Quinta-feira, 1 de agosto de 2013 - 07h05
Felipe Azzi
Chegou com fama de equilibrista das alturas. Era ALTINEU CORDOALHO DAS NEVES, especialista em travessias em corda bamba entre edificações chamadas “arranha-céus”. Veio oferecer seus préstimos à ilustrada gente de TARUMÃ-AÇU.
TARUMÃ não tinha edifícios desse porte. Então, o trajeto teria que ser feito entre o prédio da Associação Comercial e a cumeeira da Prefeitura Municipal, na ocasião os mais altos do lugar.
A trapizonga foi armada com reforço de quatro torres de metal tipo treliça, correndo um cabo de aço entre os dois pontos definidos, tendo em cada ponta uma tralha esquisita, parecendo um tatuzinho, ligada a uma tomada elétrica, que produzia um zumbido parecendo assobio de cobra.
Foi verificada toda a montagem de aparato, quanto à firmeza do cabo e a altura a partir do solo. Firme tudo estava, mas a altura dava calafrios. O povo que transitava próximo não cansava de mexericar: “coisa mais sem cabimento... isso deve ser armação de astronauta americano.”
Chega o dia do desafio, surge ALTINEU com o anão TONICO PASSO-CURTO embaixo do braço, dizendo que estava impedido de fazer a travessia, em razão de estar afrontado com um chiado no peito que deixava a sua respiração dificultosa. Mas no seu lugar ia o nanico, que aceitou o encargo por estar navegando em maré braba, matando cachorro a grito. Tendo recebido, pelo esforço, cem cruzeiros, uma bicicleta sem pedais, uma navalha sem cabo e um boné zebrado, daqueles de abotoar por baixo do queixo.
Houve vaias, assobios e palavras de ordem. O público ansioso, querendo ver o circo pegar fogo, na esperança de assistir à queda de TONICO e o seu esborrachar no chão, acabou aceitando, mas exigindo o imediato início do espetáculo.
O prefeito ainda quis dizer uns “poréns”, no que foi impedido pelo presidente da Associação Comercial, principal patrocinadora do evento.
Iniciado o percurso com TONICO, vai-não-vai, sobre o cabo de aço, o céu escureceu mandando um vendaval nunca visto, acompanhado de grossa tormenta e um alumiado de coriscos parecendo trincar em pedaços a abóbada celeste. O povo, assustado, arrepiou carreira em busca de pouso de segurança. Carrinhos de pipoca, de rala-rala e de algodão doce, bem assim a banca de Tacacá, foram varejados a metros de distância. Foi um “Deus nos acuda!” com invocações a Santo Onofre e a Santo Antônio do Catigeró. A viúva PERCINALDA VERGUEIRO apelou para Santa Bárbara, enquanto que o meirinho POSSIDÔNIO SARDINHA recitava rezas do livro de São Cipriano, que são especiais para debelar os desmandos da natureza.
Passada a tormenta, num átimo, o sol reapareceu dourando o dia de TARUMÃ. E, com o azul do céu por testemunha, foram apurados os estragos espalhados no local: uma cangalha de jumento; três panelas amassadas; dois rolos de arame farpado; cinco terçados enferrujados; quatro foices de cabo longo; três muletas de madeira; um torçal de batina de frade franciscano; duas dentaduras do maxilar de baixo; um engradado com cinco patos desmaiados; um relógio de algibeira sem corrente; um calhamaço de notas promissórias avulsas e um Porta-Retrato de certa ISBELTINA ROSÁRIO, com a seguinte dedicatória: “PARA MEU BEM-QUERER RUFINO ALBERNAZ, QUE DESTROÇOU O MEU CORAÇÃO NO CARNAVAL DE 1920.”
Do anão “equilibrista”, a notícia que se teve é que ele foi visto tocando trombone de vara num conjunto musical ambulante, na vizinha cidade boliviana de COBIJA.
ALTINEU foi preso. Acusado de lesar a boa-fé pública e por desacato às leis da natureza com a parafernália imantada usada no infausto espetáculo. Passou trinta dias na cadeia, lendo o “MANUAL DO ELETRICISTA PRÁTICO”, como pena suplementar.
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