Sábado, 12 de julho de 2014 - 07h35
Felipe Azzi
A cidadezinha do alto Guaporé era famosa como reduto pesqueiro, onde empresários paulistas curtiam pesca esportiva. Tambaquis, Jatuaranas, Tucunarés, Pescadas e Matrinxãs faziam a festa nos lagos, furos e remansos da exuberante mata do lugar. Região atraente e promissora, motivou os empresários a manter um posto de apoio no hotel do lugar, onde deixavam botes, motores de popa, equipamentos e demais artefatos de pesca. A cada período de férias, fins de semana ou dias de descanso, voavam desde São Paulo até o aeroporto mais próximo, daí, então, seguindo por via de rodagem para o paraíso pesqueiro.
A cidade floresceu e viveu os seus dias de tranquilo progresso, na gestão do Governador do Estado de Rondônia, Coronel Jorge Teixeira. Em 1994, foi sede da centenária Festa do Divino Espírito Santo, uma portentosa celebração de fé e de esperança que, infelizmente esbarrou no abandono e no descaso indiferente a que foi relegada Costa Marques, uma das pedras preciosas do colar de joias guaporense.
Supermercados, Lojas de Comércio, Centros desportivos e de laser, Postos de gasolina, tudo abandonado. A imagem era de uma cidade do faroeste norte-americano, vegetando em silencioso esquecimento.
Da vida Costamarquense, restou apenas um caso aqui ou acolá que, relatado, mostra a simplicidade de uma gente acostumada a viver e superar as suas dificuldades. Um dos problemas que mais afligem um povoado é a falta de assistência médica, às vezes contornada, com certa engenhosidade, como o caso de ARIOVALDO CASTANHO GUEDES, enfermeiro e farmacêutico prático, que tinha uma pequena drogaria, de onde fazia diagnósticos e receituários muito pitorescos, como o da consulta de determinado cliente, com esse conteúdo:
– O Major está atacado de um contravêncio estufador que circula pelo peridrôncio espasmódico e não encontra a válvula de escape... Se as pílulas do Dr. Ross não sanarem essa disfunção, o distinto militar vai ter que procurar médico formado, desses que fazem cirurgias nas capitais!
Mas PERCIVAL TORQUATO CAIXETA, seringalista abastado, Major de antiga circunscrição nordestina e contemporâneo do Coronel PAULO CORDEIRO DA CRUZ SALDANHA, da estirpe da Guarda Nacional Getuliana, rebateu em termos:
– O moço das avaliações sanitárias e doentias está sonhando ou variado da cabeça... Ninguém, seu compadre, por mais canudo que tenha, fustiga a barriga deste major... Não sou boi de corte!
Felizmente, para o farmacêutico e para o consulente, o caso foi resolvido pelas históricas pílulas reparativas do percurso intestinal.
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