Sábado, 21 de agosto de 2010 - 07h23
Na Bíblia toda vocação é para a missão e esta pressupõe um chamado. Do contrário, a vocação seria algo estéril, fechada em si mesma sem comunhão e consequências em prol do Reino e de sua justiça. Também não podemos reduzir a missão a uma tarefa posterior ao chamado ou a uma simples dimensão da vocação. A missão não é um acréscimo ou extensão da vocação, mas um componente essencial (seja leiga, religiosa ou sacerdotal). A missão faz parte do DNA de toda e qualquer vocação.
A vocação tem origem divina: Deus é quem toma a iniciativa e nos chama desde a sua gratuidade. O chamado é graça e o envio também. Tanto a vocação quanto a missão nunca visam o bem pessoal do vocacionado, mas de todo o povo de Deus. A verdadeira vocação e missão não são graças apenas para as pessoas escolhidas, mas para muitos conforme dizia Jesus referindo-se a sua própria vocação e missão: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida como resgate por muitos” (Mt 20,28).
O 3º Congresso Vocacional do Brasil tem como tema “Discípulos missionários a serviço das vocações” e acontece de 03 a 07 de setembro,em Itaici,SP. A segunda parte do Texto-Base do Congresso aprofunda a vocação e a missão do cristão e a identidade missionária da Igreja (35-76).
Nos evangelhos, aquele que chama é o mesmo que envia. Tal realidade confirma que vocação e missão são partes de um binômio inseparável e complementar. Ou como diz a expressão popular: ”são dois lados de uma mesma moeda”. Lados distintos, cada um com suas características próprias, mas partes de uma realidade inseparável onde uma pressupõe a outra (DAp 146).
A comunidade dos discípulos de Jesus é essencialmente missionária. A missão faz parte da própria natureza e identidade da Igreja (AG,2.6). É impossível pensar numa Igreja não missionária ou indiferente à missão. A comunidade dos seguidores de Jesus existe para a missão e dela procede. Por isso, podemos afirmar com segurança que todas as vocações e ministérios também são de natureza missionária e se fundamentam na missão de Jesus Cristo e do Espírito Santo.
De acordo a uma antiga tradição, o termo “Igreja” encontra sua raiz no livro do Deuteronômio para indicar a comunidade de Javé (Dt 23,2ss). Segundo o evangelho de Mateus a Igreja é a comunidade dos chamados e enviados para dar testemunho do Reino e da sua justiça. Mateus é o único evangelista a adotar o termo “Igreja” ao se referir à comunidade dos seguidores de Jesus Cristo (Mt 16,18; 18,17). Por isto ele é conhecido entre os estudiosos como o “evangelho eclesiástico” onde a comunidade dos discípulos missionários é chamada e enviada por Jesus ressuscitado: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). A Igreja é a comunidade dos chamados e enviados para dar testemunho e servir o Reino. Se de uma parte a Igreja é enviada, de outra ela está sempre enviando os seus discípulos missionários para o serviço da evangelização.
Todo chamado é feito em vista de uma missão, o envio. No Antigo Testamento vemos que Deus criou um povo missionário. Deus chama e envia o povo de Israel para ser o construtor de seu reino. Os grandes vocacionados da bíblia não são apenas modelos de pessoas chamadas, mas também são exemplos de missionários enviados a proclamar e a construir o reino. De maneira geral podemos afirmar que no Antigo Testamento Deus é o autor de todos os chamados enquanto que no Novo Testamento esta função é reservada a Jesus. Porém, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento todos os vocacionados são enviados a uma determinada missão. Não há um único caso onde o tema da vocação aparece desvinculado do envio e da missão.
A resposta generosa à proposta vocacional é também um “sim” ao envio para a missão que em última instância é uma convocação a colaborar na realização do projeto de Deus. Marcos nos mostra de maneira clara que o encontro pessoal do vocacionado com Jesus é uma exigência que antecede o envio e o serviço missionário (Mc 3,13-14).
A missão dos discípulos de Jesus chamados a transformar a história pessoal e de toda a humanidade, está situada entre a manhã de Pentecostes e a volta gloriosa do Senhor (At 2,1-13). Os discípulos missionários formam a comunidade dos seguidores de Jesus comprometidos e preparados para a missão de anunciar e construir o reino e sua justiça. Enquanto chamados e enviados por Jesus os discípulos missionários o representam como verdadeiros embaixadores. O próprio Jesus chamou-os de “pescadores de homens” quando os convidou ao seguimento desde as margens do mar da Galiléia. (Mt 4,19; Mc 1,17).
O 3º Congresso Vocacional escolheu como lema a passagem bíblica onde encontramos o imperativo missionário de Jesus ressuscitado: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). Podemos dividir este texto de Mateus em quatro pequenas partes articuladas entre si: a primeira traz a indicação de voltar à Galiléia e encontrar-se com o Ressuscitado (vv. 16-17). A segunda consiste na solene proclamação de Jesus que recebeu de Deus o poder universal (v. 18). A terceira parte é o imperativo missionário (v. 19). A última parte é a garantia da presença do Ressuscitado junto aos discípulos missionários (v.20).
Os discípulos missionários recebem a autoridade para construir o reino e a sua justiça daquele que é o Senhor da história. Trata-se do poder de ser servidores do reino e continuadores da obra de Jesus que tem autoridade divina e humana, isto é, “no céu” e “na terra”. O mandamento de Jesus é para que todos os discípulos missionários prossigam a obra do reino e a sua justiça com a autoridade que eles receberam daquele que os chamou e os enviou a “todas as nações”. O Ressuscitado dá aos onze discípulos missionários o poder de servir ao reino e nunca usá-lo em beneficio próprio. Eles representam toda a Igreja chamada a servir e a proclamar a vontade de Deus. A missão indicada por Jesus Cristo supera as fronteiras, não exclui nenhum povo e alcança “todas as nações”.
Quem conduz os discípulos missionários e toda a Igreja é o Espírito Santo. O mesmo Espírito que desperta aqueles que acolhem o anúncio dos enviados de Jesus Cristo. Mateus deixa claro que Jesus ressuscitado é Deus morando no meio de nós para sempre. Os discípulos missionários caminham com a certeza de que aquele que os chamou estará sempre presente no meio deles. Jesus dá todas as garantias aos discípulos que jamais os abandonará.
O evangelista insiste em mostrar Jesus ressuscitado junto aos seus discípulos como presença viva e não apenas como uma lembrança ou recordação de um grande personagem do passado. Mateus começou o seu evangelho narrando “a origem de Jesus Cristo” e afirmando que ele é o “Emanuel”. Agora, ele termina a sua obra reafirmando que Jesus está sempre presente com os discípulos missionários até “a consumação dos séculos”. Os discípulos missionários chamados a "estar com Jesus" partem para a missão acompanhados por aquele que o envia.
A comunhão das vocações e ministérios nos recorda a comunhão trinitária. Todos os discípulos de Jesus, independentemente de sua vocação específica, participam da única vida divina na única missão da Igreja que consiste em seguir Jesus Cristo e anunciar o Reino e a sua justiça. Ao enviar os discípulos com a missão de “fazer discípulos” mediante o batismo, Jesus manifesta seu desejo de ampliar a comunidade daqueles que acolhem sua mensagem e assumem o projeto do Reino.
Fonte: Pascom
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