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Luka Ribeiro

UM MUITO HUMANO PONTO E VÍRGULA



                  Felipe Assad Azzi
                   
(guajaramirense / Advogado )

 
                Seu gramatical apelido advinha do seu jeito típico de andar. A cada passo, firmava a perna esquerda como se marcasse um ponto no solo e com a perna direita fazia um movimento em arco como se fora uma vírgula.

                Vivia de fazer mandados de pequena monta na jurisdição do “Clipper”, pitoresco bar de Guajará, onde eram discutidos assuntos de política ou tratados de vadiagem, muito comuns em cidades fronteiriças. Tudo isso acalentado pelas pedras de “dominó” e regado a muita cerveja.

                Se a mensagem era de pessoa comum, PONTO E VÍRGULA dava o recado cheio de rococós e mimos, de modo a acalmar o gênio da destinatária. Mas se o recado vinha de gente sisuda, com jeito militar, cheia de “efes” e “erres”, PONTO E VÍRGULA era curto e grosso:

                 – O Major avisa que chegará atrasado para o jantar!

                Em verdade, nem eram necessários esses recados, pois as mulheres já estavam acostumadas com cervejáticos atrasos de seus consortes.

                Certo dia, ia PONTO E VÍRGULA caminhando ligeiro e serelepe, quando se encontrou com Mário Monte (Mário Rôvere Monte, de saudosa memória, funcionário do Banco da Amazônia, de índole alegre, amistoso e sempre interessado pelo “bem-passar” dos outros). E Mário, acompanhando o caminhar de PONTO E VÍRGULA, de modo inquiridor, a ele se dirigiu:

                 – Que mal lhe pergunte, o amigo sofre desse incômodo de nascença ou adquiriu na labuta do dia a dia? E PONTO E VÍRGULA com os olhos fixos em Mário Monte:

                 – Seu compadre, vou lhe dizer uma coisa. Minha vida tem sido um sofrimento só, mas eu não comprei essa tal de labuta. A bem dizer, eu nunca vi uma labuta em minha vida! Se alguém comprou uma desgraça dessa, eu não fui.

                E, diante do olhar espantado de Mário Monte, foi, pontuando e virgulando, levar o recado encomendado.

_____________________________

*O nome José Crispim é fictício. Mas o PONTO E VÍRGULA, de fato, existiu. E, é, historicamente, uma das tantas emblemáticas figuras da “Pérola do Mamoré”. Deus, que é puro amor, em Sua infinita Misericórdia, certamente já compensou José Crispim, ou seja lá quem for, pelo ponto e vírgula carregado durante a vida.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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