zacarias, no deserto”. Assim aparece sempre o essencial no mundo e nas nossas vidas. Assim penetra na história humana a graça e a salvação de Deus.

Em nenhuma parte se pode escutar melhor que no deserto a chamada de Deus para mudar o mundo. O deserto é um território da verdade. O lugar onde se vive do essencial. Não há lugar para o supérfluo. Não se pode viver acumulando coisas sem necessidade. Não é possível o luxo nem a ostentação. O decisivo é procurar o caminho acertado para orientar a vida (Pagola).

João Batista é uma pessoa transparente e não desapareceu. Como ele, devemos ser precursores e anunciadores da boa notícia e, ao mesmo tempo, seguidores de Jesus, pois, “através da nossa própria caminhada, mais do que pelas palavras, é que anunciamos Aquele que vem”. (M.Domergue).

O profeta Baruc, ao recordar situações trágicas na história do povo de Deus (cativeiro na Babilônia), vem animá-lo em tempos de crise e fortalecer a esperança, dizendo que “Deus é fiel” (Br 5,1-9) e olha a luta e resistência de seu povo. Na nova cidade, uma nova ordem é restabelecida “as relações humanas serão fundadas na justiça e voltadas para a paz e o próprio Deus habitará no meio deles”.

Em tempos difíceis, o apóstolo Paulo lembra a origem da comunidade dos filipenses, ora e faz um pedido: “O que eu peço a Deus é isto: que o amor de vocês cresça sempre mais em todo conhecimento e clareza” (Fl 1,4-6.8-11). Para crescer o amor requer discernimento (VP). O amor gera santidade e transparência que na prática se traduzem na justiça que caracterizou a vida de Cristo.

Nesta semana, estamos iniciando o “Ano Santo da Misericórdia”. No dia 8, Solenidade da Imaculada Conceição, a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro e no dia 13, abrir-se-ão as Portas Santas das Basílicas e Catedrais do mundo, em sinal de que a Igreja realmente quer abrir a suas portas para todos, para que o Amor de Deus possa chegar a cada um dos corações. Com o lema “Sede misericordiosos como o Pai”, o Ano da Misericórdia, convocado pelo papa Francisco, concluirá em novembro de 2016.

“Misericórdia é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro”, afirma o papa Francisco, pedindo-nos que acolhamos esse dom de Deus e ao Senhor Jesus, rosto da misericórdia, em nossos corações, para poder também comunicá-lo às demais pessoas que estão longe e que precisam de perdão e de um olhar misericordioso.

No dia 13 de dezembro, em todas as paroquias e comunidades, participaremos da Coleta em favor das ações e projetos de evangelização.

Dia especial para a Arquidiocese de Porto Velho: de festa, celebração e posse canônica de dom Roque Palochi, nosso novo pastor. As Comunidades Eclesiais, religiosos, seminaristas, presbíteros, agentes de pastoral, todo o povo de Deus e ainda, representações de Roraima, Rio Grande do Sul, bispos de várias dioceses do Brasil, autoridades e segmentos da sociedade, movimentos e organismos, diferentes denominações religiosas, estarão presentes e orantes em comunhão com a nova missão de dom Roque.

“Missão é resposta que a Igreja precisa dar ao mundo de hoje”, falou dom Roque aos ouvintes da Radio Vaticano, no dia 23 de novembro. Precisamos, disse ainda, “caminhar juntos construindo pontes de esperança, de solidariedade, de fraternidade e, sobretudo, segundo a expressão do Papa Francisco de uma Igreja que acolhe, cura, suaviza e que é capaz de chorar junto e se alegrar junto”.

Seu amor à Amazônia, dom Roque traduziu muito bem ao falar na palestra sobre “Mineração e Hidrelétricas em terras indígenas”: Os povos amazônicos são portadores de uma enorme contribuição para a vida e o nosso futuro. Sua profunda espiritualidade, sua relação com a Mãe-Terra, com as florestas, os rios e todas as formas de vida com que convivem; seu impressionante acervo de conhecimentos aponta caminhos diferentes e humanizadores para todos nós.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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